Para mim, o tempo é o agora que
pulsa. É o instante que vive, antes de virar lembrança. Ele se despede ao cair
da ação e, silente, transforma tudo em passado. Acordo com a velha filmadora
ocular, gravando minha vida em ‘cinemascope’, só o roteiro único da realidade.
Nos primeiros raios de sol, sou saudado por meus telespectadores, radiantes,
fiéis, que, por gentileza ou encanto, seguem minhas cenas com olhos de afeto.
Eles me lisonjeiam. Fazem-me sorrir. Na retina, uma fita magnética gira,
marcando instantes de lazer, momentos simples, mas eternos. Sem dublês, sem
cortes, enfrento cada quadro com coragem, com a alma aberta, sem efeitos que
escondam meus tropeços, sem máscaras que disfarçam meu ser. Sou protagonista.
Sou autor, sou um peregrino da esperança. O tempo, este diretor que não me
ordena, que não exige pressa, apenas me guia, com passos mansos, sem cobrar
ensaios. Abro a janela da sala, onde flores e essências me cercam. E nelas,
encontro paz, que me transborda em pequenas felicidades, em suaves realizações.
Não me iludo com o tempo. Contorno seus labirintos com resiliência, porque
quero sempre vencer obstáculos. Sou fiel à minha história, e as vozes que me
julgam de longe são apenas ecos, que se dissipam no vasto silêncio do meu próprio
ser. E assim, quando a noite descerra o pano e a película encerra mais um
ciclo, encaro o tempo momentaneamente, mas sempre real, e belo enquanto sou eu
quem vive cada cena das realidades da vida sem choro, mas com emoção.
Hoje
é um dia especial. Eu quase não dormi. Acordei bem cedo. É o primeiro dia de
carnaval. Espero ansiosamente pelo bloco da esperança com as emoções renovadas,
onde a alegria me extasia com a passagem da minha amada ‘colombina’, que sempre
desfila com graça e exuberância em meus sonhos de prazer e que por instantes
iluminará esse meu grande dia de ansiedade e muita gratidão de novamente
revê-la. Estou fantasiado de ‘arlequim’, com cores e brilhos, aquele que
procura sua amada em palcos de teatros, mas introspectivo e honesto, como ‘pierrô’,
apesar de guardar um sentimento puro e profundo, declarado em cartas que nunca
foram entregues por sofrer várias desilusões amorosas. Embora eu esteja
convicto dessa atração de paixão ardente, por onde a distância se interpõe, há um
silêncio entre mim e ela. Nessa grande festividade, fez-me refletir sobre os
blocos de sujo, em que os mascarados escolhem cuidadosamente o que mostrar e o
que esconder. Alguns se vestem de sorrisos para ocultar dores, outros usam
arrogância para disfarçar inseguranças. Cada um constrói sua própria ilusão,
ajustando a máscara conforme a ocasião. O meu disfarce na fantasia, no teatro
da vida, meus sentimentos são eternos, embora incompreendidos.
A velhice chegou! Os músculos
flácidos por desgaste proporcionado pelo tempo anunciam um novo estilo de vida.
As doenças e limitações, agora recorrentes, retornam e atacam quaisquer corpos
debilitados, com muita força e de forma inexorável. Faço ginástica,
fisioterapia. Procuro manter a saúde do corpo e da mente para uma melhor qualidade
de vida. Penso eu que prosseguir com exercícios, para melhorar a mobilidade e
fortalecer o corpo, é essencial para o pessoal da melhor idade. Faço várias
atividades. Gosto de escrever, ler bons livros, visitar logradouros públicos da
minha cidade, assistir filmes interessantes da sétima arte. Não ligo para redes
sociais. Essas já não me influenciam. Tenho meus próprios pensamentos adquiridos
com a sabedoria e independência, e que valorizo pelo tempo da minha vida, sem me
preocupar com interferências externas. Estou resignado e satisfeito com a minha
idade. O tempo me fez entender que a maturidade alinhada às minhas limitações
físicas e inspirações são enriquecedoras para aproveitar uma forma saudável de
envelhecer. No final da vida, o mar sempre será de almirante, com ondas imprevisíveis,
onde somos os comandantes da nossa própria navegação, escolhendo como enfrentar
as marés da vida, com sapiência e resiliência.
O brilhoso tapete de cores vivas atrás
da minha porta ainda adorna o meu quarto, que um dia foi momento de prazer;
continua frio e ondulado por nossos movimentos íntimos, extravasados de ânsias voluptuosas,
em testemunho silencioso de desejos e apreensões. O seu adeus, o último suspiro
que a ausência do seu calor entre suspiros e caladas como a noite nos
preservava, emudeceu-me em devaneios. Cada ruga na superfície da aconchegante
lã ao chão parece refletir um instante perdido, em que nossos corpos se
entrelaçavam em um silêncio profundo, que a noite envolvia nossa intimidade com
um manto de segredo e calmaria. Agora, tudo é quietude, e a falta do seu calor
ainda se faz presente, como um eco distante de um tempo que se foi, mas deixou
seu rastro. Não mais nas suas palavras ou gestos, mas no toque silencioso da
memória, gravado nas ondulações daquele que, ao pé da nossa cama, nos protegia
de males quaisquer. A noite, sem você, se tornou apenas um pano de fundo frio,
sem os mesmos sussurros, sem o mesmo calor. Já não durmo na minha cama. As
saudades do seu rosto, no chão, onde a poeira instalou-se de forma definitiva
na minha vida, assentada ao seu suor que energizava o meu coração em calores de
intimidades e emoções. Uma pena tê-la perdido em palavras saudosistas de
paixões, as cores vivas do meu coração.
