quarta-feira, 26 de março de 2025

Os medos da velhice.

Hoje, eu sinto que aqueles transtornos, provocados pelo tempo e pelas euforias da velhice, atingiram-me em cheio. As atividades cotidianas que antes me traziam prazer já não são prevalentes. Já não sinto ânimo para dedilhar as minhas rotinas e vivências da vida, das minhas canções, prosas e versos, no meu companheiro de pinho envernizado, e até mesmo do meu teclado, onde as notas musicais brilham os meus olhos, vidrados em música, e que ambos foram presenteados por filhos, que sempre me incentivaram musicalmente. O meu cérebro, ainda ativo, não é como as cordas musicais desafinadas em escalas. É extensão de minhas emoções desalinhadas, nesse sentido. O medo, a apatia e a ansiedade não me causam preocupações, assim como a irritabilidade e o isolamento, nessa aceitação silenciosa da transição normatizada do ser humano, nas impermanências da vida. A minha preocupação sempre será a perda de memória, um temor de que minha identidade se apague para sempre. Por isso, eu procuro exercitar cotidiana e exaustivamente no teclado do meu velho notebook, o que me resta de saudades e resgates, que um dia, fluíram com mais facilidade e harmonia. Mesmo que meu futuro seja incerto, eu sigo com sabedoria, aceitação da minha idade e, principalmente, o amor que eu tento passar aos meus herdeiros e amigos, que sempre me proporcionaram alegrias, no que creio enxergar os dias e as noites, o farol, que ilumina e sinaliza a minha mente, sem apagões prematuros.

 

 

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