Fui pobre, mas acredito que fui imensamente feliz. Hoje, em meio a tanta tecnologia, ainda me sinto um pouco despreparado para acompanhar o ritmo frenético dos eventos virtuais. Sou de um tempo em que se olhava o outro com sensibilidade, em que o silêncio dizia mais do que mil mensagens digitadas às pressas. A vida acontecia diante dos olhos, não atrás de telas iluminadas. E talvez tenha sido justamente essa vida o ‘hard disk’ da minha existência. Era uma vida feita de toque, do cheiro do café passado na hora, da conversa tranquila na calçada ao entardecer. Simples, mas cheia de sentido. Sem filtros, sem "curtidas", sem a pressão constante para ser mais do que se era. Bastava existir e isso já era muito. Hoje, sinto que corro atrás de um mundo que anda depressa demais. As pessoas falam, mas não escutam; mostram, mas não sentem; vivem, mas quase não percebem. E eu sigo, com meu passo antigo, tentando acompanhar as mudanças sem perder minha essência. Porque, apesar da velocidade dos novos tempos, ainda carrego comigo aquele olhar sensível, aquela calma aprendida na infância pobre, porém rica em afeto. Talvez eu tenha deixado de viver algumas coisas, mas aquilo que conservei me moldou. É isso que me sustenta agora, enquanto busco meu lugar neste cenário moderno. No fundo, acredito que ainda há tempo para aprender sem esquecer quem fui quem sou. Continuo nesse caminho onde a vida segue, mesmo quando parece ter ficado para trás. Sempre é bom recordarmos de felizes tempos. Os tempos felizes residem em nossas memórias. São também os donos das nossas cabeças.
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