Com
as mãos trêmulas, eu seguro a sua antiga foto, quase viva, em minhas mãos, como
se o tempo tivesse parado por uma ilusão e por um momento. Um amor desprendido
ao espaço, vagando sem destino, sem limites e sem retorno. Pedaços de mim se
desfazem ao tocar essa lembrança, como se cada fragmento se soltasse,
perdendo-se na imensidão do que já não é mais. O cheiro da saudade é como um
eco, que ressoa, mas não preenche o vazio que ficou. Naquele retrato, somos
inteiros, antes da despedida, antes das palavras não ditas. E, agora, o que
resta é o silêncio, esse que fica entre as linhas do passado e as que jamais
foram escritas. Às vezes, fecho os olhos e quase posso ouvir sua voz, mas sei
que é uma ilusão, uma sombra do que se foi. A foto, no entanto, me mantém
conectado, me lembra do que fomos, do que sou mesmo sem você. E assim, nesse
instante suspenso, revivo uma parte de mim que ainda lhe espera, mesmo sem saber
se há algo para esperar. Se o amor é fantasia, eu me encontro em pleno
carnaval. A minha saudade em grande desfile, cheia de cores e sentimentos, no
que a minha realidade se transformou em agonia e tristeza. Por isso, hoje, na
mesa de um botequim, procuro esquecer, em goles amargos, libertando essa
derrota, a profunda marca em meu dilacerado coração, por um pranto de emoções
contundentes. A vida é assim. Não escolhemos o nosso destino, da mesma forma em
que a lua desnuda a superfície, que julgamos impenetrável, ela aquece os
corações de casais apaixonados em delírios mentais, como uma força misteriosa e
avassaladora de prazer.
Em tempos de polarização, muitas
vezes vemos discursos políticos que buscam criar divisões artificiais, tratando
temas complexos como se fossem simples, ou fazendo comparações entre opostos
que não se sustentam na realidade. Isso pode enganar a população e gerar um
ambiente onde é difícil alcançar consensos ou propor soluções verdadeiramente
eficazes. A confusão entre alhos e bugalhos na política também pode ser uma
estratégia de desinformação. Ao misturar argumentos e distorcer fatos, é mais
fácil manipular a opinião pública, criar incertezas e distrações, afastando o
foco das questões essenciais. No fim, o resultado é uma política que se perde
em simplificações e comparações equivocadas, dificultando o progresso e o
entendimento real das necessidades da sociedade. A política deveria ser o
espaço para discutir ideias de forma clara e racional, sem confundir aquilo que
é realmente importante com questões periféricas ou irrelevantes. A questão do
STF (Supremo Tribunal Federal) gerar insegurança jurídica na política é um tema
muito debatido no Brasil. A insegurança jurídica ocorre quando há falta de
clareza ou previsibilidade nas decisões tomadas pelos tribunais, especialmente
nas jurisdições mais altas, como o STF. Isso pode gerar um ambiente de
incerteza, no qual cidadãos, empresas e até mesmo os próprios governantes não
sabem exatamente como a lei será interpretada ou aplicada, o que pode afetar
negativamente a confiança no sistema judicial e nas políticas públicas. No caso
do STF, a alegação de insegurança jurídica está muitas vezes relacionada à
interpretação das leis e à forma como decisões são tomadas pelo Tribunal.
Algumas questões alimentam esse debate, inclusive quando o STF determina e
parece ir contra a jurisprudência estabelecida ou de outras instâncias, criando
uma percepção de imprevisibilidade. Isso ocorre, por exemplo, quando o Tribunal
decide questões que envolvem a interpretação de normas constitucionais de
maneira que contradiz decisões anteriores, ou quando as interpretações são
vistas como muito amplas ou imprecisas. Outra crítica é o que muitos chamam de
"ativismo judicial", quando o STF delibera decisões que vão além da
sua função de interpretar a Constituição, passando a atuar de maneira mais
proativa em questões políticas e sociais. Isso pode ser visto como uma
usurpação das funções do Legislativo e do Executivo, além de gerar insegurança
quanto à separação dos Poderes. Em alguns casos, decisões do STF podem ser interpretadas
como um "legislar", em algo que não é da sua competência. O STF, como
guardião da Constituição, tem o papel de interpretar a Carta Magna, mas há
momentos em que suas decisões podem ser vistas como muito subjetivas,
principalmente quando se trata de temas polêmicos, como direitos fundamentais,
reformas econômicas e até mesmo questões políticas. Quando os ministros do STF
adotam diferentes posições sobre o mesmo assunto, isso pode gerar a sensação de
que a interpretação da Constituição é volúvel. Como o STF tem a capacidade de
decidir sobre questões políticas relevantes, sua atuação pode ser vista como
uma forma de intervenção na política. Decisões que envolvem o impeachment de
presidentes, a cassação de mandatos ou a interpretação de regras eleitorais,
por exemplo, podem gerar tensões políticas, especialmente quando os partidos ou
os governos envolvidos não concordam com os posicionamentos da Corte. Em
situações em que o STF decide questões fundamentais de forma inesperada, com
base em interpretações novas ou surpreendentes, há um sentimento de que o
direito não é estável, o que gera insegurança jurídica. A decisão que envolveu
a prisão após condenação em segunda instância, por exemplo, gerou muita
controvérsia, pois foi alterada diversas vezes ao longo do tempo. Por outro
lado, há quem defenda que o STF age dentro de sua função de interpretar a
Constituição e que suas decisões são necessárias para garantir os direitos
constitucionais, especialmente quando o Legislativo ou o Executivo não atuam de
forma eficaz para resolver questões de interesse público. De acordo com essa
visão, a atuação do STF, mesmo que gere desconforto ou controvérsias, é essencial
para a manutenção do Estado de Direito e da democracia. Em julgamentos
decisivos em indiciamentos contra o ex-presidente Bolsonaro, essa metáfora é
bem-vinda para o momento contemporâneo.
