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segunda-feira, 6 de março de 2017

Dois brasileiros na Suíça – Parte 3

Dois brasileiros na Suíça – Parte 3

Em oito de fevereiro, acordamos, tomamos café, quando Markus chegou do trabalho, almoçamos com ele que em seguida foi cumprir a segunda etapa laboral. Às vinte e uma horas lanchamos, tomamos banho e fomos dormir. Hoje nove de fevereiro, acordamos novamente tarde, tomamos café e ficamos no quarto o dia estava friorento. À noite Markus e eu fomos à Lucerna apanhar o carro BMW na casa do seu amigo Roman e às vinte e duas horas retornamos. O Markus trouxe a BMW e eu o carro da marca Volvo. Hoje dez de fevereiro, acordamos às onze e meia, tomamos café e ás quatorze horas, fomos à cidadezinha de Wholen, cerca de vinte e cinco quilômetros de Mülligen, a passeio. Passamos por vários mercados e às dezenove horas retornamos para casa. A viagem foi tranquila, pois foi a primeira vez que eu dirigi sozinho e somente com a ajuda do GPS. As placas têm padrão internacional, mas algumas eu desconhecia, além das palavras em alemão. Hoje onze de fevereiro, acordamos quase meio dia, porque não consegui dormir desde três horas da manha. Dirigi-me a cozinha e todos me aguardavam na para tomarmos café. Depois do café Markus, Paris e eu fomos levar os carros para lavar. Após o almoço fomos ao shopping passear e logo depois das vinte e duas horas retornamos para a nossa casa e fomos dormir. Já doze de fevereiro, Markus levantou cedo e levou a Paris para uma excursão escolar. Lá ela entrou num ônibus juntos com seus coleguinhas e partiram inclusive para fazer competições de snow board. Depois Markus retornou e nos apanhou para passearmos. Fomos a cidade de Turgal, divisa com a Alemanha, depois visitamos Reinsfall, por onde passa o rio Reno. Retornamos ás dezoito horas e lanchamos uma comida turca muito boa chamada “Kebap”. Hoje, treze de fevereiro, saí antes das oito horas, antes tomei café, e fui com a Markus a uma empresa que vende reboque e fomos tentar arrematar sete reboques para depois revendermos. Passamos na garage do libanês Hassan, que nos atendeu muito bem. À tarde retornamos para casa, mas não conseguimos o valor que queríamos para arrematar os equipamentos. Hoje catorze de fevereiro, acordamos às dez e meia, tomamos café e depois fomos a Baden comprar algumas coisas. À noite jantamos, conversamos um pouco, assisti com o meu genro o jogo em que o Barcelona de Neymar foi goleado pelo Paris Saint Germain por quatro a zero e depois eu fui dormir. Hoje, dia quinze de fevereiro, acordei por volta de meio dia, tomei café e fiquei no quarto direto na internet. O meu genro Markus saiu a trabalho na cidade de Wettingen, que fica a aproximadamente duas horas de Mülligen, estará dois dias fora a fim de resolver pendencias relativas ao novo emprego. A Glaucia fez uma faxina na casa.  À noite jantamos Glaucia, Tania e eu e em seguida fomos para o quarto da Glaucia. Assistimos a um programa da televisão brasileira, através da internet e dormimos por lá já que o Markus viajara a serviço. Hoje, dezesseis de fevereiro, acordamos por volta das onze e meia e tomamos café. À noitinha fomos novamente a Wholen, no mercado Denner fazer algumas compras. Logo que chegamos a nossa casa, o Markus retornara de Wettigen, a serviço, jantamos e conversamos vários assuntos ate a meia noite, depois fomos dormir. Hoje dia dezessete de fevereiro, acordamos às nove e meia, tomamos café e decidimos fazer as nossas malas para retornar ao Brasil no dia vinte de fevereiro. Fizemos um pequeno lanche, ou melhor, comemos algumas coxinhas de galinha assadas e após as dezoito horas, nos encontramos com o senhor Baumann que nos convidou para comermos um fondue no restaurante perto de Wolhen. Após duas horas de jantarmos, fomos visitar o Castelo de Lensburg, com mais de mil anos de existência. Chegamos a nossa casa às vinte e três horas e fomos dormir. Acordamos hoje às nove e meia da manha, tomamos café e em seguida Markus na BMW e eu no Volvo nos dirigimos para a garagem de um amigo em Danikon, a fim de guardarmos o Volvo lá.  Após deixarmos o carro seguimos para a cidade de Bremgarten, uma cidadezinha aconchegante cortada pelo Rio Aar, afluente do Reno. Em seguida pegamos a Paris que retornara do acampamento férias escolares e voltamos para casa, aproximadamente às treze e trinta. Logo após o almoço, partimos para a cidade de Basel, a Paris não foi porque estava cansada da viagem e ficou em casa. O Markus nos deixou na cidade e foi cumprir a sua missão de treinador com o seu time da quarta divisão local. Tania, Glaucia e eu visitamos vários lugares da magnífica cidade de Basel. Após cinco horas o Markus chegou a Basel um pouco chateado porque o time dele perdera por dois a zero, tomamos um cafezinho e nós retornamos ao nosso lar. Cansados pela exaustiva caminhada, todos nós fomos dormir. Hoje, dezenove de fevereiro eu acordei às seis e meia da manhã. Não consegui dormir. Estava clareando o dia aqui na Suíça e eu fiquei no meu velho laptop digitando o que eu vivi aqui nesses dias. Talvez a insônia seja causada pela ansiedade de retornar ao Brasil. Por volta das dez horas o Markus entrou no nosso quarto alegremente com uma medalha de ouro. A filha dele ganhara o primeiro lugar no evento de esqui nas competições de sua escola. Um grande incentivo para os alunos. Em seguida o meu genro preparou o nosso café especial de despedida. Logo depois o meu genro nos chamou para conhecermos o aeroporto próximo a casas dele. Acabei dirigindo o MBW, após muita insistência de meus anfitriões. A minha filha Glaucia preparou para o nosso almoço o famoso raclette. Um prato típico da Suíça que consiste de batatas cozidas, bacon e queijo raclette que derrete facilmente com o calor da racleteira, como se fosse um fondue. Às dezesseis horas o Markus levou a Paris para casa, retornou uma hora depois, almoçamos juntos a raclette preparada com muito carinho pela minha filha Glaucia. Demos uma breve vistoria nas malas e antes da meia noite nos recolhemos para dormir. Hoje dia vinte, dia de nossa despedida. Acordamos ás três horas da manha. Aprontamo-nos e fiz um cafezinho para nós e ficamos aguardando o Markus acordar para nos levar ao aeroporto. Chegamos ao aeroporto de Zurique por volta das cinco horas da manha. Fizemos o check in, o Markus e Glaucia tomaram um cafezinho e logo depois nos despedimos. Passamos pela policia local para carimbar o passaporte e nos dirigimos ao avião com destino a Lisboa com horário de saída ás seis horas e vinte minutos. Chegamos a Lisboa às oito horas e vinte minutos. Lá apanhamos um ônibus e fomos para outro terminal. Assim carimbamos novamente os nossos passaportes e aguardamos o embarque com saída para o Rio de Janeiro às dez e meia da manha. Chegamos ao nosso destino às dezessete horas e trinta minutos. Apanhamos as nossas malas, passamos pela polícia federal, saímos do corredor e deparamos com os nossos filhos Aline e Augustus que estavam ansiosos com a nossa demora. De lá seguimos para casa e fomos jantar no Bosque da Praça. Em seguida apareceu a nossa neta Natália que viera da faculdade e também participara do jantar. Os nossos filhos nos levaram novamente para casa. Tomamos um bom banho e fomos dormir bem cansados da fatigante viagem, deixando a abertura das malas para o dia seguinte. Mas isso é outra história.


Boa Noite!

 Boa noite!

Boa noite a todos. Infelizmente estive afastado do meu site em virtude de viagens e em sequencia o carnaval. Como se diz o ano recomeça hoje dia seis de março de 2017. Fiz um balanço de minha viagem ao exterior, precisamente na Suíça e em seguida passei o carnaval junto com a minha família em Praia Seca, Distrito de Araruama/RJ. Espero que todos sem exceção que me seguem ou não tenham conseguido se divertir com muita paz. Estou feliz porque a Portela, minha escola de samba, sagrou-se campeã e vida que segue.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

A casa da Suíça

A casa da Suíça a qual estou hospedado tem uma peculiaridade. Descendo a escada para o subsolo vemos um grande cômodo, onde se encontram o tanque e a máquina de lavar, com varal apropriado para estender roupas. Lá ainda estão guardados vários pneus, carrinhos, aparador de grama, tacos e bolas de beisebol, esquis, bicicletas, etc. No porão foram construídos quatro quartos. Eles são claros e arejados, não dependendo da luz artificial enquanto perdura o dia, porque na parede de cada cômodo existe um tipo de janela retangular, como se fosse basculante, o que dá claridade e ventilação necessária para enxergarmos e movimentarmos no recinto.  No primeiro quarto fica a caldeira, junto com equipamentos que monitoram a temperatura ambiente. No segundo, lavanderia composta de armários com objetos em desuso, vários sapatos e botas, pratarias, mesa com materiais para engraxar, artigos eletrônicos, ferramentas grandes e utensílios usados no verão. No terceiro, onde a minha filha passa roupas, uma estante com vários documentos contendo pastas catalogadas com contratos extintos, juntamente com móveis e ferramentas pequenas. No último quarto, o mais frio, a adega porque no chão foram colocados tijolos com furo para cima. Lá se encontra o freezer, vários objetos e também móveis obsoletos. Mais adiante tem uma porta que dá para a lateral da casa, com uma escada que interliga o subsolo ao solo para a parte exterior do imóvel. No solo, temos a porta principal, logo na entrada um hall, com portas para uma ampla sala, dois quartos e um banheiro grande, seguida de uma espaçosa cozinha com todos os equipamentos necessários para uso. No segundo andar mais dois grandes quartos, tendo um deles uma varandinha com banheiro na mesma dimensão dos cômodos primeiro andar. A casa é bem arejada e confortável.  O imóvel foi construído ha quarenta anos e é bem conservado, inclusive os seus equipamentos.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Bom dia Suíça!

