quinta-feira, 13 de junho de 2024

A velhice chegou.

No combate, relativo com o tempo de vida, o meu mundo ficou preto e branco. Enfim a velhice chegou. Deu-me ela, vários presentes, um deles, a bengala para a prudência ao caminhar, atravessando mais obstáculos com o avançar da idade. A jovialidade que tornava o conhecimento da minha alma em visões e sonhos multicores deixaram meus olhos vazios a contemplar com saudades os sonhos realizados. Nesses lábios amargos e ressecados, que hoje eu tenho, acumulado em rugas pelo corpo, tornaram-se calados, congelados por uma nova situação de pavor. Em espelho, a minha face perdida, um novo retrato da minha vida, um pacto com a solidão. Passei com nota máxima pelas idades de interrogações, afirmações, às de negações, ainda não assimiladas, fiquei em segunda época. Eu passei por todos os prazeres da infância e juventude, hoje, consumidos pela tirania da velhice. Minhas costas curvadas, como badoque, são a prova disso. A única certeza que eu tenho é que o amanhã os prazeres serão precários. A beleza tem o seu tempo exíguo. O espaço entre a juventude e velhice, em intervalo de paixões e decepções, são essências que nunca passarão despercebidas. O tempo da velhice depende exclusivamente da nossa sabedoria de viver mais otimista com fé e esperança. As últimas fases de vidas merecem contemplações saudosistas.

quarta-feira, 12 de junho de 2024

A namorada de escola.

Hoje, eu vi aquela moça, menina, linda como sempre. A minha paixão dos tempos de escola pública. O meu coração disparou quando ela apareceu toda charmosa com andar elegante e inadvertidamente, atravessou a rua, fechando o trânsito, sem me notar seguindo seu caminho, deixando o seu perfume, inigualável em minha face, que chegou a estremecer meu corpo. Ali, eu vi nascer esta maravilhosa mulher. Lá no colégio, nós trocávamos olhares inocentes, mas não nos falávamos. Os olhos dizem tudo. Quando ela aparecia nos diminutos tempos de recreio vinha àquela forte sensação inexplicável, que eu nunca imaginei em sentir. Na hora do recreio, eu meio tímido, procurava localizá-la nas dependências da unidade, sem muita oportunidade de dar um simples ‘bom dia’, que em insegurança consumada, alimentava meus sonhos inconscientes. Esse reencontro casual aqueceu as minhas mãos que pingavam de nervoso, pela emoção em meu rosto, estampada. Sei que o meu amor não desfez com o tempo. Ela dava passos rápidos com elegância, talvez, perdida em seus momentos de escola, talvez, pensando em outros braços, o amor que entre nós, não viveu, que em sonhos diferentes o destino traçado escreveu.

segunda-feira, 10 de junho de 2024

A distância do sol.

Por que o sol está tão distante? Os astros também têm seus segredos. Emana calor aos desesperados em desilusões e enfraquece um pouco aos bem aventurados. Rasga as nuvens, algumas traiçoeiras e nas madrugadas ilumina aos sonhadores vislumbrando a beleza da lua que se retrai em fases consumidas. Ao nascer de um novo dia ela chora e adormece por fim. É claro que o sol sempre virá e os luares, nos embalos dos versos seguem como destinos aos desconhecidos. A escuridão e todo o azul do mar resplandecem as liberdades das estrelas. Iluminam e escurecem como estiagens. Sempre haverá temporadas de alegrias e tristezas. Até o último dia de minha vida, eu farei como o sol. A distância sempre dependerá do acaso. O ocaso do sol possibilita-me organizar as minhas ideias e escolhas para um novo brilho ao amanhecer.

domingo, 9 de junho de 2024

Sem despedidas.

Ontem, uma bala certeira acertou o meu coração. Ela chegou sorrateira. Não ouvi o seu estampido, e atingiu-me em cheio. A minha aorta, que irrigava diariamente meus sonhos e projetos, foi seccionada de aspirações partilhadas. Já não existe mais. As mensagens travadas e ocultas sucumbiram. Nas minhas poesias apaixonadas, onde inicialmente nossos olhos se encontraram, perderam o brilho intenso como o sol. Uma estrela que jamais poderei alcançá-la. Em mundos distintos seguimos nossos caminhos. Às mágoas, como ponteiros de relógio passam com o tempo. O céu amanheceu nublado. Uma nova canção de amor eu ouço bem longe. Apesar da dor, na imensidão dessa vida sempre aprendemos uma lição. Esfumaram-se a esperança e a desilusão, que me escorrem em meus dedos, como areia fina da praia, levadas ao sabor dos ventos. Amor é só para gente que acredita e não se cansa de esperar, ou a tudo isso se contentar.


sábado, 8 de junho de 2024

O despertar do amor.