Hoje,
eu sinto que aqueles transtornos, provocados pelo tempo e pelas euforias da
velhice, atingiram-me em cheio. As atividades cotidianas que antes me traziam
prazer já não são prevalentes. Já não sinto ânimo para dedilhar as minhas
rotinas e vivências da vida, das minhas canções, prosas e versos, no meu
companheiro de pinho envernizado, e até mesmo do meu teclado, onde as notas
musicais brilham os meus olhos, vidrados em música, e que ambos foram presenteados
por filhos, que sempre me incentivaram musicalmente. O meu cérebro, ainda
ativo, não é como as cordas musicais desafinadas em escalas. É extensão de
minhas emoções desalinhadas, nesse sentido. O medo, a apatia e a ansiedade não
me causam preocupações, assim como a irritabilidade e o isolamento, nessa
aceitação silenciosa da transição normatizada do ser humano, nas impermanências
da vida. A minha preocupação sempre será a perda de memória, um temor de que
minha identidade se apague para sempre. Por isso, eu procuro exercitar cotidiana
e exaustivamente no teclado do meu velho notebook, o que me resta de saudades e
resgates, que um dia, fluíram com mais facilidade e harmonia. Mesmo que meu
futuro seja incerto, eu sigo com sabedoria, aceitação da minha idade e,
principalmente, o amor que eu tento passar aos meus herdeiros e amigos, que
sempre me proporcionaram alegrias, no que creio enxergar os dias e as noites, o
farol, que ilumina e sinaliza a minha mente, sem apagões prematuros.
Estou
na esquina da sua vida. Sempre a desejar-lhe as multicoloridas adorações. Nesse
mistério, em que você me urdiu os seus segredos, os quais nos tornaram
cúmplices de dilemas e atitudes, devasta a minha emoção em intensidade
emocional. Nas ruas dos desenganos, onde sou um viajante perdido numa trilha,
em busca de mais uma vez, do nosso encontro em que estou perdido nas sombras de
um grito silenciado. Nessa incompreensão em que o tempo inimigo me traz
lembranças e sensação de perda. Sou aquele que persegue expectativas. Sou
também resiliente aos dias amargos que me fazem sofrer, agora com sua ausência.
As flores do meu jardim mal desabrocharam e perdem-se despetaladas pelos ventos
da sua essência e a sua capacidade de iludir, também, seus desejos imperados de
renúncias em sua vida. No palco da minha vida, os monólogos, em isolamento
profundo, são constantes, sem aplausos e sem receptividade. Eu aceito o seu
enigma, a sua temperança de controlar suas atitudes e reações. Sou perseguido
por ironias e talvez por piedade. O que esconde a sombra do meu coração nesse
labirinto de emoções? Procuro ficar sentado em quaisquer ângulos da rua, por
onde almas em desequilíbrio por vários motivos passam por mim, que invisível,
denota o perdão aos sobreviventes, pela falta de amor. Sou mais um viajante à
procura da alma, um novo espelho e coragem para recomeçar. Um reencontro com a
realidade de sentimentos, na cura das minhas ansiedades e aflições.
Sabe
aqueles dias em que a gente acorda sem perspectivas? Hoje, eu me sinto assim.
São problemas de saúde e de justiça que se acumulam diariamente na minha vida.
Fui acometido de hiperplasia benigna desde 2013, e até hoje não foi possível
resolver o meu problema pelo ‘SUS’. Eu recebi uma oferta de um urologista
particular para realizar o procedimento, que era muito caro para meu orçamento.
Por ora, eu estou sem dinheiro. Participei de leilão público em 2010. Naquela
época, eu tinha um dinheiro sobrando na minha conta e arrematei uma casa em ‘Vila
Valqueire’, num bucólico bairro próximo a onde resido. Naquela época, eu não
sabia da minha doença. Esse leilão teve consequências graves para mim. Fiz o
conserto estrutural da casa, com trocas de rede elétrica, sanitária e
hidráulica. Aproximadamente seis meses depois, apareceu na minha casa o ‘Oficial
de Justiça’ e queria que eu assinasse a intimação, julgando que eu era invasor.
Retirei imediatamente o pedreiro e seu ajudante das suas atividades, no
interior da casa, e solicitei ao oficial da lei que me aguardasse, pois eu iria
à minha casa para levar até ele a minha escritura, registrada em cartório com o
meu nome como arrematador. Quando ele viu o documento, fez algumas anotações na
intimação e disse-me que eu perderia a casa, porque ela havia sido arrematada
um ano antes da segunda arrematação em cartórios distintos, apesar de ter
registro mencionado em nome do primeiro arrematante. Ele estava certo. Eu perdi
a minha casa e a ilusão depois de prolongada luta no cartório, e a tese de ‘só
é dono, quem registra’, caiu por terra. O primeiro arrematante reside na
Avenida Atlântica em ‘Copacabana’ e sua amizade com membros do judiciário foi
fundamental, o que facilitou as manobras no meu prejudicado processo. Sei
também das podridões dos meios políticos e do judiciário da nossa falsa
democracia, que contribuem para isso. Há dez anos, eu luto na justiça, através
de várias petições, efetuadas pela assistência jurídica gratuita, na ‘Defensoria
Pública’, para a devolução do meu dinheiro dispendido, com juros e correção monetária,
além dos danos causados pela injustiça que me proporcionaram, dando-me a
sensação de frustração e desamparo dos meios jurídicos, com falhas e
adversidades somente para os desassistidos pela justiça em prol dos poderes
monetários, nesse mundo capitalista.