Há dezenove dias na Suíça, eu vejo a neve, a chuva, o sol, mas não vejo o calor humano. O pessoal daqui é individualista. Eles são criados para serem autossuficientes. Raramente saem de suas casas. Todos ficam trancafiados, prisioneiros deles mesmos.  Casualmente vejo alguns fumando do lado de fora, em frente a minha janela, quando vou fazer as minhas refeições e logo retornam para seus ninhos. Agora! São disciplinados e sem exceção cumprem a cartilha do país, tanto as pessoas físicas como jurídicas. Aqui as regras são claras. Se houver algum erro a penalidade será uma multa bem pesada no bolso, o que eu acho até correto. Respeito é a palavra certa aqui na Suíça. Tudo é feito para preservar o espaço do próximo. Falar baixo e não fazer barulho é um deles. Aqui desconhecem a palavra empatia. Pelas cidades em que eu percorri, assisti pessoas andando rapidamente com aquele ar rabugento. O sentimento passado a meus olhos é de que são solitárias. Parece-me que estou em um daqueles filmes do futuro. Elas são robotizadas, tem horários para tudo. Os habitantes dessa região estão habituados a pesquisar o tempo antes de saírem para o trabalho. Não se preocupam com o que você veste, não olham para você direta ou indiretamente e nem ficam a observar o vizinho, coisas que no Brasil é normal, como a maioria de brasileiros fofoqueiros. Eu soube pelo meu genro Markus que existe uma ponte em Berna, onde há muitos suicídios. Esses suíços são essencialmente profundos.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Notícias desanimadoras que recebi na Suiça

Boa noite senhores!
Eu estou fazendo um diário aqui na Suiça que será divulgado futuramente, quando do meu retorno ao Brasil. Apesar de estar ausente do país tenho acompanhado pelas redes sociais inúmeras noticias nada confortadoras. Mortes de pessoas através de balas perdidas já não são estampa de primeiras paginas, pois é fato corriqueiro. Não estão respeitando nem as crianças que brincam em parquinho próximo a lojas de refeições rápidas. Os trabalhadores saem de casa, mas não sabem se voltam. Recentemente também nas redes sociais recebi a informação de que a mulher do ex- presidente Lula, fora acometida de um AVC. Não me vanglorio com relação a problemas de saúde com pessoas envolvidas em atos ilícitos como apontam o Ministério Público e a lava-jato, mas esse seria o momento de reflexão para todos e que existe também um Deus que cobra a todos e que devemos pagar pelos nossos atos aqui na terra como no céu. Agora o que causa perplexidade é a morte prematura de um juiz que se dedicava com a moralização do Brasil e que alguns políticos subtraiam para si e com ganancia elevada somas altíssimas em dinheiro e se achavam que com a praticidade de atos espúrios sairiam ilesos dessas falcatruas. Fatalidade ou não o governo deverá ter a lucidez e juntos com o STF acharem uma alternativa de não acabarem com o desenvolvimento do trabalho exercido pelo senhor Teori Zavascki que nos deixou precocemente nesse terrível acidente aéreo na costa sul fluminense em Parati/RJ. Eu estarei aqui em Mulligen/Suiça até 19 de fevereiro de 2017. Estou gostando muito desse país e aprendendo e quem sabe tentar passar um pouco desse aprendizado em meu país. Abraços a todos.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Dois brasileiros na Suíça

Bom dia! Viajamos minha mulher e eu no dia 19 de janeiro de 2017 para a Suíça. A viagem foi tranquila do Rio de Janeiro para Guarulhos e de Guarulhos à Suíça. Em Guarulhos aguardamos por mais quatro horas e embarcamos às vinte horas e vinte minutos até ao nosso destino. Chegamos  a Europa muitos entusiasmados, afinal foi a nossa primeira viagem internacional. Viemos especialmente para o casamento da nossa filha Glaucia com nosso genro Markus Ruesi. O desembarque foi sem transtorno, passamos pela migração, aonde fomos bem recepcionados pela integrante da policia  de fronteira que nos fez algumas perguntas sobre o objetivo da  nossa entrada e permanência no país e logo após carimbar os passaportes nos desejou boa sorte. Agradecemos e depois de caminharmos por dez minutos no gigantesco aeroporto de Zurique, pedi informações a cerca de nossa malas. Tivemos que descer um andar e entrar num trem idêntico ao metrô de Rio e três minutos depois chegamos ao terminal de bagagens, onde encontramos as nossas três malas intactas e sem rasgos, coisas que geram varias reclamações dos que viajam por esse mundo afora. Em seguida saímos desse setor e encontramos com os nossos anfitriões no hall do aeroporto e em menos de trinta minutos já estávamos em Mulligen, local da residencia de ambos. Após nos alojarmos eles no mostraram os compartimento da casa e achei muito interessante o seu interior como também a praticidade de uso dos maquinários da casa, coisa que no Brasil nem se iniciou. Nesse mesmo dia logo após a macarronada preparada por meu genro, recebemos a visita de amigos do casal, o Gelliton, Greice e sua filhinha Ana Beatriz que também são brasileiros e vivem na Itália. Ficamos conversando por mais algum tempo,. Disse-me Gelliton que era de Vila Velha. uma pequena cidade do Espírito Santos. Logo nos familiarizamos e fomos primeiramente a casa do senhor Baumann. Este já esteve no Brasil, hospedado na casa da minha filha na Taquara, bairro do município do Rio de Janeiro, por ocasião das Olimpíadas realizada no Rio e nos tornamos amigos. Fomos lá para arrumar hospedagens para Gelliton e família e o senhor Baumann muito solicito arranjou um quarto para ele pernoitarem lá até o dia seguinte do casamento. Depois fomos apanhar a filha de Markus, chamada Paris, fruto de um relacionamento anterior, em sequencia à floricultura e depois a um shopping em Brugg, bairro perto de Mulligen e meu genro comprou para nós duas botas apropriadas para a neve, fez umas compras no mercado, daí lanchamos e retornamos para nossa casa e continuar a preparação do casamento. À noite eu tomei um banho e fui dormir extenuado. Já a minha esposa, minha filha, genro e o casal mencionado acima foram ao restaurante fazer a ornamentação onde seria a realização do evento. No dia do casamento acordamos cedo, tomamos café juntamente com a família de Gelliton, que pernoitou na casa do Baumann e logo em seguida a luta contra o relógio, com algumas coisas para fazer  Para agilizarmos o almoço a Glaucia colocou um frango no forno, eu fiz o arroz e Gelliton, a salada e Markus resolvendo várias problemas de carro, como apanhar o bolo e outras coisa mais.. Antes do meio dia recebemos também membros da família e amigos de Markus. A casa ficou com bastante pessoas e um rebuliço para a preparação de vestuário para o evento. Às 15:10 seguimos para a celebração do matrimonio que foi no mosteiro Gnadenthal, Niederwil, Wollen, Argau, Suíça. Chegamos às 15:30 h e por cerca de meia hora foi oficiado o casamento pelo sr Wassmer, em seguida seguimos para o Thay Restaurant Yung Khan, Badenerstresse,811, em Zurique. Uma mesa estava armada com várias cadeiras e sentamos cercados da família de Gelliton e dos bispos da Igreja Apostólica Fonte da Vida, também oriundos da sucursal Taquara, ora sediados em Portugal, que vieram exclusivamente para o evento. A festa transcorreu normalmente, como esperado, toquei algumas musicas brasileiras no teclado cedido pelo amigo do meu genro, agradeci os aplusos a mim conferidos e às duas e meia da manha, retornamos felizes para Mulligem. No dia 22 de janeiro Gelliton e familia foram para a Itália e nós saímos para um hotel em Zurique, onde foi realizado o culto mediado pelo bispo Genésio e sua esposa a bispa Andréia, que brilhantemente transmitiram a todos participantes os ensinamentos da bíblia sagrada, e como deveríamos conduzir as nossas atribulações mediante explanação de profetas e parábolas. Minha esposa e eu estaremos na Suíça até o dia 20 de fevereiro de 2017, até lá pretendemos conhecer as maravilhas desse país. Abraços a todos

