segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Reflexão II


Reflexão


Sou doido varrido.

Com essa minha vida.

Acordo e tomo banho.

Faço a minha marmita.

No caminho do trem.

Não encontrei com ninguém.

Dá janela de uma casa.

Ouvi o berro de um neném.

Ele está com fome.

Eu ainda não almocei.

Será que meu estômago.

Vai chorar também?

A caminho do trabalho.

Aonde eu me embaralho.

Na Lapa e Catete.

Ou Vicente de Carvalho.

Como estafeta.

Eu tenho obrigação.

De conhecer a cidade.

Em qualquer direção.

São cartas e mais cartas.

Que vou entregar.

E sempre em cada esquina.

Eu tenho que me ligar.

Na viela ao lado.

Dois caras abusados.

Levaram meus pertences.

Com um trabucão.

Eu fiquei na mão

Só de cueca e calção.

A violência está.

Em qualquer lugar.

Ela vai muito alem.

De onde eu for morar.

Ao norte ou sul.

Ao leste a oeste.

Em todo o lugar.

Sempre tem essa peste.

Sigo de longe os passos.

De uma bela mina.

E numa caminhada.

Eu a vi na esquina.

Estava doidona.

Parecia uma pamonha.

Depois que eu notei.

Ela cheirava a maconha.

Tô fora dessa gata.

Que agora é heroína.

Lembro do tempo que usava.

A velha cocaína.

Essa fase muito boba.

Que foi de se drogar.

Deixei lá bem guardada.

Em Jacarepaguá.

A vida que vou levando.

É melhor que aquela.

Eu vivia entorpecido.

Na linha amarela.

Hoje ando contente.

E também não sou descrente.

Pedi ajuda a muita gente.

Então preste atenção.

É uma grande furada.

O uso da droga deixa.

A gente abobalhada.

Você meu amigo.

Se liga no que digo.

Largue esse caminho.

E retorne a direção.

Este é o papo reto.

Que eu vou lhe dizer.

Deus existe sim.

Está junto a você.

Volte ao seu lar.

Que será a maravilha.

O caminho da volta.

É o que espera sua família.

O caminho da volta.

É o que espera sua família.

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