A mente humana, embora um dos
instrumentos mais poderosos da nossa existência, por muitas vezes é bem traiçoeira.
Ela não é apenas um reflexo do que sabemos, mas também moldada por nossas
crenças, emoções, experiências passadas e até mesmo pelo nosso inconsciente.
Ocasionalmente, a mente nos leva a acreditar em coisas que não são verdadeiras,
nos impede de enxergar a realidade ou forma distorções que afetam a nossa
percepção do mundo. Quando a mente nos trai, ela se manifesta de diferentes formas.
Pode ser por meio de pensamentos obsessivos, ansiedade, inseguranças infundadas
ou até mesmo falsas memórias. A mente, ao tentar proteger-nos, pode nos envolver
em medos que inexistem por criar barreiras emocionais que limitam nosso
crescimento ou até nos enganar com ilusões de controle e perfeição. Em muitos
casos, ela atua como uma espécie de filtro, distorcendo as informações de
maneira que elas não correspondam à realidade. Isso ocorre, por exemplo, quando
uma pessoa experimenta uma situação difícil e, devido à carga emocional,
interpreta tudo o que acontece como negativo, mesmo que não seja. Outro exemplo
claro está nas crenças limitantes. Muitas ocasiões, internalizamos ideias de
fracasso ou incapacidade que não são verdadeiras, mas que se tornam uma
realidade dentro de nossa mente, moldando as nossas ações e decisões. Isso
ocorre porque a mente, com seus processos automáticos, gera um ciclo de reforço
de padrões negativos. Por outro lado, a mente também pode nos trair ao nos
convencer de que estamos em controle quando, na verdade, estamos sendo guiados
por impulsos inconscientes. Nossas ações, momentaneamente, são mais
influenciadas por nossos medos, desejos e instintos do que pela razão. Mas, ao
reconhecer essas armadilhas mentais, podemos aprender a lidar com elas. A autorreflexão,
a terapia, a meditação e outras práticas de autoconhecimento são ferramentas
poderosas para entender e desafiar os enganos que nossa mente nos impõe. Quando
conseguimos olhar para dentro com honestidade, podemos começar a desmascarar as
mentiras que nossa mente conta e, assim, viver com mais clareza, liberdade e
paz.
Porque, embora a mente possa nos
trair, também é através dela que encontramos a chave para a transformação e o
autoconhecimento. O desafio é aprender a navegar em suas armadilhas e descobrir
sua verdadeira força.
Sempre,
às minhas refeições, relembro você, com muita saudade, ao observar a sua
cadeira macia e almofadada, por ora vazia, em que antes acolhia seu corpo que
me enchia de alegrias e desejos. Agora, um espaço silencioso, uma peça de
museu, sem vibração. Aqui sempre foi o seu lugar. Apesar de eu estar diferente,
ainda a espero na minha porta de ilusão. É muito triste viver sozinho. Sei que você
tentou por várias vezes procurar em seu mundo as certezas de uma nova vida e
ambições de que seus projetos fossem realizados. Essa sua dolorosa partida me
transformou também. Já não sou aquela pessoa sonhadora que se contentava com a
espera de carinhos e afetos, em trajetórias de dor. Alimento-me, diariamente, de
sentimentos antigos, por nossas juras e promessas descumpridas. Hoje, eu sou
aquela luz ofuscada pelo tempo. Já não ilumino os meus pensamentos, uma
escuridão interior, abafada pela dor e pelo tempo. Se, por acaso, você bater um
dia em minha porta, penso eu, que o peso da minha solidão se dissiparia novamente,
como névoa ao sol, e a nossa casa, tão vazia e silenciosa, se encheria
novamente de vida. No entanto, todas as manhãs, eu acordo com uma brisa
diferente em meu rosto. Acho que estou à espera do seu retorno, talvez decepcionada
com o infeliz moinho das suas esperanças e aspirações. Não importa! A sua cadeira
sempre estará aqui, neste mesmo lugar que você deixou, por onde passamos bastantes
dias felizes, abrigados de ternura e paz, alimentados e partilhados de
motivações e envolvidos pelos mesmos sentimentos.
Hoje, um dia especial! Estive com amigos e parentes no salão de
festa do anfitrião Ulisses, para comemorar seus oitenta e cinco anos. Eu o
conheci na época em que ele exercia a chefia no setor de ‘Faturamento’ da extinta
‘Matriz da Fábrica Melhoral’. Companheiro de labuta e de grande caráter, que me
ensinou tudo sobre toda a atividade da seção e, mais tarde, por afinidade, nos
tornamos compadres. Minha mulher e eu batizamos a Tania. Chegamos lá, por volta
das treze horas, onde já estavam seus demais colegas de outra grande empresa, ‘Petrofértil’,
em que ele exerceu sua função na área de ‘compras’. E lá, no condomínio, juntamente com os parentes e amigos próximos no total de quatorze pessoas, fiquei feliz de também rever o amigo Antônio 'Paraíba', no auge de seus
noventa e um anos, distribuindo simpatia. Um pouco mais, já com todos reunidos, surgiu
o dono da festa. Há algum tempo eu não o via. Fiquei estarrecido e compadecido
com o meu compadre. Ele estava sentado em uma cadeira de rodas, e aquilo mexeu
comigo. Aquele homem, que esbanjava aquela energia e que sempre foi uma referência
de força e liderança, tornou-se agora fisicamente mais fragilizado, com perda
de movimento e visão. Todos nós o recebemos com aquele sorriso acolhedor. A homenagem
seguiu com muita emoção, mas também com um clima de celebração da vida e da
história que Ulisses construiu. Almoçamos um belo churrasco, patrocinados por
Vania, Carlyle, Tania (minha afilhada) e seu neto Thiago. Tentei puxar conversa
com meu ilustre compadre, para ativar a sua memória, e observei atentamente suas
poucas palavras de resposta, embora mais lentas. Quase monossilábicas em voz
suavizada pela idade. O tempo, o algoz de nossos sentidos, que passa e debilita
o corpo que se enfraquece, não dá oportunidade de escaparmos de sua garra. A
tarde passou em clima de reflexão e carinho, e todos nós, após o tradicional ‘Parabéns
pra você’, nos despedimos do cansado aniversariante que subiu de elevador ao seu
andar para dormir. Todos nós levamos um pedaço daquele Ulisses que, apesar das
dificuldades da idade, ainda nos ensina o valor da amizade verdadeira, da
resiliência e da importância de deixar um legado de conduta para os seus, como
também tudo o que ele representou e ainda representa em nossas vidas. Que o
senhor continue sendo essa fonte de inspiração para todos que tiveram a sorte
de cruzar seu caminho. Feliz aniversário, meu amigo e compadre. Que a paz, o
amor e a alegria continuem acompanhando você sempre.