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Chegou o verão

Chegou o verão! Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura e muita gordura, pouco trabalho e muita micose. Verão é picolé de Kisuco no palito reciclado, é milho cozido na água da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca. Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no tênis. Mas o principal ponto do verão é a praia. Ah, como é bela a praia! Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção. Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias. Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a prancha pra abrir a cabeça dos banhistas. O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando. Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa,toalha, bola, balde, chapéu e prancha, acreditando que estão de férias. Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados e prontos pra enterrar a avó na areia. E as crianças? Ah, que gracinhas! Os bebês chorando de desidratação, as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem. As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho afogado e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do chinelo. Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como furar a areia pra fincar o cabo do guarda-sol. É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar em pé. Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da maravilha que é entrar no mar! Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de cerveja no fundo. Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva. Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita cheia de areia, vem àquela vontade de fritar na chapa. A gente abre a esteira velha, com o cheiro de velório de bode, bota o chapéu, os óculos escuros e puxa um ronco bacaninha. Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor! Mas, claro, tudo tem seu lado bom. E à noite o sol vai embora. Todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como mortadela, toma banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo. O shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa, desde creme de barbear até desinfetante de privada. As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa da praia oferece. Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na rede pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas. O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família. Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo, pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se encontrar no mesmo inferno tropical. (Autor desconhecido)

sábado, 7 de janeiro de 2017

Ulisses, amizade de 50 anos.

Ulysses, amizade de 50 anos

O primeiro emprego nunca se esquece. Isso aconteceu em 1967. Eu não conhecia a cidade, enfrentei uma fila que se estendia da Rua Santa Luzia, 798 e contornava a Av. Rio Branco senão me engano o numero 251. Lá fui entrevistado pelo senhor "Hélio Correa", responsável pelo RH da The Sydney Ross Co. Ele me perguntara se eu conhecia os Ministérios e ruas dos arredores do Castelo e Candelária e minha única resposta foi que não conhecia nada. Fora-me perguntado por que eu iria trabalhar na profissão de aprendiz de arquivista, que na realidade era estafeta, se eu não conhecia nada. A minha resposta intempestiva, coisa de rapaz de 16 anos foi de que se eu não aprendesse ali, eu iria tentar em outro lugar. O finado representante da empresa solicitou a sua secretária que me admitisse e que dispensasse a longa fila de candidatos que almejavam o emprego. Para mim foi um alivio. No dia seguinte fui apresentado ao meu também finado chefe "Ferreira" que me orientou o serviço que me fora ofertado. Sofri bastante porque naquela época havia racionamento de luz e eu trabalhava no décimo sexto andar e os chefões norte americanos não gostavam de descer e subir escadas e a mim era também confiada essa tarefa de compra de almoço, lanche etc, razão pela qual herdei algumas varizes, mas felizmente ainda não me incomodam.
Após três meses me fora confiado o armário de produtos farmacêuticos e perfumarias.  O controle era rígido. Eu recebia, expedia e controlava os produtos e a retirada de "free goods" só poderiam ser feitas com autorização das requisições de algumas chefias designadas por setor. Trabalhei internamente recolhendo marmitas, distribuindo cartas e encontrei no décimo andar uma pessoa que me auxiliou muito nessa trajetória. Seu nome "Ulisses Ferreira de Souza". Isso depois de eu fazer parte da contadoria chefiada por "Paulo Sérgio Bomfim". Após seis meses, "Ulisses" me convidou para trabalhar na seção de  faturamento. Lá aprendi tudo sobre estoque, custos e vendas. Em 1977 saí da empresa para tentar novos ares, mais isso é outra história, Mas o companheiro e compadre "Ulisses" foi fundamental para o meu desenvolvimento profissional, e na Caixa Econômica Federal, aonde apliquei todo o meu conhecimento de contabilidade, e que fora também o meu ultimo emprego até a aposentadoria. Agradeço mais uma vez ao companheiro "Ulisses" nessa caminhada nada fácil e que eu me senti honrado de participar tanto na vida profissional como também na particular da família Souza. Muito obrigado pelos cinquenta anos de lutas e conquistas. Valeu o ouro!


O movimento de translação do Rio de Janeiro

Estamos em janeiro de 2017, e o Estado do Rio de Janeiro girando vagarosamente em torno de Brasília. Com o pires na mão, ou melhor, Pezão, o nosso governador, se equilibra sobre uma bola de dívidas que assola nosso Estado. E nesse vai e vem de bloqueios com a ajuda do STF em cassar liminares do Ministério Público do Rio, continuamos estagnados nessa conturbada situação após a copa do mundo e jogos olímpicos. Ele merece uma medalha, porque ficar se equilibrando há meses nessa circunferência exige muita aplicação, prejudicando a rotação da mesma, em torno de nós honrados moradores dessa bonita parcela da federação. O Rio de Janeiro precisa sair dessa situação caótica através de redução de despesas e incentivar com seriedade a cultura, esportes e gastronomia entre outras atividades. Devemos enfrentar o grave problema cortando despesas e aumentando receita. Para isso é necessário união e esforço conjunto entre poderes. Seria de bom alvitre que nosso governador acelerasse a rotação de nosso Estado, com os pés no chão, e dentro do nosso próprio eixo resolver os nossos problemas antes que seja anunciada a intervenção federal no Rio de Janeiro.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Fim de ano

Todo o ano é a mesma coisa. Congratulações, abraços fraternos, abraços falsos, enfim, desejos de prosperidades para o ano que se inicia e falsos desejos para os que são conflitantes em suas emoções. E quando chega a meia noite com ou sem horário de verão vemos os céus cheios de fogos espocando como se enviassem esperanças aos sofridos trabalhadores. Nessa imensa queima de fogos não percebemos que os nossos salários corroídos pela inflação também ardem pelos esforços combalidos da imensa sociedade que trabalha com muita garra. E nesse vai e vem de ano, o que vemos é a situação cada vez pior, e o que realmente cresce em nós é a inevitável velhice.  Assim, eu fico impressionado com as mazelas dos governantes desse país em todas as esferas que dizem que irão resolver pendências de governos anteriores e nos quatro anos seguintes a situação piora por desmando. E assim seguimos nós, resignados pela farta falta de consciência desses políticos em coadunar-se com a postura de cidadão eleito pelo povo. Nos jornais só se registram tramoias, conchavos, favorecimentos, ilícitos e assim sucessivamente. Agora teremos o carnaval, onde o povo extravasa a sua alegria momentânea, queima de estoques para renovação de produtos, enquanto os desempregados lutam para pelo menos levarem um litro de leite para seus filhos. No final de mais um ano, mais fogos serão lançados aos céus e se estivermos vivos veremos o firmamento alegre e mais um ano de senilidade argumentando que dias melhores virão, mas nem todos verão, tanto na forma substantiva como na verbal. Quem viver verá!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Natal e Ano Novo

Espero que todos tenham sido agraciados com um fraterno abraço pela passagem do Natal 2016. Esqueçamos esse ano conturbado que assolaram milhares de pessoas principalmente do Brasil. Milhões de desempregados que estão desanimados pela situação que nos encontramos. Espero que em 2017, nos unamos para prosseguirmos na nossa luta e que todos sem exceção sejam concedidos pelos seus pedidos através do nosso pai maior. Portanto teremos que nos reinventar e fazer com maior praticidade nossas atividades diárias acreditando que todos conseguirão a um lugar ao sol. A perseverança e obstinação sempre precede aos nossos desejos. Se o sol nasce para todos, logicamente terá que brilhar para todos.
Um ótimo Ano 2017.

Princesinha

Todos os dias caminho pela orla, e às vezes molho os meus pés na areia macia. De vez em quando vejo os tatuís frenéticos revolvendo a agua para apreciar sua beleza e mergulhando novamente. Recebe de todos os lugares varias pessoas nacionais e internacionais. E a beleza se concentra em todos os postos, sem exceção. Às vezes ela sofre também de forma negativa nos noticiários denegrindo a sua imagem com arrastões, assaltos, tiroteios. Internacionalmente conhecida até pelos poetas, abriga grandes eventos compartilhados com o mundo. O mar tem uma rainha, mas a princesinha sempre será questionada e admirada, afinal ela será sempre eterna. Sempre será um bom lugar para passear. Berço da bossa nova, onde varias canções foram eternizadas o bairro traz boas arrecadações em redes hoteleiras, restaurantes, etc, onde os proprietários desses estabelecimentos se desdobram para que os clientes se sintam em casa. Essa é a minha, a nossa Copacabana, que sempre será a nossa princesinha, onde abriga a maior quantidade de idosos do município. ”Copacabana” eu sempre hei de amar!


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Bom dia!

