segunda-feira, 27 de maio de 2024

A idosa rebelde.

No sábado dia vinte e seis de maio, do corrente ano, Tania e eu fomos assistir ao espetáculo musical, ‘A Noviça Rebelde’, no excelente ‘Teatro Riachuelo’, localizado no ‘Passeio Público’, perto da Cinelândia. Por força do evento ‘Marcha para Jesus’, marcado para o mesmo horário da apresentação da peça, eu decidi sair de casa mais cedo, porque a ‘Avenida Presidente Vargas’ ficaria totalmente interditada ao trânsito, no sentido zona sul. Para evitar atropelos, nós fomos de ‘UBER’. Chegamos por volta das treze horas e trinta minutos, bem adiantados para o evento. Lá no saguão do teatro, a Tania sentiu aquele cheiro de pipoca no ar, como diz a ‘Xuxa’ e pediu-me para comprar um pote do milho amanteigado, um pouco distante da recepção. Lá, enquanto eu aguardava para ser atendido e com as mãos postas sobre o granito eu senti sob a minha outra esquerda uma esmaltada e lisa de mulher, a acariciar meu dorso e aliança. Instado, eu olhei para o lado e era uma senhora afeiçoada, sobrancelha destoante do rosto, lábios pintados de paixão, bem avermelhados, que também suponho com idade semelhante à minha. Então ela disse: ‘Estou precisando de companhia para agora e principalmente para depois da exibição. Eu adoro pipoca amanteigada’. De pronto, eu recebi da atendente o recipiente com a iguaria quentinha e ao mesmo tempo concatenando as minhas ideias para a resposta. Como um velho andarilho das noitadas cariocas na boemia, malandramente, eu percebi de longe a Tania olhar para mim, como me indagasse. Assim, eu retornei para ela que estava sentada, por problemas de articulação no joelho, ainda com a insistente senhora em meu encalço, e quase aproximando dela eu perguntei: Você troca duzentos reais?  Essa senhora está precisando trocar e eu disse a ela que não carrego muito dinheiro, porque eu tenho outros meios para efetuar compras. A senhora, inibida desculpou-se com a Tania pelo embaraço que ela mesma causou e desapareceu. No recinto, novamente nós a vimos. Estava em pé, como procurasse alguém. Ao nos ver fez um breve aceno com as mãos, respondidas por nós. Em seguida, as luzes se apagaram e depois de três breves apitos o espetáculo começou. Após hora e meia, houve uma pausa de quinze minutos. As luzes acenderam e aquela senhora desinibida já não estava mais lá. Penso que, ela deve ter ido outra vez, àquele balcão tentar trocar a sua nota de duzentos reais. Uma idosa atraente por sua voluntariedade, a nova noviça e cantora à procura de um capitão ‘Von Trapp’ desimpedido. Por último, nós assistimos a uma bela apresentação, belos figurinos, paisagens exuberantes, coros vogais afinadíssimos, o bom humor do fabuloso ‘tio Max’, com direito às músicas inesquecíveis das nossas adolescências.  Todos mereceram os aplausos de pé. Na saída, por volta das dezenove e trinta, finalizado por chuva de neve, nós pegamos o metrô bem perto dali. Saltamos na estação de Irajá. De lá nós seguimos mais uma vez de ‘UBER’, até a nossa residência, encerramos nosso esplendoroso sábado, proporcionados pelo belo presente de nossos filhos pela passagem do ‘Dia das Mães’.

Nenhum comentário:

Postar um comentário