Um jardim sem flor! É assim que eu me encontro. Não, ao sentir a falta de
uma palavra sua, um aceno, um sentimento de alegria em que a minha saudade e
esperança ilustram bem a minha solidão, nesse estado de incompletude e anseio,
pela ausência e falta de cumplicidade de dias de contentamento. Plantei outras
vezes, depois que você partiu as sementes no meu fértil terreno, mas estas se
perderam com o tempo. Agora floresce em mim o desejo de reencontrá-la. A
saudade que se espalha como terra nua em meu jardim, em que a esperança antes
era vibrante, agora luta para sobreviver. Isolado no meu silêncio, com você ainda
mais longe de mim, restam apenas as lembranças de reviver o que se foi, de
preencher o vazio que sua partida deixou. Não é primavera. Inicia-se hoje mais
uma estação do ano. O outono serve para se fazer análises sobre tudo o que
poderá acontecer nos próximos meses. E nesse equinócio que virou a minha vida, onde
as noites são iguais, sem novidades, sem mudanças, persiste minha melancolia.
Se for para o seu bem, eu desejo sinceramente que você siga a sua própria
estrada, em busca de novos sonhos, mas tome cuidado com as ilusões, para que
você não caia em abismos, mesmo cavados com os seus pés, segundo o grande poeta
‘Cartola’. Às vezes, a compreensão da vida nos atrapalha, em busca constante
por explicações.
Entendo que a minha felicidade não é um destino. Ela não está no
acúmulo de meus bens materiais. Creio que ela deve ser mensurada na forma como
vivo, apesar dessa visão limitante, por vezes fora do meu controle. Penso eu também
que o prazer não é um ponto fixo no horizonte, mas sim um caminho, uma experiência
que se constrói no cotidiano. Além disso, cada pessoa tem uma definição
diferente de felicidade. Porque o que traz sentido e realização para um
indivíduo pode não ter o mesmo impacto para outro? Para mim, o contentamento,
portanto, não é um caminho único, mas sim algo que se encontra em proporções
diversas em cada escolha e atitude que tomamos diariamente. A verdadeira
felicidade não vem de um lugar específico, mas da capacidade de viver com
gratidão, aceitação e autenticidade. Para mim, é isso que importa. É saber
apreciar o presente, aceitar as imperfeições da vida e estar em harmonia comigo
mesmo.
Quando
a idade avança, inicia-se a cobrança quase que inexpugnável do tempo, e comigo
não é diferente. Eu sempre tive dificuldade de enxergar, principalmente quando
sentava longe da lousa em momentos escolares. Essa situação perdurou por muitos
anos e, contra a minha vontade, isso foi fatal à minha saúde, o que me obrigou
a usar óculos até hoje. Foram algumas trocas de lentes e armações estéticas. Fiz
vários exames oculares e não foram constatados glaucoma nem catarata. No
entanto, há quase trinta anos, lá no meu trabalho, tive um acidente vascular cerebral
leve, só quando eu cheguei à minha residência foi que notei o que havia
acontecido. Fui ao ‘Posto de Saúde’, em ‘Muriqui’, ‘Distrito de Mangaratiba’, e
a minha médica constatou esse acometimento por uma variável da pressão. Fiquei
com um esticão perceptível no canto do lábio direito e a cobrança chegou agora
para consolidar as fases da vida. E não é só isso! Tenho também hiperplasia
prostática benigna, outra má companheira descoberta nos anos noventa que
dificulta bastante a micção com algumas infecções urinárias, por esse motivo.
Também percorri alguns hospitais públicos, sem sucesso. Naquela época, o médico
disse-me que realizaria o procedimento por vinte e cinco mil reais. Hoje deve
custar mais que o dobro. Estive na lista do ‘Sistema de Regulação’ por mais de
quinze anos e não sei o que houve. Veio a pandemia da ‘Covid-19’, com
tratamentos suspensos ou adiados, e o meu nome foi retirado da lista, uma
frustração em relação ao sistema de saúde pública e às longas esperas para ser
atendido condignamente. Essas situações, por mim relatadas, fazem de mim uma
pessoa resiliente, que enfrenta com coragem e paciência as adversidades de
todos esses anos. Nesse complexo processo de envelhecimento, apesar de tudo, eu
encaro a vida com muita alegria, porque esses prazeres são efêmeros. Isso, as
doenças não irão me contaminar. Sigo com muita energia e vigor, e elas não
definem a minha forma de viver. E com essa motivação, eu seguirei meu caminho
até o resto dos meus dias.
