segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Sou uma coroa feliz.

Vivi muitos amores infelizes. Aprendi com os erros e saboreei as vitórias da vida. Caminhei por muitas vezes sozinha, em passos e compassos silenciosos, por uma estrada escorregadia, onde as minhas memórias de amores passados se distanciaram com o tempo. Fui uma mulher solitária, mas não temi a solidão. Reconheci que não deveria desistir de um verdadeiro amor. Sou uma coroa enxuta, com cabelos prateados e a pele marcada pelo tempo. Trazia nas minhas rugas a sabedoria dos anos, comprovada de persistências e obstinações. Não busquei mais aquela intensidade efêmera de outros tempos, mas a paz e a profundidade de um amor que compreendesse a quietude da minha alma. Um amor que me tocasse, não apenas com palavras, mas com gestos sinceros, com aquele olhar que percebesse o invisível, que reconhece os silêncios. A verdadeira beleza de se amar é a conexão que vai além do corpo, do prazer carnal. Então, a minha outra metade apareceu, como se o universo soubesse exatamente certo de juntar nossas almas. Uma torrente de arrebatadora paixão, como esse destino raro e valioso em minha vida, fosse um sonho. Ele apercebeu-se das minhas cicatrizes. Abraçou-me como a quietude da natureza, para preencher o meu despovoado coração. Ele não me ama pela juventude de seu corpo, mas pela força, pelo olhar sábio, pela forma de agir com leveza e coragem, as minhas verdadeiras e extremas necessidades em amar. Encontrou em mim uma parceira, alguém com quem compartilha os sossegos, os desafios e os momentos de alegria. É um amor que não se importa com nossos passados, mas que projetamos, construindo juntos os sólidos alicerces que ainda nos faltavam: a verdadeira cumplicidade, independentemente da idade. Porque, afinal, o amor genuíno não tem idade, e a vida, em sua sabedoria, nunca deixa de nos surpreender. Sou uma coroa radiante e plena de maturidade. Renasci e rejuvenesci o meu espírito sobre o amor que vagava ao relento das ilusões.

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