quinta-feira, 29 de maio de 2025

O hiato entre a volta e a saida

Na espessura do tempo, tua alma se perde. Entre o que é voltar e o que é partir. A volta, com seus braços de ferro e medo, é como um eco que não se apaga, mas persiste. O que é o retorno senão uma prisão disfarçada? O passo dado de volta é uma reverência à dor, onde a saudade se veste de prisão e ilusão. E o ontem se estende como um véu opressor. Há uma saída, mas ela é apenas uma linha tênue, bordada de incerteza, tingida de coragem. Teu olhar, contudo, se perde na paisagem do passado, onde a segurança do familiar te arrasta sem palavras. Mas, mulher, tu és feita de horizontes distantes. E o peso da volta é leve ao toque de tua vontade. No fio da decisão a luz se entreabre tímida. E a saída, ainda que incerta, é um sopro que liberta. Não temas o não retorno, pois teu ser é um ato de fé, onde cada escolha é um refúgio e um voo. A volta pode ser uma sombra, mas tu és sol e todo sol, por mais escondido, sempre se ergue.


Nenhum comentário:

Postar um comentário