As
músicas me acalmam, principalmente as belas e refinadas eruditas, que em ritmos
de sinfonias complexas, como a que estou vivendo neste momento de refúgio, tão
difícil e adverso. Uma fuga ao tempo, num luto emocional. Minhas agitações foram
estendidas por decepções e angústias atribuídas não só a mim, como também a
ela, por distanciamentos reservados em novas tecnologias digitais dos tempos
modernos. Tenho perambulado pelas ruas, sem harmonia rítmica e sem equilíbrio.
Uma parte de mim se foi. Uma pessoa que julgava a companheira para sempre,
idolatrada em meus versos e prosas, a minha inspiração maior, que preenchia
ocasiões de alegrias, e que já não existem mais. Nesse meu novo itinerário, os
raios solares do amanhã me satisfarão apesar das nuvens e chuvas torrenciais carregadas
de maus sentimentos e que prematuramente me ensoparam de dilúvios, quase
permanentes. Mas eu acordei. Procuro uma nova mão para dançar, para brilhar e juntos
contemplarmos o sol iluminando as nossas novas emoções, com ventos suaves para
a minha vida em reconstrução. Uma âncora forte e resistente para futura jornada
itinerante, na barca do amor, sem amargar derrotas. E quem sabe uma companhia
que goste de música, como eu, para dançarmos valsas com sons sincopados, em
comunhão de almas, em salões soberbos de diversões, e especialmente, com graça,
beleza e exuberância, na riqueza das suas qualidades e afeições à vida. Espero
alcançar esse sonho com objetivo e esperança, a todo amanhecer.
Bom
dia! Lembro-me de que, aos seis anos, aproximadamente, o meu pai adquiriu uma
parte de terreno na Rua Doutor Carlos Gross, uma rua sem saída, onde se via a
mata virgem e uma pedreira em exploração com renitentes avisos de explosões. Lá,
ele construiu uma humilde casinha para abrigar esposa e filhos, tudo com muita
dificuldade. O nosso lote era remembrado, mas separado por cerca. Na parte da
frente morava o português, de nome Albano, que vendia pipocas em frente ao
cinema Baronesa e Ipiranga, em dias alternados. Coitado! Teve uma morte trágica
e horrível: morreu inesperadamente, de infarto fulminante, ainda bem jovem, no
banheiro da sua linda casa, deixando mulher e filho. Nós morávamos na parte dos
fundos do terreno, era bem maior, com muitas árvores frutíferas. Recordo-me
ainda de que eu e meus três irmãos ajudávamos nosso pai, enchendo o carrinho de
mão, numa barreira que existia no fim da rua. É claro que não atulhávamos o
precioso produto, o nosso era em menor proporção, por nossa idade, para aterro
nos cômodos da casa, que ainda seriam erguidos. Ela foi construída num local
íngreme, razão pela qual demandou bastante tempo para plainar o solo do nosso
lar. Tínhamos um quintal, bastante comprido, com árvores: pinha, romã, fruta-do-conde,
amora, mamão, amêndoas vermelhas e brancas, além de taiobas, carás. Na cerca,
que era de tela de galinheiro, a mamãe plantou a hortaliça bertalha, que se
alastrava por toda a extensão do cercado. Comíamos muita bertalha com ovo do
nosso próprio quintal, porque havia lá uma pequena criação de galinha e pato.
Como a rua era isolada, meus irmãos e eu nos entretínhamos com várias
brincadeiras. Mas isso, eu contarei mais tarde, porque nesse momento foge-me a
lembrança.
Prestes
a completar setenta e cinco anos, sinto-me realizado e em paz com o que vivi
até agora. Trabalhei muito, por vezes em dois empregos, além de horas extras,
inclusive em alguns domingos, mas não desisti. Dei tudo de mim e hoje, com a
sensação de dever cumprido. Tive dois casais de filhos, todos encaminhados pelo
caminho do bem, assim como meus quatro netos maiores e uma neta, ainda com
cinco anos. A família, para mim, é intocável e primordial, um alicerce que deve
ser inabalável. Os tempos mudaram, assim como ela. A chegada do mundo digital,
um excelente benefício indiscutível, facilitou o acesso à informação e ao
conhecimento, mas também trouxe desafios. Os comportamentos já não são mais os
mesmos, a mulher teve que se unir ao marido em suas conquistas e os filhos, na
sua maioria, passam tempo em frente às telas, entre quatro paredes, sozinhos,
aprendendo essa nova realidade virtual, especialmente após a volta das aulas. O impacto da tecnologia na educação e no
desenvolvimento do caráter das novas gerações enseja uma interrogação sobre
a educação futura, o que é bastante inquietante. Com meus três quartos de
século de vida, já vi muita coisa, e talvez veja alguma novidade, mas continuo escrevendo
e inspirando minhas convicções sobre a família na amplificação de dias melhores
e decisivos na nossa vida, mesmo com o efeito da inovação nas novas gerações.
Não
é época de primavera, uma das mais belas estações do ano. Sinto falta das
cigarras, com seus sons inconfundíveis, instaladas em troncos de árvores, sobre
ritmos frenéticos de cantorias, ao esfregarem as asas no próprio corpo, à
espera da metamorfose em busca de uma parceira para o período reprodutivo, em
sinfonia de ciclos, que normalmente se estendem até o mês de março, com seu fim
da temporada. Era comum, quando criança, ouvir os seus exaustivos cantos ao entardecer.
Elas também são importantes no papel ecológico. São vulneráveis e
transformam-se em dietas de vários pássaros, pela facilidade de serem localizadas
por altos sons, determinando a sua localização em benefício do equilíbrio da
natureza. O meio ambiente é sensacional.
Na
morte do prazer eu a tenho por inteira.
Renascem minhas fantasias, que antes eram agonias.
Ficando perto de ti, esqueço a distância aos teus ouvidos.
Nesse fogo que me incendeia em ruptura vascular.
