domingo, 15 de outubro de 2023

Dia do Professor.


Lembro-me de dona Carmem, minha primeira mestra, e a agradeço pelos meus primeiros contatos escolares, na adaptação e uso da mão direita, manuseando um lápis preto, carcomido na ponta, pelo nervosismo, nas primeiras letras do bê-á-bá. Recordo-me também, da primeira e única, reguada de um metro e meio de comprimento no meu braço, ao responder antecipadamente a uma pergunta formulada ao meu irmão Cândido. Lá, na Japurá, naquela grande varanda, com muita claridade, bem aberta e arejada, separada por colunas, era para nós, o espaço aconchegante e confortável, daquela humilde casa, onde nos abrigava com carinho, no intuito de ensinar com sua dedicada e sublime missão, nossos primeiros passos de aprendizagem para o futuro. Foge-me a memória dos demais colegas daquelas belas tardes, afinal eu tinha pouca idade. Já com alguma bagagem, meus irmãos e eu, ingressamos para a escola pública. Visto a diferença de idades, afinal somos nove, creio que quase todos frequentaram a famosa, Evaristo da Veiga, onde dona Iracema do Carmo Valente administrava com firmeza o educandário e todos cumpriam à risca as decisões emanadas da diretora, diferentemente de hoje. Lá, eu tive também bons relacionamentos com alunos e preceptores. Ainda guardo na memória às três educadoras: dona Terezinha. É claro que ela não sabia, mas praticavam ‘bullying’, com cochichos nos corredores da escola, por sua acentuada obesidade. Chamavam-na de ‘saco de batatas’. Eu não gostava disso e não participava dessa brincadeira. Outra, a dona Maria Helena, desejosa que eu fosse padre. Sempre deu para mim fotos com imagens de santo. Chegou até a conversar com a minha mãe, a respeito disso, e por último, a memorável, Elisabeth Victória Galvão Feijó. Essa me presenteou com um livro de ‘Mamíferos’, com uma linda dedicatória. E até hoje, eu tenho esse livro guardado com muito carinho. Tentei algumas vezes localizá-la nas redes sociais, mas só encontro seu nome em livros de inglês. Eu vivi ótimos momentos da minha vida naquele colégio. O tempo voou, e uma vez, fui interpelado em um campo de futebol, por outra entusiasta do nosso amanhã, A dona Nilza, que mandou um recado para a mamãe procurá-la e conversar preocupada, com nossos objetivos pedagógicos. Então, novamente fizemos um excelente curso, com todas as matérias, nas dependências, ao lado da linda casa da professora, visando a temível prova de admissão ao ginásio. Um grande e concorrido concurso para instruir alunos em colégios estaduais, objeto de desejo de todos os jovens, em não onerar ainda a mais os pais com pagamento de escolas particulares. Nessa época, brincava-se que quem estudava em colégios particulares era burro.  Creio que somente Alice, Marco Aurélio, e eu, ingressamos no saudoso Brigadeiro Schorcht, na Taquara, administrado pela grande docente Henriette Amado, casada com Gilson Amado, também, uma grande educadora, já em plena ditadura. Lá, nós tivemos excelentes instrutores, como: Oswaldo Marcondes, de Matemática, Borges Hermida, de História, entre outros talentosos, que discorreram com brilhantismos seus nobres conhecimentos em seus próprios livros, que transmitiam com muita facilidade a aprendizagem dos alunos. Com a idade avançando, fui estudar à noite. A necessidade do trabalho falou mais alto. Estudei no Bernardo Sayão, também na Taquara. Depois veio o casamento e o resto é outra história a ser contada posteriormente. Portanto, hoje é um dia especial, e se não fossem esses valorosos mestres eu não estaria aqui para relatar com muita alegria e agradecido aos inesquecíveis monitores, pelo que o ensino me proporcionou na trajetória da minha vida. Feliz dia do Mestre!

 

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