Ela cruzou meu caminho como um sussurro improvável, envolta em sentimentos contidos que me relatava, dia após dia, numa busca por acolhimento e alívio para um coração carregado de responsabilidades que não eram minhas. Mesmo assim, eu a aceitei de peito aberto, oferecendo o que tinha, ainda que fosse apenas uma meiga presença. Dei até recursos que, para mim, tinham peso, mas que para ela pareciam aliviar o mundo. E isso, de certo modo, também me abrandava de suas ansiedades e desejos momentâneos. Ela carregava tempestades silenciosas, daquelas que se escondem atrás dos olhos e se tratam com remédios que a alma nem sempre acompanha. Eu sabia, e mesmo assim fiquei em expectativas. Talvez por carinho, talvez por esperança, talvez porque algumas pessoas nos tocam antes mesmo de percebermos. Mas ontem o vento mudou. Quando procurei sua voz, encontrei apenas o eco do silêncio. Nenhuma palavra, nenhum aceno, nada que explicasse o fim. Foi como se o que existiu entre nós tivesse evaporado, deixando apenas a certeza de que certas histórias são feitas de instantes que, por natureza, não pertencem ao sempre. E as surpresas, às vezes, nos pregam peças.
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