Lembro-me
de dona Carmem, minha primeira mestra, e a agradeço pelos meus primeiros
contatos escolares, na adaptação e uso da mão direita, manuseando um lápis
preto, carcomido na ponta, pelo nervosismo, nas primeiras letras do bê-á-bá.
Recordo-me também, da primeira e única, reguada de um metro e meio de
comprimento no meu braço, ao responder antecipadamente a uma pergunta formulada
ao meu irmão Cândido. Lá, na Japurá, naquela grande varanda, com muita
claridade, bem aberta e arejada, separada por colunas, era para nós, o espaço
aconchegante e confortável, daquela humilde casa, onde nos abrigava com
carinho, no intuito de ensinar com sua dedicada e sublime missão, nossos
primeiros passos de aprendizagem para o futuro. Foge-me a memória dos demais
colegas daquelas belas tardes, afinal eu tinha pouca idade. Já com alguma
bagagem, meus irmãos e eu, ingressamos para a escola pública. Visto a diferença
de idades, afinal somos nove, creio que quase todos frequentaram a famosa,
Evaristo da Veiga, onde dona Iracema do Carmo Valente administrava com firmeza
o educandário e todos cumpriam à risca as decisões emanadas da diretora,
diferentemente de hoje. Lá, eu tive também bons relacionamentos com alunos e
preceptores. Ainda guardo na memória às três educadoras: dona Terezinha. É claro
que ela não sabia, mas praticavam ‘bullying’, com cochichos nos corredores da
escola, por sua acentuada obesidade. Chamavam-na de ‘saco de batatas’. Eu não
gostava disso e não participava dessa brincadeira. Outra, a dona Maria Helena,
desejosa que eu fosse padre. Sempre deu para mim fotos com imagens de santo.
Chegou até a conversar com a minha mãe, a respeito disso, e por último, a
memorável, Elisabeth Victória Galvão Feijó. Essa me presenteou com um livro de
‘Mamíferos’, com uma linda dedicatória. E até hoje, eu tenho esse livro guardado
com muito carinho. Tentei algumas vezes localizá-la nas redes sociais, mas só
encontro seu nome em livros de inglês. Eu vivi ótimos momentos da minha vida
naquele colégio. O tempo voou, e uma vez, fui interpelado em um campo de
futebol, por outra entusiasta do nosso amanhã, A dona Nilza, que mandou um
recado para a mamãe procurá-la e conversar preocupada, com nossos objetivos
pedagógicos. Então, novamente fizemos um excelente curso, com todas as
matérias, nas dependências, ao lado da linda casa da professora, visando a
temível prova de admissão ao ginásio. Um grande e concorrido concurso para
instruir alunos em colégios estaduais, objeto de desejo de todos os jovens, em
não onerar ainda a mais os pais com pagamento de escolas particulares. Nessa
época, brincava-se que quem estudava em colégios particulares era burro. Creio que somente Alice, Marco Aurélio, e eu,
ingressamos no saudoso Brigadeiro Schorcht, na Taquara, administrado pela grande
docente Henriette Amado, casada com Gilson Amado, também, uma grande educadora,
já em plena ditadura. Lá, nós tivemos excelentes instrutores, como: Oswaldo
Marcondes, de Matemática, Borges Hermida, de História, entre outros talentosos,
que discorreram com brilhantismos seus nobres conhecimentos em seus próprios
livros, que transmitiam com muita facilidade a aprendizagem dos alunos. Com a
idade avançando, fui estudar à noite. A necessidade do trabalho falou mais alto.
Estudei no Bernardo Sayão, também na Taquara. Depois veio o casamento e o resto
é outra história a ser contada posteriormente. Portanto, hoje é um dia especial,
e se não fossem esses valorosos mestres eu não estaria aqui para relatar com
muita alegria e agradecido aos inesquecíveis monitores, pelo que o ensino me proporcionou
na trajetória da minha vida. Feliz dia do Mestre!