Não sei o que dizer. Às vezes, quando choro, me pergunto o que é a vida. Sorrir. Se divertir. Amar. Contemplar. Só sei que, no meu coração, brotam amarguras. E nesse choro, um misto de frustração e devaneios por dias melhores. Eles me assombram. Sinto-me como um jardim com pétalas mortas ao chão, sem direção nos ventos. Mas aprendi, ainda que à força: até os jardins mais feridos guardam raízes vivas. Aprender a silenciar a própria dor para sustentar o mundo. Crescemos sendo fortes quando queríamos apenas ser acolhidas. Transformamos cansaço em produtividade, lágrimas em maquiagem, medo em sorrisos educados. Somos ensinadas a florescer mesmo quando a terra está seca. A agonia no peito não é fraqueza. São alma e o corpo e pedindo pausa, cuidado, verdade. Às vezes, o que chamamos de tristeza é só a exaustão de ser tudo para todos e quase nada para si. Quando o coração parece coberto de pétalas mortas, não é o fim do jardim. É o fim de uma estação. Há ciclos que precisam morrer para que outros possam nascer. E nós somos feitas de ciclos: sangramos, parimos, recomeçamos. Mesmo quando não acreditamos mais em nós. Se hoje o vento não aponta direção, permita-a ficar. Regue-se em silêncio. Recolha os próprios cacos sem pressa. Não há atraso em sentir. Não há fracasso em parar. Há coragem em permanecer viva quando tudo pede desistência. Que este texto te abrace. Você não está sozinha. Mesmo que agora você não veja flores, confie: o jardim ainda respira. E um dia, sem pedir permissão, ele volta a florir.
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