Nas labaredas de confissões, de paixões, de felicidade e de paz.
Onde as cinzas me enchem de vida e que arderam em mim um dia.
Nessa
entrega total onde sou teu e tu és minha.
É que nos mata em gozos sem fim.
Hesito um pouco em te falar que ainda conjugo o verbo amar.
Porque cada prazer, como a morte, as juras não têm fim.
E a cada morte tu vives mais em mim.
Bom dia! Sou a poesia? Abra a janela?
Deixe o sol entrar! Sou a alegria imensurável, o vento que esvoaça sempre, os
seus cabelos em liberdades de letras. Sou a rosa-vermelha, símbolo do amor e da
paixão, que não se despetala de seus desejos. Sou uma força de beleza da vida. Além
disso, a gentileza de consoantes e vogais. Inclusive o mar de calmaria, que
revigora as ondas, em danças suaves de movimentos e imagens, por onde seus pés
caminham em quietudes sem fim, por mais um dia de alegria. Sou a serenidade que
transmite a paz e harmonia. Falo do seu corpo. Beijo-lhe com palavras e sempre
faço um acordar feliz, continuamente, no meu estilo de ser, em suspiros de
leveza. Sou a brisa que se alterna e suaviza a sua noite, que acalenta seus lindos
sonhos. Os vários autores, que enriquecem seus vocabulários em versos, rimas e
estrofes, em seus outros universos, além de flores, luares e estrelas, se
renovam. Entre os maus e bons momentos, sentimentos, choros e risos, entre
saudades e aflições, o poeta, sem saber, deixa depois que morrer a sua marca
para a eternidade. Eu sou assim. Sou a essência de instantes, sem me importar
com a minha criação, porque eu constantemente sou bem-vinda aos meus leitores. Uma
semente plantada que floresce a imaginação. Entro em seus pensamentos e clareio
a sua mente. Dou um suspiro de vida, na arte de celebrar as emoções e transformações.
Eu posso não agradar a todos. Sei das minhas imperfeições. Mas, sei também que as
vidas de amantes das minhas transcrições buscam em mim a serenidade de momentos, introspecção e solidão. Eu sou um ambiente cheio de beleza e mistérios. Caso
você queira me desfolhar, eu estarei em todo tempo disposta a lhe ajudar em quaisquer
prateleiras de bibliotecas, mesmo que empoeiradas, porque noto que muitos já
não me procuram por diversas situações, mas sempre aberta a profundas e
vibrantes inspirações de mais um belo e significativo enriquecedor do seu dia.
Eu amo transformar as pessoas!
Você
sabe aquele vazio no coração? Hoje, como cotidianamente, eu estou assim! Sem
ânimo para nada! A minha energia foi embora, e meus dissabores permanecem em
inconstantes dias. Eu não consegui ninguém para compartilhar da minha vida. Eu
sou um solteirão carente de tudo. Somente a profunda solidão me conduz até aqui.
Uma companhia difícil de lidar. Com ela, a reprimida, eu diariamente me
desabafo, eu falo mal e choro copiosamente em lembranças da menina que enchia o
meu peito de alegrias, mas os frustrantes pensamentos, até agora, me
perseguiram principalmente nas noites, da claridade da lua que ainda ilumina a
janela do meu quarto. Já tentei várias distrações, novas formas de viver,
atividades ao ar livre, mas tudo em vão. Mas, ela não sai da minha mente. A
minha idolatrada namorada de escola, nos tempos fundamentais. E por onde ela
andará? A lembrança de adolescências me satisfaz e traz também à tona muitas
emoções, principalmente as vividas na recreação escolar. Se pudesse, eu
voltaria ao tempo, eu lhe diria como foi bom conhecê-la, como suas risadas me
impressionavam, como o meu coração palpitava todas as manhãs entre olhares inocentes,
perfilados ao ‘Hino Nacional’. Seria fabuloso, um reencontro de conexões e de
respostas que se perderam ao longo dos anos em indagações, impactadas e presas
à minha memória. Essa saudade que dilacera os corredores da minha mente e
coração permanece ativa. Será que ela casou? Que ela tem filhos? Eu não tenho
herdeiros! Só criei incertezas, desconectado de experiências, que eu imaginava
viver, como a criação de uma família, com alguém especial. Por onde ela estiver
eu estarei sempre alimentando o meu desejo de que ela seja bastante feliz, e a
meu lado, a saudade distante e silenciosa, mais uma vivência de esperança que
mantém as minhas vivas recordações.