Todo dia é sempre assim. Eu me levanto, escovo os dentes, tomo o meu café com o pãozinho quentinho preparado com muito carinho pela minha esposa e ponho-me a ler as notícias em redes sociais. Todas as notícias sem exceção são reportadas com muita expectativa e também com sentimento de descontentamento pela maioria dos repórteres. Uma delas são as manobras políticas com relação a aprovação de medidas que se supõem melhoras para a nossa nação. Acontece que pelo processo eletivo fomos nós que colocamos essas pessoas lá na Câmara Federal. Esses, nós não podemos chamar de cidadãos, pois só aprovam medidas para se livrarem dos percalços da justiça em sua maioria covardes, antidemocráticos. E com precisão o nosso Ministério Publico distribui fartos materiais que são publicados a cerca de desvio de recursos de que tanto precisamos. Então é desencorajador assistirmos a tudo isso sem declinarmos uma opinião, que também não seria relevante a esses malfeitores de decisões. Fica aqui a minha indignação, juntamente com a maioria da população brasileira que assistiu ao apagar das luzes, aproveitando-se de um evento de comoção nacional, em relação a perda de vidas no trágico acidente aéreo na Colômbia, onde perdemos jogadores, repórteres, membros da comissão técnica, convidados e tripulantes, a aprovarem uma lei capenga, retirando poderes da justiça que tanto engrandecem e prestando com muita veemência e sagacidade um ponto final à corrupção. Quando a luz do sol vai embora, penso que as notícias também se esgotaram. Ledo engano. Aí são noticiadas mortes de policias em confronto com meliantes, mortes por disparos à esmo atingindo inocentes, sequestros, brigas de transito, milícias, invasão de traficantes dominadas por outra facção, assaltos, etc.
À noite ao me deitar rezo para que se acabe com toda essa estrutura do mal instalada nesse nosso Brasil. Eu já tenho netos, mas estou preocupado com os meus futuros bisnetos e francamente torço para que não sintam este sofrimento desencadeado por más administrações. Caso esse organograma ilegal se perpetue eu estarei no céu rezando mais uma vez e sempre desejando mais um bom dia! 


quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Tragédia do time da Chapecoense

É muito difícil aceitar a dor da perda, principalmente quando inesperada. Essa tragédia que se abate sobre o Brasil com a ceifada de vidas de uma equipe de futebol que despontando como uma grande promessa, inclusive em sua primeira campanha internacional, jornalistas e tripulantes. Desejo muita força para aquelas pessoas próximas daqueles que partiram. A dor desses é muito grande. Muita luz para aqueles que nos deixaram neste momento. Eu estive em Chapecó nos anos 70, precisamente na casa do meu irmão Cândido, que hoje é funcionário do Banco do Brasil, aposentado, e sempre fui muito bem recebido pela população daquela grande cidade. Naquela época eu frequentava a Associação dos Empregados do Banco do Brasil e também tratado com cordialidade e respeito naquela entidade como também em vários lugares em que estive. Portanto registro aqui o meu conforto a todos residentes nessa excelente cidade e familiares, ora absortos com esse horrível acontecimento  e desejando a todos que suportem essa dor em seus corações. Força Chape!



quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Lembranças de festas natalinas


É bom recordar as esperadas festas natalinas. Lembro-me que quando criança meus irmãos e eu ficávamos alegres com o mês de dezembro, por duas razoes: Primeiramente o resultado das provas finais que sempre saíam na primeira quinzena e de acordo com as notas, o povo já ia para a galera em alusão ao seu “boneco”, da Escolinha do professor Raimundo. Meus irmãos e eu  nunca fomos reprovados e sequer ficávamos em segunda época, portanto íamos brincar. Mas reportando-me as festas de fim de ano, fazíamos um grande alvoroço com a armação da arvore de Natal em nossa casa e também na casa da vovó Lucia. A árvore da vovó era maior que a nossa, com varias bolas e muitos penduricalhos. O meu avô Agenor colocava o setenta e oito rotações na vitrola e ouvíamos muitas e repetidas vezes as musicas de Natal. Lá em casa quando a mamãe descascava o abacaxi, eu tinha o cuidado de lavar um vidro e colocava as cascas junto com agua e enterrava a garrafa por trinta dias. Depois desse prazo eu retirava a garrafa da terra e fazíamos uma festa com o líquido fermentado, já no mês de janeiro do ano seguinte. No Natal recebíamos vários presentes em especial aguardávamos o do Tio Haroldo, funcionário do Banco do Brasil, portanto com o poder aquisitivo maior, e que esperávamos com muita ansiedade. Graças a Deus a nossa ceia era completa, mas o mais importante era o valor de família que nos unia cada vez mais. Agora todo o dia 31 de dezembro, tínhamos que disputar no “par ou impar”, para acompanhar a minha avó que era presença constante no almoço de aniversário de sua irmã Guiomar, que morava em Marechal Hermes, bem próximo ao hospital Carlos Chagas. Como eu não tenho muita sorte em jogo, algumas vezes era obrigado a acompanhar a minha avó nesse evento. Lá não tinha criança, então eu ficava sozinho no portão vendo os ônibus, carros e ambulâncias passarem, e ao mesmo tempo rezando para que a minha avó retornasse, porque íamos e vínhamos de lotação que demorava a chegar no ponto e eu ainda queria soltar pipa, aproveitando um pouquinho do resto da tarde. À noite tinha novamente o encontro de família, dessa vez com amigos de meus pais e avós para o tão aguardado rompimento do ano. O que era penoso para mim, hoje é saudade.


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A Praça Seca não tem lágrimas para chorar.

 Quando éramos crianças nós costumávamos a  ficar ao pé da jaqueira, uma árvore grande e copada, em frente à casa do senhor Antônio empinando papagaio, principalmente em função das correntes de vento que nos eram favoráveis, além de ficarmos à sombra, muitas vezes do sol escaldante. Todos nós brincávamos alegremente e notadamente eram visíveis os confrontos em virtude de “cortes” de pipas, com algumas reclamações de quem havia perdido o brinquedo. Mas isso fazia parte do contexto. Se a pipa estivesse ao sabor do vento, logicamente se praticava o “cruza”, termo usado na minha época para cortar as linhas das pipas, e na maioria das vezes linhas com “cerol”, hoje acertadamente com a proibição da venda do produto. Às tardes como de hábito íamos à várzea praticar o futebol. Lá também às vezes, por entrada desleal de companheiros adversários as brigas ressurgiam. Em nossa residência não havia água encanada. Éramos obrigados a retirar água de poço, para beber, cozinhar, lavar e limpar. Imagine uma família com nove integrantes naquele momento, depois, nasceram mais dois irmãos, mas a situação já estava sob controle em relação à água. Apesar disso, a minha infância, e acho que as de meus irmãos, foram muito boas.
Morávamos em Jacarepaguá, num lugar tranquilo, situada na Praça Seca, onde todos se conheciam. Hoje eu tenho um imóvel bem próximo aonde fomos criados. E lamentavelmente só escutamos tiros de fuzis, traficantes fazendo vendas de drogas através de motos, assaltos à luz do dia, mortes, imóveis com varias marcas de balas de vários calibres, pessoas totalmente desconhecidas e mal encaradas.
O mundo mudou. Inclusive as pessoas. Infelizmente a nossa Praça está “Seca” de policiais, e raramente presenciamos agentes da lei em nossa rua, que outrora fora uma das melhores do meu bairro, como as demais de quase todo o bairro.
Que saudades da minha infância! 

sábado, 21 de novembro de 2015

Saudade e lembrança

A saudade é eterna companheira da lembrança. Então me digno a lembrar dos tempos de criança. Da minha infância muito boa com muito trabalho e divertimentos. Lembro-me da ida ao armazém do Zeca, quase sempre às seis e meia da manhã, para comprar dois litros de leite, vendidos em recipientes de vidro. Às vezes eu preparava o café da manhã, em seguida, após tomá-lo, eu partia para a escola pública Evaristo da Veiga, cuja diretora era a dona Iracema do Carmo Valente, que exigia dos alunos pontualidade para o hasteamento da bandeira brasileira. Sagrado também era passar na casa dos meus avós, toda a vez em que eu retornava da escola. Lá, era raro eu não fazer um lanche, e em seguida eu me encaminhava para a minha residência, a cerca de dez minutos do local em que eu estava. Depois do almoço, tinham os deveres de casa, que eu chamava carinhosamente de “parolar”. Após os afazeres domésticos, restava o futebol, sempre à tarde, que era obrigatório, e todos os dias, independente do tempo, e na maioria das vezes com o consentimento de minha mãe. À noite, algumas brincadeiras com os amigos, que não eram virtuais. E depois disso tudo, eu me preparava para dormir, e no dia seguinte, refazia os caminhos que a mim foram destinados. Mas eu não considerava isso monotonia, porque a cada dia era um aprendizado. Na escola, nas brincadeiras, e nas descobertas que continuo adquirindo, exercitando novos conhecimentos, até os dias de hoje.

Vale a pena ter lembrança com saudade!

