Na espessura do tempo, tua alma se perde. Entre o que é voltar e o
que é partir. A volta, com seus braços de ferro e medo, é como um eco que não
se apaga, mas persiste. O que é o retorno senão uma prisão disfarçada? O passo
dado de volta é uma reverência à dor, onde a saudade se veste de prisão e
ilusão. E o ontem se estende como um véu opressor. Há uma saída, mas ela é
apenas uma linha tênue, bordada de incerteza, tingida de coragem. Teu olhar,
contudo, se perde na paisagem do passado, onde a segurança do familiar te
arrasta sem palavras. Mas, mulher, tu és feita de horizontes distantes. E o
peso da volta é leve ao toque de tua vontade. No fio da decisão a luz se entreabre
tímida. E a saída, ainda que incerta, é um sopro que liberta. Não temas o não
retorno, pois teu ser é um ato de fé, onde cada escolha é um refúgio e um voo.
A volta pode ser uma sombra, mas tu és sol e todo sol, por mais escondido,
sempre se ergue.
quinta-feira, 29 de maio de 2025
O hiato entre a volta e a saida
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