Você é como o sol da manhã. Beija meu rosto, depois da noite fria sem seu calor. A falta que faz em meu cobertor. No seu jeito sedutor, como girassol, eu busco a sua luz. Trago nas palavras em lampejos as minhas sinceras tensões. Entrego-me ao seu corpo nu, às minhas mãos libertas em toques descarados com fervor de transpirações e boca ofegante, que modificam nossos pulsos e aceleram as batidas de nossos corações intensos. Na suave palma de suas mãos, em afagos, com perfumes de intentos, eu vejo as linhas do passado, riscando outras, em convulsões, que reconhecem a entrega entrelaçadas às carícias da saudade de você, clamando por mais beijos, de seus lábios em desejos. À noite em claro me faz assim. Enlaçado a seu destino, para seguirmos de mãos dadas a caminho do amor.

terça-feira, 4 de junho de 2024

A tristeza da velhice.

Aquele sentimento de solidão, de inutilidade, da dificuldade em lidar com as limitações, juntando com a perda de um familiar da vida privada e amorosa, além de outros motivos emocionais, sensibilizam em demasia muitas pessoas da terceira idade. São imprescindíveis as relações familiares e interpessoais. Isso por que, a falta dessa interação acarretam a perda de memória, declínio cognitivo e um crescente estado de isolamento. O idoso deve ter pensamentos positivos e alegres, estimulante em suas conversas e pensamentos que contribuem para que não haja os surgimentos da depressão e redução da autoestima, que se agravam com a perda de contatos pessoais. Os distúrbios de comportamento com sintomas psicóticos, ansiedade, irritabilidade e instabilidade emocional, são meramente confronto de personalidade perpetrada por essas desordens no cérebro de septuagenários, isso porque eu tenho setenta e quatro anos, acreditando que prolonguem com maior profusão aos bem mais idosos. Portanto, o cérebro deve ser exercitado plenamente. Uma batalha diuturna que só depende dos acometidos, inclusive da frequência da vida sexual, com benefícios da saúde do corpo e da mente, sem quebrar a regra de sua autonomia e independência no decorrer da sua existência. Eu pratico várias atividades sem preocupação da idade avançando sobre o meu corpo, para manter a saúde e a vitalidade suportada pela minha estrutura física, sempre pensando em que a minha simplicidade, com capacidade de valorizar o que já possuímos inclusive as amizades.

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Quem sabe um dia?

Quem sabe um dia, se for nossos destinos, que nos encontremos mesmo em quaisquer outros planetas, onde haja vida, com um talvez, de hesitações, hipóteses e senões, num reflexo transparente e atraente, descobrindo em nossos sexos, mesmo por caminhos nublados após tempestades em despudoradas fantasias carnais de satisfação, na perfeição do absoluto prazer, a dois. Quem sabe um dia, redescobrir o mundo em pensamentos ocultos. Quem sabe um dia, colorir de azul o infinito, enxergando todo o nosso amor que na sua frente eu a perdi. Quem sabe um dia, eu me perdoe pelo ato falho, em deixá-la fora dos meus pensamentos nos derradeiros acenos de despedida das suas delicadas mãos. Quem sabe um dia, voltar a sentir o seu perfume adocicado, que eu, em desatinos, sem rumo na estrada, com descuidos e incertezas, na procura com tenacidade de um predador à presa. Quem sabe um dia, você invada a minha porta escura na sombra de meus anseios, e com ar de apaixonada, nós vivermos para sempre. Quem sabe um dia, o sacrifício e a persistência em que reclamo a sua ausência, o seu sorriso invisível. Quem sabe um dia, nossos corpos celestes, sem serpentinas e confetes, saia do bloco da solidão e transforme-se novamente em turbilhão de paixões. Quem sabe um dia, você também, me diga não.

domingo, 2 de junho de 2024

Confissões de bar.