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Reminiscência




Tenho algumas recordações da minha infância, eu deveria ter aproximadamente uns cinco ou seis anos e algumas das quais me lembro, foi que moramos na Rua Candido Benício com a Rua Capitão Menezes, e lá, o que ficou gravado em minha mente foi o roubo na casa da minha avó Lucia, que estava passeando na Pedra de Guaratiba. Da nossa casa dava para vermos a residência da vovó. Notamos que todas as lâmpadas estavam acesas e pedimos ao nosso pai José para nos levar até lá, mas ele acabou indo sozinho. Acho que papai estranhou as luzes acesas e foi verificar. E para a sua surpresa o portão e a porta da sala estavam abertos e todos os móveis revirados. Ele chegou a ouvir um barulho vindo em um dos quartos e pressentiu que o ladrão estava dentro da casa. Preocupado, ele recuou, pois o ladrão poderia estar armado, saindo imediatamente da residência da minha avó, e quando a policia chegou o ladrão já havia se evadido pelos fundos da casa. Ele nos contou na época, que talvez fosse o Davi, um vagabundo que vivia nos botequins. Também me lembro do gambá, um mendigo local.
Nessa mesma época, outra passagem importante em minha vida, foi quando nos mudamos para a Rua Marangá. Lá o meu irmão Almir prendeu a mão em um arame farpado, onde existia uma cerca. Outra passagem na mesma rua foi quando eu me perdi tentando ir sozinho a padaria com outro irmão, de que eu não me recordo o nome, mas acho que foi a Alice. As maiores recordações foram quando nos mudamos para a nossa própria residência na Rua Doutor Carlos Gross, 139, um lugar tranquilo, numa rua sem saída, onde praticamente todos os dias nós participávamos das brincadeiras com todos os colegas da localidade. As brincadeiras ficavam melhores quando a Prefeitura mandava a retroescavadeira, juntamente com seus funcionários, para nivelar toda a rua. Outra mania que nós tínhamos era o vício de soltar pipas. Nós ficávamos como de costume aos pés da jaqueira no portão do senhor Antônio e aos pés da mangueira, na frente da casa da vizinha ao lado, chamada Nadir, filha da dona Maria, onde meus irmãos e eu empinávamos papagaio. Todos nós nos divertíamos alegremente e notadamente eram visíveis os confrontos verbais e físicos com os colegas também moradores nos arredores de nossa rua, em virtude de “cortes” das pipas, que chamávamos de cruzamento. Sob as sombras das árvores, tínhamos que nos preocupar com a dona Guiomar, esposa do senhor Antônio, que sempre chegava furtivamente com uma vassoura ou pedaço de pau e sem fazer barulho nos atacava, porque além de doente, achávamos que ela não queria que ficássemos no seu portão. O melhor lugar para empinar pipas era lá embaixo das gostosas sombras da mangueira e da jaqueira. E na época da manga, comíamos aquela carlotinha deliciosa. Ás vezes nós éramos cortados na mão, termo usado quando se corta quase toda a linha da pipa empinada, porque tínhamos que prestar atenção na dona Guiomar e observar também pelas copas das arvores a chegada de alguma pipa. Muitas vezes quando avistávamos outras pipas sobre as árvores, era impossível sair, sendo então cortados. De vez em quando nós soltávamos pipa dentro da cozinha, geralmente na hora do almoço, com um olho na comida e outro na pipa sob a guarda da Ângela ou Alice. Lá em casa não havia água canalizada. Tínhamos um poço, mas a água só servia para utilizarmos no banheiro, por isso nós apanhávamos primeiramente água no poço da casa da dona Lurdes, esposa do Zezé molequinho, depois nós passamos a apanhar no poço da casa da dona Jandira. Nós íamos chateados, porque tínhamos que parar as nossas brincadeiras. A água daquele poço era cristalina e geladinha. Lembro-me também do famoso “firiri”. Era um vendedor de biscoitos e pirulitos muito gostosos. O pirulito era de açúcar queimado em forma de cone. Ele passava batendo com um objeto em uma das mãos sacolejando e deixava a gente com grande expectativa, mas raramente a mamãe comprava.  O mano Candido relembrou bem que pegávamos para nosso consumo a água na fonte da casa do Sr.Juca/Dona Vitória. Lembro-me que o meu pai canalizou a água e colocou uma biquinha perto da varanda. A nossa alegria durou pouco tempo, pois fomos denunciados, possivelmente pelo senhor Silva, marido da dona Havanir, tendo a nossa água sido cortada pela companhia de águas, e algumas semanas depois a ligação foi regularizada pelo nosso pai José. Tomei uma bronca do senhor Silva, e toda a vez que o seu neto ia lá à nossa rua e empinava uma pipa, eu cortava. Ás vezes até na mão. Eu considerava aquilo como vingança. Nós apanhávamos barro para ajudar ao nosso pai a concluir os cômodos da nossa casa. Essa barreira ficava na própria rua, perto da casa de Dona Sebastiana e da casa do senhor Juca, onde hoje mora o Betinho. O mano Candido também relembrou da nossa prima Lígia? (já falecida) que às vezes ia lá pra casa na Rua Carlos Gross, ela tinha um problema de cabeça, mal resolvido, falava muito sem parar o dia todo, parecia uma maritaca. E a visita da tia Odete? No dia em que ela chegou prometeu que iria a praia conosco no dia seguinte, ficamos ansiosos, e no dia do evento por volta do meio-dia, iria começar fazer o seu biquíni de praia... Nada aconteceu... Que frustração, ficamos chateados... E o nosso ritual de todos os domingos? Ir a missa, depois fazer a feira da gente e para vovó Lúcia, na Praça Seca, a ida era tranquila, mas a volta a pé, cheio de bolsas pesadas, uma delas feita pela mamãe, que era enorme e debaixo de sol era terrível. Algumas lembranças do Tio Haroldo, de ir até a Cooperativa do BB, na Praça da Bandeira, levando a lista de compras, o caminhão entregava em casa, precisamente na casa da vovó, e quando as compras chegavam os nossos rostos ficavam estampados de alegria. Afinal a vovó comprava bastante doce. Outra recordação era que, às vezes, no carnaval o tio Haroldo levava a gente para pular no baile infantil na AABB-Lagoa, só a viagem de Jacarepaguá para lá já era uma grande distração, E certa vez, no Natal, o tio foi nosso papai Noel, ganhamos carrinhos (um de cada cor) e das meninas não me lembro. A mana Angela Lembra do ingá na casa da dona Sirene.  O mano Almir se lembrou do campeonato de sinuca, esta feita pelo próprio Gominho, pois ele era marceneiro, (meu compadre), marido da dona Neide. A mana Angela lembrou-se que o Iran a salvou de ser queimada, também havia um homem que varria o telhado da casa de dona Glorinha, senão me engano, avó do Ricardinho. Tinha também a Dona Toquinha que aplicava injeção quando ficávamos doentes. O filho dela Tacico, às vezes jogava bola conosco. Frequentamos também o curso para admissão ao ginásio na casa da dona Nilza, (ela não nos cobrava nada), que tinha uma antiga rixa com o General, que também lecionava um curso na Rua Maricá. Às vezes nossos primos de Nilópolis iam lá para a nossa casa e nós também íamos a casa deles. Era uma interação muito boa. A mana Angela também lembrou que quase perdeu a vista em uma brincadeira de índio se não me engano o Almir sem querer mirou a flecha, (feita com bambu e na ponta, alfinete amarrado com linha), erradamente indo cravar bem próximo ao seu globo ocular. 
Às tardes, como de hábito, íamos à várzea praticar futebol, ora perto da casa do senhor Joaozinho e ora ao lado da casa do Ricardinho, quase em frente à residência dona Donga. Em ambos os lugares, também, às vezes por entrada desleal de companheiros adversários, as brigas ressurgiam. Com um pouco mais de idade nós pedíamos a nossa mãe para jogarmos num campo maior, e esse campo ficava no inicio de outra rua. A dona Moema, nossa mãe, passou a deixar a gente a jogar no campo da Rua Dias Vieira, mas antes tínhamos que varrer o quintal que era muito grande. Jogar lá era muito bom, mas havia um fato ruim. Dado o terreno ser muito charcoso, quem isolasse a bola, teria que pegá-la sob o risco de voltar com as pernas cheias de sanguessugas. Às vezes a nossa irmã Ângela ia à beira do campo para avisar que a mamãe queria falar conosco, com o tradicional: - “Mamãe tá chamando!”. Nós ficávamos injuriados, mas íamos atendê-la. Quando acabava o jogo, voltávamos correndo e quem chegasse primeiro em casa, tomava banho. E nessa disputa o Almir e Marco que eram menores levavam algumas desvantagens. Ainda me recordo de que dormíamos todos num mesmo quarto e numa noite as luzes estavam apagados, quando vimos um facho de luz direcionado para o quadro do meu falecido avô Armando, pai da mamãe, ainda com medo me levantei e coloquei a mão na frente do quadro e para a minha surpresa a luz atravessou a minha mão e ficou estampada na gravura que era um barco ancorado na água e ao fundo uma casa. Nesse mesmo momento saímos todos, Alice, Candido, Marco, Almir, Ângela, não me lembro de se a Aninha estava, e eu, correndo para o quarto da mamãe aos gritos, passando quase todos ao mesmo tempo pelo portal, pois para nós aquilo era assombração. A mamãe nos tranquilizou e disse que vovô havia nos visitado. Aquela noite ninguém conseguiu dormir direito.
Lembro-me também que no inicio de nossa rua havia um barracão, e achávamos que ele era mal assombrado. Eu ficava preocupado com o Candido, que sempre vinha da escola tarde da noite, mas acho que ele não se importava com isso.  Na porta da nossa cozinha não havia fechadura, e o Candido tinha uma técnica especial de colocar o botijão de gás travando a porta, para protegê-la de “ladrões”.
Nas comemorações juninas, fazíamos as festas na nossa casa, que tinha um terreno enorme, com a soltura de rojões e balões os quais a maioria não chegava a subir em virtude de o nosso primo Waldair encarregar-se de queimá-los por estar com a cabeça com uma quantidade considerada de quentão. Mas tudo era alegria. Participávamos também das festas juninas na casa do senhor Joaozinho que fazia uma enorme fogueira que ficava queimando até por três dias. Nós comíamos batata doce assada, aipim assado, cana assada, etc. Enfim, era uma verdadeira festa! Dávamos prosseguimento às festas juninas por meses. Apanhávamos as madeiras e fazíamos fogueiras quase que diariamente em frente à casa do Cassio. Às vezes quando não tinha vento, nós aprontávamos com os nossos colegas. Amarrávamos uma linha no balão japonês, geralmente à noite, o balão subia e quando se apagava, puxávamos até a nossa casa e os colegas ficavam atônitos, doidos para apanhar o balão e reclamavam, porque sempre o balão “caía” lá em casa.
Lembro-me das idas ao morro, especificamente ao Coque da Velha, onde o nosso querido e falecido tio Armando desbravava o mato com um grande facão. No morro tinha uma nascente na Pedra da Navalha, onde bebíamos muita água e comíamos caju, a fruta comum daquele local.
