sexta-feira, 10 de maio de 2024

Sansão e Dalila.

Num piscar de olhos, acordei em minha rede que balançava sincronizada com o vento, que batia em meu rosto, movimentando a minha extensa cabeleira. Eu vi sobre uma varanda em um acesso a uma das casas, à frente da rua em que resido, uma linda mulher em atitude suspeita, envolta em um vestido fabuloso. Fixei firmemente o meu olhar quarenta e três e notei que fora correspondido. Aquela bonitona tentava abrir uma porta, que eu não sei como se emperrara por dentro e ela, com seu aspecto irritadiço, de poucos amigos, tentava dobrar a chave e empurrando com firmeza a madeira compensada meio cinzenta. Eu não entendia o que ela dizia. Só fazia gestos, pela indiferença que a passagem lhe era negada. Prontamente eu decidi ajudá-la. Subi rapidamente o muro e em fração de segundos, galgando as grades, o protetor de janelas do primeiro, rumo ao segundo andar. Assim que cheguei, eu senti o perfume adocicado que saía do seu corpo, e apresentei-me. Disse-me ela que se chamava Dalila, com seu olhar esverdeado penetrante. Ela estava muito nervosa, porque a porta estava emperrada. Pedi-lhe que ficasse calma, porque eu iria ajudá-la. E com uma pequena pressão abri a porta, danificando o miolo da fechadura. Ela agradeceu-me, em seguida convidou-me para entrar. Ofereceu-me uma bebida para descontrair um pouco. Conversamos sobre vários assuntos desse nosso primeiro encontro e nos tornamos amigos. No dia seguinte, pela manhã, eu fui ao seu apartamento com o material, de modo reparar o meu estrago. Ela, ainda sonolenta atendeu-me com presteza e deixou-me à vontade para o conserto da porta. A troca do ferrolho foi relativamente rápida. Em seguida, me foi oferecido um pretinho quentinho com pão na manteiga. O seu humor modificara drasticamente e o seu belo sorriso me contagiava. Mais tarde eu a convidei para passearmos e almoçamos na taberna de um amigo de infância. Dali uma nova amizade se formou e até hoje ela não perguntou o meu nome. Não sei o porquê. Ela só dá um breve ‘oi’, quando me vê. Penso que a nossa amizade é sincera. Ah! Se ela soubesse que o meu nome é Sansão.

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