Aos prantos emocionais, com choros e lembranças, eu desabafo no copo, sentado à mesa do meu tradicional e preferido ‘Unimé Bar’, aquele traçado que só o atendente bigode sabe fazer. Essa é a triste realidade. Girando o copo a cada golada, reservadamente, eu escondo a minha mágoa, acumulado de tanta dor, para que ninguém veja um derrotado, que tinha um peito forte para receber de forma violenta, resistência a obstáculos defenestrado por alguém, que com duas consoantes e vogais. ‘Amor. ’ Hoje eu carrego como Jesus a cruz do meu calvário. Lamuriando-me pela estrada e exausto de desconsolos. Lá, naquele bar, tenho a sensação de que encontro vários irmãos da dor, revelados em rugas e decepções, através de talagadas das branquinhas ou amarelinhas. Tanto faz o que importa é matar a sede de suas angústias, como eu na requintada bebida de novos dias. Como Chico Buarque, pode ser que a gota d’água surja em alguns potes deles. O meu transborda de saudades e esperança. A pureza do meu ser, que me deixa pensando em você, a espera que naquele lugar, tudo possa recomeçar.

sexta-feira, 31 de maio de 2024

Amigos.

As redes sociais já não me bastam. Gradualmente eu perdi meus companheiros de trabalho, de infância, principalmente os da escola. Aquelas amizades arraigadas de brincadeiras com caçoadas entre colegas, que no final, nós terminávamos em apertos de mãos. Brigas! Somente labiais, no momento de adrenalinas. Recentemente, eu perdi o contato com o meu amigo Euran Vieira de Melo, um grande companheiro de escola primária. Só sei que hoje ele reside em Vila Velha no Espírito Santo. Eu tinha muitos colegas, mas esse era o camarada verdadeiro, tanto que eu consegui gravar o seu nome todo. Na admissão para o ginásio, não me lembro de ninguém. Praticamente não conversávamos. Primeiro, porque a professora, dona Nilza era exigente e não admitia conversas, na sala de aula e segundo porque éramos obstinados para nos prepararmos muito bem no enfrentamento da grande demanda de alunos para o ginasial. Eu consegui passar para o Colégio Estadual Brigadeiro Schorcht, onde a diretora era a professora Henriette Amado, uma excelente amiga dos alunos. Lá foram os dias mais felizes da era escolar. Eu fiz vários amigos. Primeiramente, pelo futebol que eu exercia. Eu não chegava a ser um astro, mas modéstia parte eu jogava bem. Outra amizade foi formada. O inesquecível, e admirador do meu futebol, doutor Abel Monteiro de Miranda, um extraordinário aluno e nos ajudávamos nos deveres de sala. Ele é pneumologista e por simples curiosidade foi o médico da minha finada mãe. Estive algumas vezes em seu local de trabalho no Centro Comercial Barão da Taquara, lá na Rua Nelson Cardoso, para reencontrá-lo sem sucesso, mas oportunidade não faltará para conversarmos e colocarmos os assuntos em dia. Tive muitos colegas também pela passagem naquele grande educandário, por coincidência, na Taquara. Mais um constante nessa jornada. O grande Lair de Azevedo Senra, este um incansável parceiro em nossa passagem pela Petroserv S.A., uma empresa de prospecção de serviços petrolíferos. Nós costumávamos brincar com a frase ‘É preciso ser formado? Passou em um concurso para o Banco do Estado da Guanabara e seguiu o seu caminho. Eu o encontrei na rede social pelo sobrenome, nada corriqueiro. Trocamos várias mensagens diariamente. Outro irmão de labuta, lá do extinto Banco Nacional da Habitação, excelentíssimo escritor Tarcísio de Alencar Júnior, um mestre da poesia. Foi difícil reencontrá-lo e hoje nos falamos bastante sobre as nossas vivências e projeções para o futuro, apesar da idade. Ao longo da minha vida eu fiz muitos colegas com poucas afinidades, mas as amizades verdadeiras são inesquecíveis. O pouco com Deus é muito, como dizem. Hoje, minhas amizades são filtradas, já fui enganado por um falso amigo de Ipanema, que frequentava semanalmente a minha residência em Muriqui, aproveitando-se da minha hospitalidade e confiança. Agradeço ao magnânimo e a todos mencionados pela oportunidade pela intensa participação de vocês na minha história de vida. Por fim, eu conservo as novas amizades com parentes por consideração, como Denise Costa Ribeiro, que esteve casada com o meu finado primo Carlos Magno, que se foi prematuramente. Fazer novos amigos faz bem à alma e felicidade.


quinta-feira, 30 de maio de 2024

Fotografia.

