quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Sem obstáculos para 'Heras'.

Uma cerca de tela que escora a hera, uma planta da família das trepadeiras, crescente, vertiginosamente, intransponível, que me é proibida e que nos separa permanentemente. Ergueu-se entre nós, em silêncios e distâncias que não se medem. À noite, meus olhos são faróis à espreita em vigílias de um coração perdido, que ainda bate, mas distante, por onde as fragrâncias do seu cheiro transpassam por ínfimas frestas livres que se perdem na poeira da saudade e na esperança de um suspiro da sua presença. Nessa muralha viva que insiste e persiste dessa separação aprofundada, o verde das folhas de expectações que me envolvem nas alturas não são fronteiras para meus desejos. O amor se torna uma ponte invisível, uma verdade intocável, uma realidade que vai além das circunstâncias físicas e se encontra no coração, onde ninguém pode intervir. Sei também que ela me ama com uma intensidade tamanha, e que as barreiras, quase inalcançáveis, que mesmo expandidas, transcendem os limites do amor. Ela me ensina, também, que o amor, em sua essência mais verdadeira, é uma entrega sem condições, sem limitações, onde o coração é livre para se expandir até onde o desejo e a alma permitirem. Não haverá ‘heras’ compactuadas e compactadas para fraquezas e desistências, ou tentáculos de plantas que liberam suas toxinas a um ideal. Assim, ela e eu pensamos que o amor permanece livre de limitações, mais imenso que quaisquer empecilhos.

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