Na bruma leve das paixões passadas, a rosa triste desfolha-se lentamente.
Seu perfume, e agora melancólica, espalha-se no ar, sutil e ausente, por onde
os espinhos em vozes consoladoras perfuram minhas veias. Eles sorriem para mim,
em meus olhos comoventes, marejados de tristezas.
As pétalas, outrora viçosas e vivas, agora tingidas de sombras do
passado, refletem as dores das lágrimas caídas, em cada gota, um amor
despedaçado. Ah! Rosa, para mim, triste, símbolo de saudade. Teus ferrões cravados em meu peito marcam a minh`alma com sua profundidade, da paixão que se
foi na dor da saudade.
No jardim do coração, tu és a ferida, que cicatriza devagar e sem
pressa. Mesmo assim, tua beleza perdida em meu interior, que ainda me encanta e apesar
da amargura, que me afaga e rasga-me em espaços preenchidos de ilusão, tu és a minha
rosa triste. Bela e singela, em que o teu amor me ensinou em tempos
compartilhados, de que mesmo após o meu padecer, atua na luz da janela, em tua
partida, gemendo órfão sem despedidas, em esperanças brotadas de todos os
sofrimentos.
O meu destino será como de um beija-flor, que dança no ar com tal
fulgor, com suas asas brilhantes, como aurora, beijando flores com tanta dor,
que em poesia viva bailam no firmamento, na distância do seu amor.