segunda-feira, 31 de março de 2025

Uma dor silenciosa.

O brilhoso tapete de cores vivas atrás da minha porta ainda adorna o meu quarto, que um dia foi momento de prazer; continua frio e ondulado por nossos movimentos íntimos, extravasados de ânsias voluptuosas, em testemunho silencioso de desejos e apreensões. O seu adeus, o último suspiro que a ausência do seu calor entre suspiros e caladas como a noite nos preservava, emudeceu-me em devaneios. Cada ruga na superfície da aconchegante lã ao chão parece refletir um instante perdido, em que nossos corpos se entrelaçavam em um silêncio profundo, que a noite envolvia nossa intimidade com um manto de segredo e calmaria. Agora, tudo é quietude, e a falta do seu calor ainda se faz presente, como um eco distante de um tempo que se foi, mas deixou seu rastro. Não mais nas suas palavras ou gestos, mas no toque silencioso da memória, gravado nas ondulações daquele que, ao pé da nossa cama, nos protegia de males quaisquer. A noite, sem você, se tornou apenas um pano de fundo frio, sem os mesmos sussurros, sem o mesmo calor. Já não durmo na minha cama. As saudades do seu rosto, no chão, onde a poeira instalou-se de forma definitiva na minha vida, assentada ao seu suor que energizava o meu coração em calores de intimidades e emoções. Uma pena tê-la perdido em palavras saudosistas de paixões, as cores vivas do meu coração.

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