Era apenas um retrato e nada mais para alguns, mais para mim, a sua imagem perfeita das minhas noites perdidas, com aquele gesto labial e angelical de ‘Monalisa’, o encanto da galeria e de minhas agonias. Eu na captura de sua beleza, para uma perfeita cena de poesias em meus olhos apaixonados, por um instante, mas não o bastante. Na sua companhia estática, a minha liberdade presa em seu amor é inexplicável. Amor proibido ou amor escondido que a distância me revela sem filtros de emoções, o da sua fascinação. O tempo passa, mas não interessa a idade, se o interior do meu corpo aquece a minha ilusão. Ao roçar a sua imagem na tela um pouco descolorida, reacende também o pulsar do meu coração, que nas garras de seu sorriso imploram em rimas que jamais a esquecerei. Escondido em meus segredos com risadas e choros, eu guardo no peito esses momentos que valem ouro. Mesmo sem termos um ao outro, você sempre será o meu tesouro.

quarta-feira, 29 de maio de 2024

Estão faltando eles.

Naquela mesa, normalmente aos domingos, que por força do imperioso trabalho que exercia como administrador em hospital governamental, ele sentava a gente e na hora do almoço, servido com muito amor por nossa mãe, nós conversávamos sobre vários assuntos. Um pai moderado, com profunda sensatez, ainda trabalhava em casa anotando nomes de empregados em cartões de ponto, por ocasião de mudança de mês. Americano para valer, o seu clube por simpatia, ele torcia para que todos nós seguíssemos uma conduta irrepreensível de amor, força e sabedoria, em nossas vidas. Assim foi feito. Os ensinamentos, e principalmente o respeito, com a fundamental ajuda da nossa genitora, uma bússola que guiou nossos caminhos, apesar de percalços que somos habitualmente expostos, nos fizeram independentes e conscientes, em nossa educação, para o futuro. Mesmo com suas ausências físicas, nós carregamos seus fabulosos legados, às novas gerações. A vida é cheia de momentos e as lembranças deste marcante dia, hoje, viraram saudade. Ainda restam naquela mesa da Carlos Gross, as marcas das mensagens talhadas com orientações designadas aos seus filhos. Somente nós ouvíamos o som do seu violão fazendo a seu modo, o solo da ‘Última Inspiração’. Sim! José e Moema, os alicerces das nossas vidas, não imaginam a falta em nossos corações. Dói em nós, quando olhamos aquela mesa surrada pelo tempo, nas recordações. As suas missões cumpridas merecem aplausos. No jardim da rua em que só foi felicidade, as flores não morreram, florescem a cada amanhecer, como as nossas eternas memórias.

terça-feira, 28 de maio de 2024

Um lavrador feliz.

Mãos carcomidas pela terra seca, mas feliz. Essa é a minha vida no campo. Sabe aquele olhar de liberdade e privacidade, que eu e a maioria da população não conseguida em superar mesmo com esforço de precauções, por conta de maus gestores com mazelas da ordem pública, em grandes cidades com multidões, falatórios, buzinaços, saqueadores de lares, veículos, celulares entre outros e alguns latrocínios. Na lavoura não tem crime. Os insetos que infestam as verduras e legumes, para consumo, são exterminados. Lá eu tenho horário para tudo. Não tenho tempo de ver televisão, não vejo redes sociais, por iniciativa ao meu único projeto. Viver e corresponder às minhas expectativas de partilhar as minhas mercadorias aos grandes centros. Sou um lavrador solitário. O meu tempo é integral. Eu cultivo o solo. Faço a aragem da terra, adubo e semeio. Eu tenho à terra como a minha poesia, alimentando a minha alma com paixões e os efeitos do amor. As minhas plantações floridas, são os sentidos da minha vida.

segunda-feira, 27 de maio de 2024

A idosa rebelde.