Eu poderia escrever um livro sobre esse título acima, mas resolvi
sintetizar o que está acontecendo no Brasil, apesar de interferências entre
poderes, nessa nossa dita democracia que agracia os poderosos de plantão e o
povo sucumbindo em seu derradeiro calvário de mazelas políticas e corrupções. Partidos
políticos desembarcarão em alto-mar. O ano de dois mil e vinte e seis se
aproxima e a debandada será geral. Todos estão como aves em séries de ‘Pesca
Mortal’. Esvoaçam-se à espera da colheita, para o bem ou para o mal. Notam-se
contrariedades de algumas aves em dispersão, do nosso transatlântico. A crise econômica
da administração Dilma deu início à turbulência, por manobras fiscais, até o
derradeiro impeachment da presidenta. Vieram depois Temer e Bolsonaro. Temer
concretizou na sua gestão o controle da inflação, aprovação da ‘PEC’ do Teto e
modernização trabalhista, entre outros. Bolsonaro foi responsável por uma
expressiva desburocratização e modernização do sistema público, com a digitalização
recorde dos serviços públicos federais, por meio da criação da plataforma
digital “gov.br”, e posteriormente mediante a ‘Lei do Governo Digital’. Lançou
também, em seu comando, a plataforma ‘PIX’, um sucesso, que deu início ao
governo Temer. No entanto, com a chegada de Lula, no seu terceiro mandato, o leme
da nossa embarcação está emperrado. O poder, com sangue nos olhos, trouxe um
novo capítulo esquerdista, ligado a ditaduras e outras coisas mais, nesse momento
de estagnação política. As promessas de campanha de Lula, que geraram tantas
expectativas entre seus eleitores, não foram cumpridas da maneira que muitos
imaginavam. A liderança do presidente parece estar imersa em dificuldades, com
desafios econômicos que continuam se arrastando sem soluções claras à vista. O
pacto de crescimento e progresso, que Lula prometeu, até agora não se
materializou, e muitos dos que o elegeram começam a questionar sua capacidade
de conduzir o país com a volta da inflação e a majoração de preços de produtos
e serviços. A sua liderança parece estar presa em uma encruzilhada política e
econômica. O pacto de crescimento e progresso, ao menos até o momento, não se
concretiza da forma esperada, com baixa popularidade de seus eleitores. O país
enfrenta um cenário de paralisia, com desafios econômicos que parecem se
arrastar sem um rumo claro. O "Titanic Brasileiro", aparentemente,
continua sua jornada sem um destino certo, com um governo que busca retomar os
rumos, mas se depara com uma realidade complexa, onde as soluções não são tão
simples. Assim, o Brasil continua a navegar em águas incertas, com os partidos
políticos tentando encontrar seu lugar em um mar revolto, enquanto a população
observa, aguardando por um futuro que, ao menos por enquanto, parece distante.
Enquanto a polarização estiver acirrada entre extremistas de direita e
esquerda, nós ficaremos à mercê das ondas. Enquanto essa disputa política persegue
a maioria dos brasileiros, que continua à mercê das ondas, e poucos botes
salva-vidas, e uma população cada vez mais aflita. A incompetência
governamental, que por ora torna o caos no Brasil, leva muitas pessoas ao
desespero, com balelas e injustiças políticas. Talvez, um dia, os sobreviventes
entendam o que acontecerá com o "Titanic Brasileiro" e, quem sabe,
reconstruam um futuro mais promissor. Mas, por enquanto, o país continua à
deriva, aguardando um novo capitão, que, talvez, nunca apareça.
Uma obra-prima que exibe harmonia, nas mãos habilidosas de um grande
especialista, representando a perfeição fidedigna para o seu ideal. Detalhes
meticulosos, a simetria das formas, em busca incessante da beleza em repouso. O
corpo de uma mulher, esculpido com precisão, transmite uma sensação de leveza,
como se ganhasse vida. O rosto dessa criatura em transformação, talvez de
expressão serena ou contemplativa, parece refletir um estado de tranquilidade e
força interior, com os olhos suavemente fechados ou olhando para o horizonte,
imortalizando a mulher não só como um ser físico, mas como uma ideia de forte equilíbrio
e harmonia. Um monumento de mulher, quase deslumbrante, vai além da mera
reprodução de uma estrutura. É uma abstração da feminilidade, uma visão do que
poderia ser a perfeição, uma representação do ideal que cada mulher, de certa
forma, carrega dentro de si. Uma figura de beleza, uma personificação da força,
da vulnerabilidade e da capacidade de se manter inteira em meio aos desafios da
vida. Uma primazia inigualável e desejada por instintos observadores. A arte
esculpida é assim, um convite a repercutir sobre a mulher física, como um ideal
atemporal, repleto de nuances, forças e fragilidades que a tornam não só
primorosa, mas profundamente humana. Uma verdadeira mulher sonhada em prosas e
versos, em realidades infinitas, como também na imaginação e no coração
daqueles que reconhecem a força que ela representa.
O que é sofrer! Se você partiu sem despedidas e brigas cotidianas!
Será que foi o vazio que ficou quando a sua ausência instalou-se no lugar onde
você costumava estar? Será que foi a saudade que chegou sem aviso, mas abrigou-se
como um peso nos meus ombros? Penso que sofrer é não poder dizer um último ‘eu
te amo’, sem sequer um adeus. É a dor silenciosa que se prolonga naqueles
momentos que antes eram simples, mas agora são eternos. O que é chorar! Se você
enxuga as lágrimas com o calor do dia! Será que chorar é ver a dor refletida
nos olhos, enquanto o coração se parte aos poucos? Será que é um pedido mudo de
algo que não pode ser dito, mas que se sente intensamente? Será como o sol, que
surge depois da tempestade, a esperança se faz presente, até que o choro se
acalme e a dor diminua? Chorar! Então, é refletir sobre um amor que ainda
pulsa, mas que precisa aprender a se curar? O que é padecer! Se você se diverte
sem a minha presença. Padecer é carregar no peito a ausência de quem sempre
esteve lá, e sentir que o mundo segue, mas o ritmo do coração parece ter
parado. É observar os outros sorrirem enquanto você se perde na saudade.
Mas, quem sorri sem o outro, não sabe o que é realmente viver com a falta.
Será que padecer é esse constante momento de luta interna entre seguir e ficar
preso ao passado? Sim! Eu já sofri, já chorei, já padeci. Valorizo as
adversidades e bonanças. Atravessei momentos de dores e preparei as curas do
meu coração. As palpitações diminuíram. E aos poucos a dor, o sofrer e o soluço,
que antes eram como falas eloquentes, seguem os meus passos de andarilhos em
ilusões e emoções nessa vertiginosa mudança da minha vida. O tempo é
persistente. Quase acabou comigo. Hoje abro a janela, em renovação. E o
passado? Ficou para trás. Eu preciso de um futuro diferente e só depende de mim
a libertação da minha memória.