Sempre éramos surpreendidos com o barulho da sirene da pedreira que partiam as pedras com poderosas cargas de dinamite. Lembro-me que uma vez uma vaca escorregou e rolou ribanceira abaixo. Os moradores se deslocaram para o morro aonde ela havia morrido e trouxeram os pedaços de carne, exibindo-as para nós.  Criamos também o teco das quatro horas. Nós jogávamos pedras a esmo nos telhados dos vizinhos e por azar a maioria das pedras caiam na casa de dona Jandira que ficava muito exaltada, dizendo: - Era uma pedra desse tamanho, tá bom. A dona Jandira reclamava com a mamãe para saber de nós quais seriam as crianças que jogavam as pedras em seu telhado, então decidimos não fazer mais o famoso teco das quatro.
Brincávamos também de bandeirinha, pique tá, pique esconde, carniça, vôlei, bola de gude, pião, ferrinho, enfim todas as modalidades da época. Atrás, na parte lateral de nossa casa, havia uma pedra enorme, às vezes íamos à parte mais alta da pedra para também moer vidro e misturar com cola, fabricando o cerol, coisa que peço veementemente aos jovens de hoje não praticarem, e soltávamos pipa naquele lugar, mas era perigoso ficar lá por dois motivos: porque poderíamos escorregar e também com os pés de Umbaúba, caso a linha ou pipa tocasse em suas folhas ficavam presos como imantados pela aquela planta. O papai e a mamãe também faziam cestinha com papel celofane de várias cores com flores e também para adornos os morangos, que ate pareciam verdadeiros. Aos domingos o papai levava as flores fincadas numa pita à feira. Ele costumava voltar com a pita inteiramente vazia e contente pelas vendas. Lá em casa nós tínhamos várias árvores frutíferas. Eu gostava de comer romã, era docinha. Eu só apanhava a fruta quando ela começava a rachar aparecendo àquelas bolinhas vermelhinhas. No final do nosso terreno tínhamos um pé de amoras, que também eram docinhas, principalmente quando ficavam roxinhas. Comíamos também amêndoas, brancas ou vermelhas, fruta do conde, banana. Ás vezes eu também tirava do pé a flor papoula e chupava a parte de baixo da flor, era docinha. Comíamos também oiti, tamarindo, etc., que ficavam plantadas nas casas dos vizinhos.
Apanhávamos também no quintal do senhor Joaozinho o fruto chamado ingá. Era parecido com a vagem, de cor verde, por dentro ele era branco com fibras e caroço, mas era docinho. Morávamos em frente à quadra da Escola de Samba Império do Marangá e toda vez que havia uma atração, nós íamos lá para participar assistir aos eventos. Os meus avós Lucia e Agenor, que residiam na Rua Capitão Menezes, 725, tinham sempre a nossa companhia, e todos os dias sem exceção tínhamos que passar a noite com eles, por serem idosos os meus pais achavam que deveríamos pernoitar lá, caso se sentissem mal, principalmente de madrugada, poderíamos providenciar o socorro, solicitando auxilio a alguém. Também, lá na Rua Capitão Menezes nós soltávamos pipa e a briga era para escolher o cantinho que tinha um ventinho encanado. O senhorio da vovó se chamava Oliveira, que morava na mesma rua bem perto da casa da vovó, onde é hoje o supermercado Mundial, inclusive a casa da vovó também, e sempre que podíamos nós pedíamos ao senhor Oliveira a fruta sapoti. Como era saborosa aquela fruta.
Sempre que jantávamos na casa da vovó, ela fazia o suculento bife, juntamente com o inigualável feijão preto com torresmo. Mas só poderíamos comer quando o Agenor cortasse o ultimo pedaço de carne da ultima pessoa que estivesse sentada. Ele era o verdadeiro fiscal da comida.
Às vezes o papai apanhava a mangueira d’água e nos dava banho em conjunto, e o Marco tinha um pouco de medo, se preocupando para que o papai “não se molhasse”. E papai respondia: - Não tem problema não meu filho, o papai não tem medo de se molhar. Outro fato de que me recordo, foi que o nosso avo Agenor nos períodos de carnaval, sempre partia uma mortadela inteira em quatro partes iguais, para que não detonássemos a mesma, no primeiro dia de festa. Lembro-me ainda que em um desses carnavais o tio Haroldo nos levou à cidade para apreciarmos a festa e ele disse: - Se quiserem deitar na Avenida Rio Branco aproveitem, porque hoje é carnaval. Aquele dia foi inesquecível, porque não estávamos acostumados a passear na cidade e lá haviam muitas pessoas fantasiadas, as quais nos metiam medo.  Também fomos agraciados várias vezes com os presentes de Natal do nosso tio Haroldo. Um desses presentes foi o livro: Histórias de Sherazade. Lembro-me que cada um de nós recebeu um exemplar. O meu tio Haroldo trabalhava no Banco do Brasil. Quando ele chegava do trabalho, trazia o jornal O Globo e eu lia as historinhas do Brucutu, Mandrake, Fantasma, etc. Essas historinhas vinham estampadas no interior do jornal diariamente. Na hora de dormir, nós fazíamos um fabuloso lanche, e às vezes antes de dormirmos participávamos do jogo papa tudo ouvindo o programa miss campeonato transmitido pelo rádio. Era muito divertido. Tínhamos uma rixa com a vizinha chamada Lurdes, apelidada por nós de (Nêga). Ela fazia tudo para nos prejudicar. O seu marido era um senhor franzino, chamado José e apelidado de Zé o qual fazia tudo o que ela queria. Ele era frouxo. Ela também gostava de fazer macumba para nós e, constantemente, ela era observada por mamãe que ficava apreensiva observando-a pela fresta da janela do banheiro. Em um dado momento a minha avó adoeceu e a minha mãe era quem preparava o almoço e a janta para eles. Nós levávamos as refeições através de uma única condução que era a bicicleta marca Astória, a qual quebrava os nossos galhos inclusive para irmos ao armazém do Zeca. Todos os sábados éramos autorizados a comprar doces e o meu predileto era a cocada de batata. Quase todos os sábados à noite éramos brindados com a presença do falecido amigo Domiro, que ensinava os primeiros acordes de violão ao meu irmão Candido e logo após da série Bonanza, tomávamos aquele delicioso chocolate com pão, feito pela mamãe. Papai gostava muito de ir ao cinema, e quase sempre à noite, ele trazia para a casa após a sessão de cinema, pão de forma e presunto, e eu, às vezes, ficava aguardando a mamãe fazer o sanduiche e distribuir para quem estivesse acordado para comer aquele sanduiche delicioso. No dia seguinte, aquele que comeu na noite anterior não tinha direito a repetição.
Eu tenho até hoje um acordeon da marca Scandalli, que o Agenor me deu, mas não aprendi a tocar. De vez em quando tento fazer uns acordes para os meus filhos. Na nossa adolescência, por volta de 1967, deixamos a nossa residência e fomos morar na Candido Benicio, 2080. Os meus avós morreram, a minha avó Lucia morreu antes do meu avô Angenor. Ainda me lembro de que no dia que entreguei ao senhor Angenor o meu convite de casamento, ele ficou quieto, e em poucos dias ele baixou o hospital, para se despedir da vida. Acho que ele ficou triste com a aproximação do meu enlace matrimonial, mas aí é outra história. Apesar disso, minha infância, foi muito boa e creio que a dos meus irmãos também.
O início de uma nova vida
A outra história a que me refiro, ainda morando na Rua Carlos Gross, foi quando decidi trabalhar para ganhar o meu próprio dinheiro. Eu ainda era menor e fui ao centro da cidade, postular uma vaga, precisamente num escritório de advocacia, através de anuncio de jornal, na Av. Churchil, no Castelo, onde fiz a inscrição para o meu primeiro emprego. Os serviços que foram propostos a mim, era chegar às seis horas da manhã, limpar o banheiro, fazer o café e entregar cartas. De pronto eles me entregaram as chaves do escritório. Quando cheguei a minha casa, fui interpelado pelo meu pai sobre o emprego e passei a ele a proposta daquela empresa. O meu pai falou que eu estava estudando e a proposta era indecente, afinal ele não queria que eu lavasse banheiro, e mandou-me entregar a chave do escritório no dia seguinte. Após alguns meses me apresentei em uma empresa multinacional, através de anúncio de emprego, para o cargo de Office boy. Ao ser entrevistado, pelo senhor Hélio Correa, após ter encarado uma longa fila, me foi perguntado se eu conhecia o Ministério da Fazenda, do Trabalho, Lapa, Castelo, e respondi que não conhecia. Ele retrucou e me perguntou então: - Como você quer trabalhar se não conhece nada? Eu respondi: - Senhor, um dia eu aprenderei e conhecerei esses lugares. Na mesma hora o senhor Hélio mandou todos que estavam na fila a irem embora e me admitiu para a empresa The Sydney Ross Co, onde fiquei até outubro de 1977, sendo demitido a pedido. Com o meu primeiro salário comprei uma enceradeira da marca Arno, para a minha mãe. O que mais me marcou foi à compra de vários pães de forma e uma peça de queijo nas casas da Banha em Cascadura, ao pé do viaduto, tendo o papai limpado o ferro de passar e feito vários queijos quentes, isso foi numa sexta feira, e no sábado a procura do banheiro foi bastante concorrida. Ainda bem que eu não trabalhava aos sábados, porque ainda era estafeta. Conheci na vila em que morávamos, na Rua Candido Benício, 2080, por volta de 1967/1968, uma pessoa muito especial. A minha esposa Tania. O nosso primeiro contato verbal foi quando comprei pão, se não me engano, numa noite de sábado e ela me perguntou aonde seria o café. Eu respondi que seria na minha casa e a convidei para tomarmos o café com pão. Ela agradeceu, mas declinou do convite.
Eu a vi, quando ela foi limpar a casa em que os meus sogros iriam morar, no lado oposto da vila. Eu residia na casa quatro e ela foi morar na casa nove. Depois do convite do café com pão, passamos a ficar no portão, conversando com os amigos, Paulinho, Robertinho, Armandinho, Lincoln, Teresa, a falecida Ingrid, minhas cunhadas Sandra, Ana e alguns colegas da Rua Pedro Teles, sobre os temas nacionais, pois, vivíamos sob o jugo militar.  Falávamos também sobre músicas e às vezes tocávamos violão. Nessa época nós tínhamos a bossa-nova e ye-ye-ye, sob a batuta de Roberto Carlos, mas eu particularmente gostava mais da MPB, em especial a bossa-nova, o que fazia nos aproximarmos mais das meninas que estavam entre nós. Fui convidado a participar da festa de quinze anos da Tania e todos sabiam que eu estava gostando dela. E o Lincoln, que também estava interessado nela, me falou que tinha perdido a parada para mim, porque achava que ela também sentia alguma coisa na troca de nossos olhares, razão pela qual em uma festa junina, lá mesmo na vila, eu a pedi para ser a minha namorada. Primeiramente, iniciamos o namoro no portão da vila, depois o meu sogro descobriu e proibiu a Tania e a Ana que era a namorada do meu irmão Candido, de namorar no portão, nos convidando a entrar na sua residência. Lá fui sabatinado pelo meu sogro. O senhor Gerdal. Na verdade ele queria saber quais eram as minhas intenções.  O meu falecido sogro Gerdal, numa noite, se não me engano num sábado, na primeira semana em que eu frequentei a sua casa, sentou-se na soleira da porta da sala e começou a limpar o revolver calibre 38, como que dissesse: - Aqui o chumbo come! Ainda não se ouvia Zeca Pagodinho com a música: O pai coruja! Mas eu não levei a mal, a intenção do meu sogro, porque hoje eu compreendo o seu recado, pois também sou pai. A Tania e eu passeamos bastante, sempre tendo a companhia da minha cunhada Sandra, que não largava a gente a sós, em nenhum segundo. A Tania tinha um namorado, que também perdeu a parada para mim. Eu tinha um magnetismo que impressionavam as meninas. Em 1969, marcamos o nosso noivado e aos poucos fomos comprando o nosso enxoval para o casamento. No dia quatro de setembro de 1971, nós realizamos o nosso sonho na Igreja Nossa Senhora do Sagrado Coração de Maria, na Praça Seca, sendo oficiado pelo padre João.