No sábado dia vinte e seis de maio, do corrente ano, Tania e eu fomos assistir ao espetáculo musical, ‘A Noviça Rebelde’, no excelente ‘Teatro Riachuelo’, localizado no ‘Passeio Público’, perto da Cinelândia. Por força do evento ‘Marcha para Jesus’, marcado para o mesmo horário da apresentação da peça, eu decidi sair de casa mais cedo, porque a ‘Avenida Presidente Vargas’ ficaria totalmente interditada ao trânsito, no sentido zona sul. Para evitar atropelos, nós fomos de ‘UBER’. Chegamos por volta das treze horas e trinta minutos, bem adiantados para o evento. Lá no saguão do teatro, a Tania sentiu aquele cheiro de pipoca no ar, como diz a ‘Xuxa’ e pediu-me para comprar um pote do milho amanteigado, um pouco distante da recepção. Lá, enquanto eu aguardava para ser atendido e com as mãos postas sobre o granito eu senti sob a minha outra esquerda uma esmaltada e lisa de mulher, a acariciar meu dorso e aliança. Instado, eu olhei para o lado e era uma senhora afeiçoada, sobrancelha destoante do rosto, lábios pintados de paixão, bem avermelhados, que também suponho com idade semelhante à minha. Então ela disse: ‘Estou precisando de companhia para agora e principalmente para depois da exibição. Eu adoro pipoca amanteigada’. De pronto, eu recebi da atendente o recipiente com a iguaria quentinha e ao mesmo tempo concatenando as minhas ideias para a resposta. Como um velho andarilho das noitadas cariocas na boemia, malandramente, eu percebi de longe a Tania olhar para mim, como me indagasse. Assim, eu retornei para ela que estava sentada, por problemas de articulação no joelho, ainda com a insistente senhora em meu encalço, e quase aproximando dela eu perguntei: Você troca duzentos reais?  Essa senhora está precisando trocar e eu disse a ela que não carrego muito dinheiro, porque eu tenho outros meios para efetuar compras. A senhora, inibida desculpou-se com a Tania pelo embaraço que ela mesma causou e desapareceu. No recinto, novamente nós a vimos. Estava em pé, como procurasse alguém. Ao nos ver fez um breve aceno com as mãos, respondidas por nós. Em seguida, as luzes se apagaram e depois de três breves apitos o espetáculo começou. Após hora e meia, houve uma pausa de quinze minutos. As luzes acenderam e aquela senhora desinibida já não estava mais lá. Penso que, ela deve ter ido outra vez, àquele balcão tentar trocar a sua nota de duzentos reais. Uma idosa atraente por sua voluntariedade, a nova noviça e cantora à procura de um capitão ‘Von Trapp’ desimpedido. Por último, nós assistimos a uma bela apresentação, belos figurinos, paisagens exuberantes, coros vogais afinadíssimos, o bom humor do fabuloso ‘tio Max’, com direito às músicas inesquecíveis das nossas adolescências.  Todos mereceram os aplausos de pé. Na saída, por volta das dezenove e trinta, finalizado por chuva de neve, nós pegamos o metrô bem perto dali. Saltamos na estação de Irajá. De lá nós seguimos mais uma vez de ‘UBER’, até a nossa residência, encerramos nosso esplendoroso sábado, proporcionados pelo belo presente de nossos filhos pela passagem do ‘Dia das Mães’.

sábado, 25 de maio de 2024

Segredos de escrivaninha.

No canto do escritório da minha residência, eu guardo a sete chaves a minha privacidade. Lá eu preservo as amizades, carinhos, excitações, principalmente as loucuras de alcova, entre outras. Todos os sentimentos arrumados na gaveta simbolizam as venturas e desventuras, como herança dos bem-aventurados. As revelações nessa retangular caixa mágica do móvel, que mantidas em silêncio são os grandes mistérios de um futuro possível. Essas rememórias, em pequenos barcos a vagar em minha mente estão em direção opostas a felicidades, aos amores e, sobretudo a uma intensa interação aos mais próximos confiáveis em meus pensamentos. Um segredo aberto ao presente, no dia em que eu me for talvez apareça alguém com coragem de abrir o cofre. A vida tem seus mistérios.

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Sexo na terceira idade.

Um tabu na sociedade, o sexo na terceira idade, reforçam as dúvidas e incertezas de quem deseja ter uma vida sexual ativa, e simultaneamente, dando atenção às mudanças fisiológicas decorrentes do avanço dos dígitos. Independentemente de tudo, o sexo após sessenta anos ou além dessa faixa etária é normal, saudável e muito possível, proporcionando qualidade de vida. Como a flexibilidade e mobilidade diminuem na última fase da vida, vale a pena testar posições mais confortáveis, com mais folego, sem dores e constrangimentos, em relação à parceira. Os desafios relacionados ao próprio envelhecimento permite dizer que a sexualidade continua latente, intensificando uma saudável vida sexual ativa. As transformações com mudanças fisiológicas nos corpos de pessoas, independente de gêneros fazem com que o casal se estimule bastante para o ato. Nosso estilo de vida, também impacta em hábitos. Uma alimentação saudável, a prática de exercício físico regularmente, um sono de qualidade, que podem interferir diretamente na sexualidade são muito importantes. Um encontro sexual vai muito além da penetração. Penso que a sexualidade e libido podem se mantêm até o final da vida, claro com as adaptações que eventualmente o envelhecimento possa trazer.  

terça-feira, 21 de maio de 2024

Amizade verdadeira.

