terça-feira, 29 de agosto de 2023

A biblioteca

 

Estou muito triste. Eu vivo em lugar repleto de poeira. Ninguém me procura mais. Passam-se dias, sem que eu veja uma pessoa, sequer, para olhar as minhas frases com carinho. Nesse apertado espaço físico, perfilado em ordem catalogada, ninguém senta à mesa, para estudos e pesquisas. Ela, envernizada, sob o teto, reluz com uma tênue claridade à espera de alguém. Antigamente, antes das redes sociais, eu ouvia sistematicamente, o sino da porta principal, da minha casa. Foram-se também as minhas propostas em ensinar o aluno pensar de forma crítica, refletir e questionar, como a minha neta Carolina, ainda novinha, mais dotada desses conceitos. Infelizmente, os celulares, tablets, etc., tiraram a minha hegemonia da literatura. Às vezes, e eu posso até contar nos dedos, a entrada de alguns curiosos que chegam até a mim e folheiam rapidamente as minhas desoladas páginas, escritas com muito apreço, para seus aprendizados, rumo ao conhecimento. Pois é, pobre de mim, das minhas poesias sufocadas ao tempo e sem esperança em ver novamente a conexão entre pessoas, bem pertinho de mim. Mas, continuo firme, com uma só razão. Disseminar aos interessados, minhas percepções, mesmo nessas situações adversas. Feliz daquele, que procura o exercício da sabedoria.


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