Eu já ocupava um cargo melhor onde trabalhava na empresa multinacional mencionada acima. O meu compadre Ulisses me ajudou na colocação de lustres no apartamento que aluguei na Rua Ana Teles, 565. Naquele lugar nasceu o meu primeiro filho, precisamente no ano de 1972, chamado Marcelo. Nunca esquecerei o dia 29 de julho. Quando o Marcelo nasceu, eu perdi completamente a voz, pois era marinheiro de primeira viagem. E nesse dia ganhei pela primeira vez uma milhar no jogo de bicho. A milhar fora 2517. Nessa mesma época comprei o meu primeiro carro. O fusquinha verde pastel que só me deu alegria. Nós passeávamos todo o fim de semana, ora visitando parentes, ora indo à praia, sítios etc. Eu fazia muita hora extra, isto possibilitou que vivêssemos bem. Em seguida, precisamente no dia primeiro de setembro de 1973, nasceu a minha filha Glaucia. Depois fomos morar na Rua Albano, 211, que também era uma vila. De lá, eu me lembro de que tive um acidente de carro na Rua Atininga, tendo o carro perda total. Graças a Deus saí ileso daquela batida. Acabei vendendo o carro e comprando um autorama para o meu filho Marcelo. Preocupado com a aposentadoria do meu pai, que ganhava pouco e com esperança de melhorar a minha vida, compramos em sociedade um bar na Rua Antonieta, no ano de 1977. Lá só tivemos insucessos. Fomos assaltados várias vezes, razão pela qual tivemos que vender o negócio e desfazermos a nossa sociedade. Nessa época eu morava na Rua Carlos Xavier, também numa vila. Eu tive uma enorme dificuldade para me inserir no mercado de trabalho novamente. Em 1979, me mudei para o Condomínio Residencial Marangá, no bloco 12, apartamento alugado pela tia da Tania, cujo nome é Iná, onde consegui iniciar a minha nova trajetória em 1980, e fui trabalhar na Rhem Metalúrgica, em São Cristóvão. Lá eu fiquei por pouco tempo. Nesse interim eu soube que o BNH havia aberto inscrições para o seu concurso. Nessa época eu estava com a minha situação financeira muito ruim e liguei para o meu irmão Candido, que trabalhava na agência do Banco do Brasil, em Volta Redonda, para que me enviasse o dinheiro para eu pagar a minha inscrição, via ordem de pagamento daquela instituição bancária. No mesmo dia eu fiz a inscrição e passei no concurso, mas somente em 1982 fui admitido pelo banco, precisamente no dia treze de dezembro. Mas antes disso, em 1981 o Ulisses conseguiu através de um amigo da Petrobras um emprego na Petroserv, depois fui trabalhar na Brasdril. Ambas são empresas de prospecção de petróleo, que atuam em Macaé, no Rio de Janeiro. Em 11 de dezembro de 1984 nasceu a minha filha Aline e a minha vida teve uma nova reviravolta. Em 1985, comprei o meu primeiro imóvel no bloco 06. Em novembro de 1986, outra frustração, o BNH foi extinto e o decreto dizia que a Caixa Econômica Federal a seu critério, ficaria ou não com os empregados do extinto Banco. Fizemos as famosas vigílias e conseguimos que a Caixa nos readmitisse, afinal, ela havia admitido os empregados da extinta Delfim, que nem concursados eram. Em 1987 reiniciei as minhas funções no prédio da Agencia Almirante Barroso até 1997 onde me aposentei, sendo a minha última lotação na agencia do município de Itaguaí. Em 1988, realizei o sonho da minha filha Glaucia com a festa de seus quinze anos no Country Club da Praça Seca. Lá compareceram umas quatrocentas pessoas. A festa foi muito bonita. Em 1989, o meu filho Marcelo surtou e perdeu a oportunidade de seguir a sua vida na Marinha. E numa dessas atabalhoadas decisões, que chamamos de rebeldia de adolescente inconsequente, nasceu a Natália, fruto dele com a minha finada nora Patrícia, que faleceu em 1993. A partir de 1990 comecei a frequentar a Costa Verde e aluguei uma casa em frente à praia, na localidade de Muriqui, em principio como veranista e a partir de 1994 fixamos a nossa residência por lá. Em 14 de novembro de 1991, nasceu o meu filho caçula, o Augustus. Confesso que fui um pai um pouco ausente para o Marcelo e Glaucia, pois eu trabalhava em dois empregos e consequentemente tinha pouco tempo para atender as carências deles. Para mim o que importava naquele momento era só ganhar mais dinheiro para manter a minha família num patamar mais tranquilo. Já em Muriqui, a Aline e o Augustus tiveram maior assistência da minha parte e pude curtir mais as fases das adolescências deles.  Umas das brincadeiras com o Augustus era o: Tá sem goleiro! Onde saíamos correndo para o portão da vila e o Augustus chutava a bola para eu defender. Lembro-me também que o Augustus ganhou de presente de papai Noel um jogo Nintendo, eu acho que ele tinha cinco anos e eu sempre brincava com ele. Numa dessas brincadeiras sem querer eu teclei um fatality. O Augustus começou a chorar porque queria que eu o ensinasse a fazer essa finalização no jogo, cujo adversário morria, digamos de forma mais violenta, e eu não sabia como explicar, porque teclei varias vezes o joystick e não gravei o que eu teclei. Nós brincávamos também no Iate Clube de Muriqui jogando futebol de salão. Em 1998 comprei o primeiro computador para eles, numa viagem que fizemos a Brasília em visita a minha filha Glaucia que já estava casada e morava lá. 
Nós fizemos a transferência da Aline, que estudava no Externato Geremário Dantas, para a Escola Municipal Nossa Senhora das Graças, em Muriqui, e fomos morar efetivamente na Rua Primeiro de Maio, 603 que por coincidência é a rua onde fica a escola, onde moramos até hoje. Fomos a Muriqui a passeio e também para visitar o Orlando, apelidado de cocoroca, que era tio de sangue da minha mulher Tania e considerado por mim como um grande tio também. Era uma grande pessoa. Ele havia se desligado da Marinha Mercante e da mulher, que o colocou a bancarrota, indo morar lá sozinho. Ele dizia que bebia somente três qualidades de bebida: a nacional, estrangeira e falsificada. Ele ficava bastante alegre, mas eu nunca vi o cocoroca bêbado. Nós já gostávamos do lugar, pois em 1976, havíamos passado o carnaval lá, com os meus pais e alguns irmãos. E daí nós achamos uma casa em frente à praia, a principio para passarmos o feriado da semana santa. Então pensamos em alugá-la por tempo indeterminado para nos distraímos aos fins de semana. A forma de aluguel era em dólar. Nós e o cocoroca frequentávamos várias barracas e conquistamos muitos amigos. Podemos falar do falecido Humberto, apelidado por nós carinhosamente de “sumô”, por se aparentar como lutador desse esporte, dono do quiosque Brisa Nova, que em 1993, me pediu que eu fizesse um samba para o bloco com o nome do quiosque. A festa de carnaval foi maravilhosa. Ele alugou o carro de som, mas o puxador do samba não veio, então tive que improvisar e fiquei cantando para muitas pessoas que me chamavam de poeta, pois entreguei a eles as cópias das letras com o tema do bloco: O Brisa Nova só respira poesia!
Participamos também do bloco do carnaval do ano anterior, se não me engano em 1992, do nosso amigo Barão. A Glaucia foi fantasiada de baronesa e a festa desse carnaval também foi muito boa. O Augustus ainda não andava, ele tinha três meses, ficando no colo do João e a Tania, Marco, Marilene, Ângela, cocoroca e eu ficamos ajudando na bateria. Frequentávamos também o quiosque do Vitor, onde fazíamos serestas ao som do violão dedilhado por mim. Nas serestas compareciam o Roberval e a esposa Emir, Agenor, às vezes Domingos e esposa, Humberto e esposa etc. Na beira da praia também frequentava o saudoso Senhor Toninho, que era dono de uma empresa de ônibus e toda a vez que ele ia a Muriqui, pedia ao seu segurança Jonas, para me avisar que ele estava me esperando no quiosque Sol de Verão. O que mais me emocionava era quando ele pedia que eu dedilhasse alguma musica e ele declamava versos sobre o seu pai e chorando desabafava através dos versos, todo o seu sentimento escondido no peito. Era de arrepiar. Depois todos ficavam esperando ele abrir uma cerveja como se estivesse brindando ao seu pai, voltava a conversar e a cantar como se nada tivesse acontecido. O Toninho morreu sem concretizar a sua intenção. Ele havia dito que daria de presente a mim e a Tania, pela passagem de nossas bodas de prata uma viagem à Nova Iorque, em um apartamento que era de sua propriedade. Ele gostava muito de nós. Mas Deus o levou. Ele tinha uma Mercedes Benz e em uma viagem, se não me engano a caminho de Brasília, seu carro colidiu com outro veículo e ele e a sua esposa morreram. A casa dele ficava em frente ao quiosque Sol de Verão, que hoje é uma pousada. Toda a despesa no quiosque Sol de Verão que também era frequentada por mim e minha família era paga pelo senhor Toninho. Obviamente quando ele participava das serestas conosco. Ele não admitia que ninguém pagasse a conta e o Alcides, que era o responsável pelo quiosque, atendia a sua solicitação. A Glaucia namorava o Alberto que me ajudava, pois tocava violão também. Ele com letras de músicas contemporâneas e eu com letras de músicas mais antigas. Assim nos revezávamos, e ninguém se cansava.  Nós fazíamos também quase sempre aos fins de semana seresta na nossa residência, onde compareciam o meu irmão Candido, com o seu inseparável violão, o nosso querido Marrom com o seu trompete e vários amigos que gostavam da boa música. No dia 30 de janeiro de 1996 o nosso cocoroca faleceu e a partir daquela data nunca mais fizemos seresta nem em casa e nem à beira da praia. Em 1998 me tornei proprietário em Muriqui. Comprei um imóvel, situado na Rua Minas Gerais, 529. Ele media 15 x 40 metros. Em 2007, comecei a construir casas neste terreno para vender. Em 2010 arrematei um imóvel num leilão da prefeitura em Vila Valqueire, situado na Rua Anália Franco, 258 casa 36. Estou reformando o imóvel para retornar ao Rio de Janeiro e dar continuidade as nossas vidas.