Amizade! Através dela os indivíduos encontram-se, em apoios mútuos. A comunicação aberta, respeito e aceitação são tácitos nessa relação. A confiança é primordial, na sinceridade de sentimentos, acrescidos de limites, as estimas tornam-se perfeitas e inabaláveis, o que nos eleva diariamente comportamento às raras virtudes. Raras e preciosas, como diamantes, sem lapidações e elogios fortificados, as estreitezas se solidificam em nossos corações. Essa afinidade, elemento nobre das relações interpessoais, em solidariedades e compreensões. A espontaneidade, no interesse de saber de amigos, também faz parte da lição. Não nos esqueçamos de que nos momentos sombrios de escuridão e solidão, sempre haverá um farol amigo a iluminar a estrada escoltando a verdadeira amizade. 

segunda-feira, 20 de maio de 2024

O envelhecer com saúde.

A minha idade bem adulta ainda não atingiu o ápice. Meus olhos já não enxergam com aquela tenacidade de lince. A mocidade passou rapidamente, mas o meu coração continua palpitando de tão jovem, como versos coronarianos. As minhas artérias continuam ativas. O nosso ciclo biológico, na velhice, compara-se a um carro velho. As peças defeituosas precisam ser reposicionadas. Já não são originais, apesar de a ciência ainda tentar as células-tronco. Às genéricas obtidas por doação, às vezes surtem efeitos. Eu ainda tenho esse privilégio. Por enquanto, eu não preciso desses procedimentos. Ainda não me foi tirada a vida social, amorosa e profissional, muito diferente como eram as vivências há alguns anos.  Azar para o tempo. Ele é invejoso. Sempre quis apagar o sorriso do meu rosto. Fez meus cabelos envelhecerem, e nunca satisfeito, em uma atribulada perseguição. Fez os ventos arrancarem os meus fios de cabelos. Não me importa como ele deixou o meu corpo. Magro ou obeso, eu não tenho medo de olhar ao espelho. Sempre dei preferência para o meu interior. O valor e nobreza da minha vida são mais importantes. Assim eu encaro a longevidade. Saber envelhecer é uma constante. Infelizmente, apesar de tudo, a saúde em primeiro lugar. Na minha cesta de flores exalando os perfumes do campo, em ramas, estarão sempre em oferendas para o amor, que se espalha a quem na velhice me acompanhar. A saúde com amor nos dá longevidade e prosperidade.

sábado, 18 de maio de 2024

Vingança ou punição.

Tido como acerto de contas, a vingança, uma atitude nem sempre compreendida, diferentemente de punição, nem sempre traz a sensação de justiça. Esse sentimento de melhora em devolver na mesma medida, ou ainda pior, o que lhe foi feito não se coaduna como herança maior dada por alguém. Tudo bem, também eu não sei se eu conseguiria me perdoar. Em valorização de amizades e sem ressentimentos, o viável é a pessoa prejudicada dedicar-se a si mesma. Nada melhor coordenarmos as nossas ideias e caminhos. A vida é feita de resultados positivos e negativos, e aquelas frustrações arquivadas em nosso consciente fazem parte dela. Vingar, punir, destratar, endeusar, reverenciar entre outras do extenso vocabulário, permitem dizer que o remorso mói palavras e em pó esvoaçam ao sabor do vento, até serem diluídas ao esquecimento. As desforras nos cerceiam de liberdades e compreensões. Vida que segue.

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Tempos de solidão.

Será que eu estou caminhando em sentido errado, oposto à realidade? Por que eu, entre desconhecidos e desapaixonados, ainda continuo na carência de relacionamentos insatisfatórios, com liberdade em ficar só? Eu rejeitado de sentimentos inconscientes, com bloqueios de comunicação, na ansiedade em saciar as minhas inconstâncias, procuro uma adaptação, no que será melhor para mim. Essa depressão que persegue meus pesadelos, também devasta a minha saúde. Cercado de agonia e medos em meu encalço, sob estresse, com meu sistema imunológico afetado, mais fraco, fragilizado por decisões e indecisões sobre o futuro, podem ajudar a minha empatia em um futuro próximo. Esse mal-estar no laço social causa-me apreensões, em sofrimentos inabaláveis, com condutas irrepreensíveis, apesar de minhas falhas na comunicação. Dói-me ser excluído, com ideias, autoprovocadas por fortes emoções expressivamente afetivas. As minhas conexões profundas dificultadas pela timidez, me fazem assim. Essas ausências de laços por isolamento e vazio interior, com certeza estarão equilibradas, conforme a minha posição, ainda sem saber em que direção seguir. As relações significativas de que eu gostaria de ter dizem a verdade. Triste é viver na solidão. Na dor cruel de uma paixão. Será que Jobim e Elis estavam certos?

