Amor há em mim um tempo que começa agora. Um tempo em que deixo de
ser apenas o que fui para me tornar tudo o que posso ser. Por ti, contigo, por
nós. Antes de ti, eu era forma incompleta, uma quietação à espera do nome certo,
uma nascente que ainda não encontrara o mar. Mas teu olhar me tocou como se
dissesse: "vem ser mais, amor". E eu venho. Venho despido do que já não serve, venho deixando pelo caminho as versões antigas
de mim, porque ao te amar, compreendi que o amor verdadeiro exige abnegação em
permutas e transformação. Não quero perder-te. Não por medo, mas porque em ti
descobri a grandeza do que posso ser. Quero ser melhor, ser inteiro, ser paz em
teus dias cansados, ser acolhido nos teus silêncios, ser luz nos lugares onde a
vida te parecer escura. Quando eu deixar de ser o que sou, amor é porque
escolhi me tornar o homem que tua alma merece. E se me permitires, serei esse
homem. Por ti. Para sempre.
Ela é bela, disso ninguém duvida, mas há mais nela que a forma esculpida. Seus traços, como arte, encantam à primeira visão, mas é no silêncio que mora sua real dimensão. Por trás do olhar que tantos prende e fascina, há tempestades, raízes, alma feminina. Carrega no peito mundos não ditos, palavras cortantes, afetos infinitos. O tempo a tocou, não só na pele, mas nos cantos do ser onde o corpo não revela. Maltratou com perdas, moldou com dor, e mesmo assim, ela brota em flor. Ela é revolução disfarçada de calma, uma guerreira com o dom de guardar a alma. Sua beleza é apenas o prenúncio sutil de um universo inteiro, vasto e febril. Não a reduzam a um reflexo ou vitrine, pois há nela um mistério que nunca se define. Linda? Sim. Mas muito mais do que isso: ela é tempo, essência, abismo e início.