terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Onde o caos encontra o brilho.

Uma miríade de estrelas pontilhava o firmamento naquela noite, como se cada ponto de luz guardasse um segredo ancestral, sussurrado apenas àqueles que ousam olhar para cima. O silêncio do mundo era absoluto, mas dentro de mim rugia um tumulto impossível de calar. No peito desguarnecido, uma infinidade de emoções conflitantes se chocava sem pedir licença. Havia a esperança tímida e insistente tentando encontrar fôlego entre as frestas do medo e da saudade. E havia a dor, essa velha conhecida que se aninha nas lembranças e pesa como o vácuo escuro entre um astro e outro. Cada batida do meu coração ecoava esse confronto mudo; era como se o céu exterior fosse o espelho do universo caótico que eu carregava por dentro. Contudo, entre tantas luzes distantes e indiferentes, uma estrela se distinguia. Não era a mais grandiosa, nem a mais próxima, mas era a única que parecia me enxergar. Ela pulsava com uma delicadeza singular, atravessando o vazio apenas para aquecer o canto do peito que eu havia abandonado ao esquecimento. Enquanto o cosmos permanecia firme, alheio às inquietações humanas, aquela luz resistia, chamando-me em um silêncio eloquente. Foi então que compreendi: o conflito não era um erro, mas um convite. Assim como o céu exige a vastidão da escuridão para revelar suas estrelas, talvez meu peito precisasse desse turbilhão para reconhecer a luz que insiste em me amar. Algumas conexões não são explicadas pela lógica, mas pela insistência do brilho em meio ao breu. No fim, aceitei a paz que veio com o entendimento. Estava escrito nas estrelas, e agora, gravado em mim.

 

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