 

domingo, 12 de maio de 2024

À nossa mãe querida.

Maravilha, que Deus nos deu.

Ontem, sem despedidas partiu e nos restou a saudade.

Ela sempre nos ouvia em silêncio.

Mãe, amor sincero, sem segredos e sem exageros.

Aqueles nove meses, envolto de alegrias, submerso em bolsa d’água.

 

Deus a escolheu, e somos gratos por ela.

E dela, nós recebíamos cuidados e carinhos.

 

A sua missão bem cumprida, até seus últimos momentos.

Luz que iluminou nossos caminhos.

Mãe, amada em três letras.

E nos amou, como ninguém.

Iluminada, por sua bondade e compaixão.

De um sentimento raro e incondicional.

A mais bonita nos jardins do céu.

 

Se hoje, nós estamos aqui.

Agradecemos a você, pela companhia que nos dispensou.

Não foi por um acaso, com um perdão louvado.

Tudo tem um porquê, e aprendemos muito com você.

O tempo tem o seu prazo.

Sós, nos despedimos. Obrigado!

De tê-la eternamente em nossos corações. Seus filhos: Alice, Candido, Angelo, Marco, Almir, Angela,  Ana, André e Telma.

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Sansão e Dalila.

Num piscar de olhos, acordei em minha rede que balançava sincronizada com o vento, que batia em meu rosto, movimentando a minha extensa cabeleira. Eu vi sobre uma varanda em um acesso a uma das casas, à frente da rua em que resido, uma linda mulher em atitude suspeita, envolta em um vestido fabuloso. Fixei firmemente o meu olhar quarenta e três e notei que fora correspondido. Aquela bonitona tentava abrir uma porta, que eu não sei como se emperrara por dentro e ela, com seu aspecto irritadiço, de poucos amigos, tentava dobrar a chave e empurrando com firmeza a madeira compensada meio cinzenta. Eu não entendia o que ela dizia. Só fazia gestos, pela indiferença que a passagem lhe era negada. Prontamente eu decidi ajudá-la. Subi rapidamente o muro e em fração de segundos, galgando as grades, o protetor de janelas do primeiro, rumo ao segundo andar. Assim que cheguei, eu senti o perfume adocicado que saía do seu corpo, e apresentei-me. Disse-me ela que se chamava Dalila, com seu olhar esverdeado penetrante. Ela estava muito nervosa, porque a porta estava emperrada. Pedi-lhe que ficasse calma, porque eu iria ajudá-la. E com uma pequena pressão abri a porta, danificando o miolo da fechadura. Ela agradeceu-me, em seguida convidou-me para entrar. Ofereceu-me uma bebida para descontrair um pouco. Conversamos sobre vários assuntos desse nosso primeiro encontro e nos tornamos amigos. No dia seguinte, pela manhã, eu fui ao seu apartamento com o material, de modo reparar o meu estrago. Ela, ainda sonolenta atendeu-me com presteza e deixou-me à vontade para o conserto da porta. A troca do ferrolho foi relativamente rápida. Em seguida, me foi oferecido um pretinho quentinho com pão na manteiga. O seu humor modificara drasticamente e o seu belo sorriso me contagiava. Mais tarde eu a convidei para passearmos e almoçamos na taberna de um amigo de infância. Dali uma nova amizade se formou e até hoje ela não perguntou o meu nome. Não sei o porquê. Ela só dá um breve ‘oi’, quando me vê. Penso que a nossa amizade é sincera. Ah! Se ela soubesse que o meu nome é Sansão.

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Nem tudo está acabado.

