O
tempo, silencioso e imparcial, caminha ao nosso lado desde o primeiro sopro de
vida. Não faz alarde, não se apressa, mas nunca para. Com ele, vem à
experiência, a sabedoria, a compreensão do mundo e, pouco a pouco, o desgaste
do corpo que o abriga. Cada linha no rosto é uma história. Cada dor nas articulações
é um capítulo vivido. A mente se torna mais lúcida, mais ponderada, enquanto o
corpo, outrora ágil, passa a obedecer com mais lentidão. É como se a ocasião,
ao nos ensinar a ver a vida com mais clareza, exigisse algo em troca: a
juventude, a força, a ilusão da eternidade. Talvez seja esse o equilíbrio, e só
podemos entender a vida quando já não temos tanto dela pela frente. A sapiência
do tempo não é cruel por maldade, mas por necessidade. Ele não destrói por
prazer, mas molda, transforma, prepara. Ele ensina-nos que tudo é impermanente,
inclusive nós mesmos. E ainda assim, é nesse contraste entre a sabedoria
crescente e a fragilidade do corpo que reside a beleza da existência. Porque
saber que somos finitos dá sentido ao agora. E, no fim, é a alma que carrega os
vestígios das rugas não como cicatrizes, mas como medalhas de quem viveu mesmo
que intensamente.
segunda-feira, 19 de maio de 2025
O tempo em nossas vidas.
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