segunda-feira, 19 de maio de 2025

O tempo em nossas vidas.

O tempo, silencioso e imparcial, caminha ao nosso lado desde o primeiro sopro de vida. Não faz alarde, não se apressa, mas nunca para. Com ele, vem à experiência, a sabedoria, a compreensão do mundo e, pouco a pouco, o desgaste do corpo que o abriga. Cada linha no rosto é uma história. Cada dor nas articulações é um capítulo vivido. A mente se torna mais lúcida, mais ponderada, enquanto o corpo, outrora ágil, passa a obedecer com mais lentidão. É como se a ocasião, ao nos ensinar a ver a vida com mais clareza, exigisse algo em troca: a juventude, a força, a ilusão da eternidade. Talvez seja esse o equilíbrio, e só podemos entender a vida quando já não temos tanto dela pela frente. A sapiência do tempo não é cruel por maldade, mas por necessidade. Ele não destrói por prazer, mas molda, transforma, prepara. Ele ensina-nos que tudo é impermanente, inclusive nós mesmos. E ainda assim, é nesse contraste entre a sabedoria crescente e a fragilidade do corpo que reside a beleza da existência. Porque saber que somos finitos dá sentido ao agora. E, no fim, é a alma que carrega os vestígios das rugas não como cicatrizes, mas como medalhas de quem viveu mesmo que intensamente.


Nenhum comentário:

Postar um comentário