Uma miríade de estrelas pontilhava o firmamento
naquela noite, como se cada ponto de luz guardasse um segredo ancestral,
sussurrado apenas àqueles que ousam olhar para cima. O silêncio do mundo era
absoluto, mas dentro de mim rugia um tumulto impossível de calar. No peito
desguarnecido, uma infinidade de emoções conflitantes se chocava sem pedir
licença.
Havia a esperança tímida e insistente tentando encontrar fôlego entre as
frestas do medo e da saudade. E havia a dor, essa velha conhecida que se aninha
nas lembranças e pesa como o vácuo escuro entre um astro e outro. Cada batida
do meu coração ecoava esse confronto mudo; era como se o céu exterior fosse o
espelho do universo caótico que eu carregava por dentro.
Contudo, entre tantas luzes distantes e indiferentes, uma estrela se distinguia.
Não era a mais grandiosa, nem a mais próxima, mas era a única que parecia me
enxergar. Ela pulsava com uma delicadeza singular, atravessando o vazio apenas
para aquecer o canto do peito que eu havia abandonado ao esquecimento. Enquanto
o cosmos permanecia firme, alheio às inquietações humanas, aquela luz resistia,
chamando-me em um silêncio eloquente.
Foi então que compreendi: o conflito não era um erro, mas um convite.
Assim como o céu exige a vastidão da escuridão para revelar suas estrelas,
talvez meu peito precisasse desse turbilhão para reconhecer a luz que insiste
em me amar. Algumas conexões não são explicadas pela lógica, mas pela
insistência do brilho em meio ao breu.
No fim, aceitei a paz que veio com o entendimento. Estava escrito nas estrelas,
e agora, gravado em mim.
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