Atravessei a rua sem olhar para trás. Deixei tudo lá. Minhas roupas, minhas conquistas, minhas alegrias e minhas frustrações. Aborrecido não estou porque, nada poderá mudar as nossas decisões. Ela, provavelmente, seguirá o seu caminho e o meu destruído, novamente se reerguerá. Nós, partimos, indistintamente, para um novo rumo. Só penso em seguir uma nova estrada, sempre em frente, e obediente às minhas verdades. Recomeçar com as minhas emoções revigoradas! Isso, eu vou fazer. O meu instinto de sobrevivência é mais forte que as experiências adquiridas que eu duvidei nos dispersivos dias vividos. Parecia que eu estava no corredor da morte. As incertezas e dores definem novas perspectivas para o meu futuro. A esperança, minha amiga, me diz que o amanhã, incerto para alguns, me fortalecerá e eu vencerei os meus obstáculos. O fim é assim, uma dor consumida a bel-prazer. Nesses momentos mais difíceis, o meu coração confia e me dirá o que fazer. Um novo domingo de sol sorrirá para mim. Na espera de uma segunda-feira qualquer, um novo amor virá para dissipar a falsa felicidade. Das tristes memórias sem relembrar, sempre a procura do verdadeiro amor.

terça-feira, 7 de maio de 2024

Manequim

Caminhando casualmente, pela loja da ‘Chanel’, deparei-me com uma linda boneca, que imóvel, em pé e gesto sofisticado, esnobava um padrão diferente, em forma de convite, que representava uma semelhança de figura humana. No expositor de rua envidraçado e ornado em pétalas, aquele olhar fixo, esverdeado, e penetrante, me hipnotizava como a força da mente, que sem fim, em minha direção, persistia em abraça-la e tocá-la como o corpo de um violão. Isso fez, com que eu a observasse por horas, sem me importar com o escaldante sol de rua na magnífica ‘Quinta Avenida’, em mês escaldante de julho, lá em Nova Iorque. Aquele manequim me admirava exaustivamente e meu coração, como em catarse, pressentia que aquela figura escultural em plástico se tornasse um ser com vida sem cansaços respiratórios, em que eu, do outro lado, via pela pulsação da sua jugular em êxtase, com olhar divinizado, me provocando ao amor. Aquela negra, da cor do pecado, vestida de vermelho ofuscante, fez-me florescer a fantasia de um grande desejo, em beijos impetuosos e sedentos de amor. Inconformado com aquela linda visão e como sou pecador, atirei a primeira e única pedra, na vidraça, que estilhaçada, eu a vi pela última vez diante de mim. Eu acordei com os latidos do velho amigo, ’Max’ embaixo daquela exuberante marquise, que me abriga em todas as madrugadas das estações, anunciando um novo dia. Peguei os meus poucos pertences e dei a última olhada no interior daquele estabelecimento, pela vidraça intacta. Aquele manequim, que iludiu os meus pensamentos, havia saído da loja a procura de mais outro admirador e eu caminho todas as noites, aqueles olhares da minha imaginação.

Cego de amor.

Diferentemente de Saramago, em seu livro ‘Ensaio sobre a Cegueira’, o qual revela as reações dos seres humanos acomodando às suas necessidades, em relação ao ponto de partida da epidemia, em um sinal de uma movimentada rua, a insensatez de várias pessoas com buzinadas histéricas, em que eu, nesse contexto sou mais um distinto personagem. Um secundário da vida. Subjugado ao destino, sou cego de amor. Tenho admiração por pessoas, amizades e respeitos, mesmo não correspondidos. Um amor sem limites me faz ver alguém sem defeito, a quem admiro profundamente, e observando à individualidade dela, apercebo-me das minhas verdades, imprescindíveis em minha vida. Nas abstratividades, às vezes, não vemos como a pessoa é realmente, enaltecendo a sua perfeição sem ver o seu lado humano. Nos relaxamentos de critérios, reduzi a minha visão, um refém da minha crença no amor e na alegria de viver. Esse apego das minhas convicções, a minha alma sofre em silêncio, mesmo sentindo a ausência da pessoa amada incondicionalmente. As decepções são óculos para um amor cego. Nada que uma nova lente no cristalino, não resolva.

domingo, 5 de maio de 2024

Ai, quem me dera!

Ai, quem me dera se eu repousasse no seu ninho e nesse jardim florido, a espera de uma noite sem fim, recebendo um sim. Adentrar entrançado em seus cabelos, arrancando suspiros, no arfar da sua respiração delirante de gemidos e desejos, vividos intensamente, sem tempestades e ilusões. Nessa escuridão de mistérios, nossas posições no peso da noite sela nossos lábios, como feras no cio, banhados de suor sem lágrimas no olhar, como estrelas a brilhar.  Ai, quem me dera que a minha transfusão doada a seu corpo sem arritmia, compassando e compensando nossos batimentos em uma só compleição, fechados de verdades nos amando em suaves movimentos de prazer. Ai, quem me dera acordar em seus pensamentos em fantasias e realidades de seus sorrisos e alma tocar, porque entre todas as queridas, você é a preferida e quem me dera em sonhos a lhe pertencer e amar.