Na minha cama fria, os pensamentos são quentes. Chegam antes dos sonhos, se espremem entre o cansaço e o molhado travesseiro, que sussurra seu nome no escuro. A noite inteira é um eco do que já foi. Cada suspiro meu, em vão, tenta alcançar o silêncio que você deixou. Como um grito contido, fecho os olhos, não por querer dormir, mas por não suportar mais acordar nesse vazio. Recrio seu rosto nos tetos, nas paredes, nas dobras do lençol. Você se faz presente em tudo o que me falta. A sua ausência, essa estranha companhia, tem cheiro de lembrança e gosto de tempo perdido. A madrugada é uma tela onde desenho memórias com os dedos da mente. Os seus olhos ainda sabem dos segredos e caminhos, até os meus, mesmo que apenas na ilusão das lembranças. Seu riso se esconde entre os ruídos do meu silêncio noturno. Tudo arde em mim, como se meu corpo sentisse o calor de você, que partiu. O tempo não cicatriza, ele apenas reorganiza a dor em novas formas, mais sutis ou mais densas. Ao amanhecer, mais uma ausência! A luz do sol ativa minhas conturbadas memórias de alguém que partiu sem dizer adeus.
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