No silêncio entre o ontem e o agora, há um limiar invisível. Ninguém o vê cruzar, mas todos o atravessam. O tempo não bate à porta. Ele entra, senta-se à mesa, bebe do nosso copo, e nos observa envelhecer com uma paciência que só os deuses têm. Há um ritual em cada gesto: ao calçar os sapatos pela manhã, ao apagar a luz antes de dormir, ao soprar a vela de mais um ano ou ao esquecer um nome que antes era íntimo. Não há tambor que anuncie, nem sacerdote que abençoe. O rito se faz no corpo: na curva da coluna, na leveza da infância que se afasta, na sombra da primeira ruga que brota como raiz de árvore no rosto. Cada estação carrega seu próprio altar. No verão, celebramos o corpo vivo. No outono, enterramos versões de nós. No inverno, silenciamos. E na primavera, fingimos renascer. O tempo, esse sacerdote sem rosto, nos veste e despoja sem pressa. E ao fim, não nos toma, apenas nos devolve ao que sempre fomos: partes do inacabado, pedaços do eterno.
Mulher, tu és uma flor que hesita em abrir suas pétalas por temer vento. Mas te esquece: o vento não é teu inimigo, ele é quem te ensina a dançar, a ser forte, a se expandir. O amor, assim como o vento, não vem para te destruir, mas para te moldar, te transformar. Não deixe que as dúvidas abafem a beleza que pulsa dentro de ti. O amor, em sua essência mais pura, te encontra quando te permites florescer, quando te entregas ao que és de verdade. O mundo precisa da tua força, do teu brilho, da tua capacidade de amar e ser amada, na tua sensível verdadeira eternidade.