  



Um capricho do destino


Pai, há quatro meses eu me pergunto, o porquê, do senhor sempre me dizer que era um injustiçado. De forma antagônica a música “Caprichos do Destino”, a sua vida pautou em várias situações em que a sorte lhe sorriu. Portanto, Deus, em vários momentos soube compensá-lo na sua grandiosa orientação aos seus filhos, sem discriminação aos seus semelhantes, no comportamento com as pessoas, na vida pública ilibada, sendo o portador de um caráter invejável e inigualável, e que sempre nos transmitiu que para viver bem não era preciso ser desonesto. Enfim, agradecemos ao senhor por tudo que nos ensinou e quis o capricho do destino que nos deixasse, cumprindo a sua missão honrosa, sem máculas perante seus filhos, parentas e amigos. Soube o senhor, também, enfrentar com dignidade os percalços que a vida lhe impôs, sem se desesperar, abraçando para si toda a responsabilidade e hombridade de um grande chefe de família. Portanto, nós consideramos pelo menos eu, que o senhor teve muito mais momentos de felicidade, principalmente junto a sua família e que muitos talvez, tivessem a inveja da sua força de vontade que nunca pensou em desistência, sendo implacável nas suas realizações, enfrentando a vida sem derrotas. Deus lhe deu o direito de viver sim. Apesar de o senhor sentir aparentemente que não tinha felicidade, em nenhum momento acovardou-se com a sua vida cotidiana, trabalhando arduamente para servir aos seus. Infelizmente ficamos órfãos da sua sabedoria. Prá mim, o senhor foi e é um espírito de luz. Um grande iluminado. Como diz o ilustre poeta, seu sobrinho e nosso tio Carlos Magno. “Enxuguemos a tristeza do nosso olhar”. Apesar disso, em nossos “corações cabem tanta dor.” Eu, especialmente, quando me lembro dessas sábias frases, busco força na minha inseparável amiga “saudade”, a qual vincula toda a esperança, caso Deus nos dê essa oportunidade, de nos encontrarmos em outra vida e relembrarmos juntos, com muita galhardia às alegrias e tristezas vividas em nosso imenso planeta Terra.


Dia dos pais


Este é mais um dia de alegrias para uns e consternação para outros. As recordações e saudades, sempre abstratas, caminham juntas. Neste dia do Pai, as homenagens são relevantes aos filhos que ainda os têm. Aos filhos, cujos pais já se foram para o outro plano, também são valiosos com uma importância ainda maior. A de manter a lembrança, a serenidade e, sobretudo, de não se esquecer de viver, porque a maior perda é a que morre dentro de nós enquanto vivos. Por isso, Sr. José dos Santos e Sr. Gerdal Alves Gouveia, como outros Josés e Gerdais desse imenso planeta, enquanto estivermos vivos, vocês sempre estarão em nossos corações não só neste dia em especial, como também em nossos pensamentos que de forma inabalável não se deixará fenecer e jamais esquecer o que foram no seio de suas famílias, razão pela qual sentimos saudades. Muitas saudades! Saudades estas, que sustentamos forças, e nos contentarmos com muito carinho do compartilhamento de suas alegrias e tristezas que as suas vidas de certa forma lhes proporcionaram. Felizes daqueles que possam abraçar efusivamente os seus pais!
Feliz dia dos pais a todos, em particular aos familiares!