quinta-feira, 1 de maio de 2025

O espelho das ilusões.

Às vezes, a vida nos oferece um espelho em que as imagens são mais sonhos do que realidades. Olhei para essa moldura por muito tempo, esperando que ela me revelasse uma versão perfeita. Com o passar dos dias, percebi que as figuras desse quadro refletiam apenas sombras do que eu queria acreditar, e não as de que realmente sou. Chega-se ao ponto em que preciso pela necessidade de fazer as pazes com a verdade: as ilusões não são amigas da liberdade. Elas nos aprisionam em expectativas que nunca se concretizam, em sonhos que nunca acordam. A amarga verdade é o único caminho que me permite observar essas delimitações. Por mais doloroso que seja, estou me despedindo dessas ilusões. Elas foram parte de mim, talvez até necessárias em certo momento da minha vida. A cada adeus, um espaço é aberto para um pouco mais de real, algo que não se dissolve ao primeiro vento da realidade. Um tanto mais verdadeiro e capaz de me guiar sem enganos. Ao me retirar dessas ilusões, descubro uma força que antes desconhecia, sem máscaras, sem disfarces e livre para seguir a minha trajetória. Até no amor, um delírio inimaginável de devaneios. Durante muito tempo, acreditei que o amor fosse uma espécie de conto de fadas, onde dois corações se encontravam e, ao bater juntos, tudo se resolvia. Eu imaginava que o amor fosse à resposta para todas as minhas dúvidas, a cura para todas as minhas inseguranças. A vida, com seus próprios ensinamentos, me fez entender que o amor é mais complexo do que a ilusão que eu alimentava à ideia de que ele sempre foi fácil, sem conflitos, sem momentos difíceis, na crença de que ele deve ser perfeito e imaculado, sem falhas ou desentendimentos. Creio que estou me acostumando com a expectativa de que o amor sempre será aquela sensação arrebatadora, que nunca se perde, que nunca se transforma.

 

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