Bom dia! Lembro-me de que, aos seis anos, aproximadamente, o meu pai adquiriu uma parte de terreno na Rua Doutor Carlos Gross, uma rua sem saída, onde se via a mata virgem e uma pedreira em exploração com renitentes avisos de explosões. Lá, ele construiu uma humilde casinha para abrigar esposa e filhos, tudo com muita dificuldade. O nosso lote era remembrado, mas separado por cerca. Na parte da frente morava o português, de nome Albano, que vendia pipocas em frente ao cinema Baronesa e Ipiranga, em dias alternados. Coitado! Teve uma morte trágica e horrível: morreu inesperadamente, de infarto fulminante, ainda bem jovem, no banheiro da sua linda casa, deixando mulher e filho. Nós morávamos na parte dos fundos do terreno, era bem maior, com muitas árvores frutíferas. Recordo-me ainda de que eu e meus três irmãos ajudávamos nosso pai, enchendo o carrinho de mão, numa barreira que existia no fim da rua. É claro que não atulhávamos o precioso produto, o nosso era em menor proporção, por nossa idade, para aterro nos cômodos da casa, que ainda seriam erguidos. Ela foi construída num local íngreme, razão pela qual demandou bastante tempo para plainar o solo do nosso lar. Tínhamos um quintal, bastante comprido, com árvores: pinha, romã, fruta-do-conde, amora, mamão, amêndoas vermelhas e brancas, além de taiobas, carás. Na cerca, que era de tela de galinheiro, a mamãe plantou a hortaliça bertalha, que se alastrava por toda a extensão do cercado. Comíamos muita bertalha com ovo do nosso próprio quintal, porque havia lá uma pequena criação de galinha e pato. Como a rua era isolada, meus irmãos e eu nos entretínhamos com várias brincadeiras. Mas isso, eu contarei mais tarde, porque nesse momento foge-me a lembrança.
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