Parece que foi ontem! Os primeiros dez anos de casamento foram um campo de provas: dias difíceis esperanças teimosas e o desejo de acertar. Éramos jovens, cheios de planos e horizontes, acreditando que o amor bastava para sustentar o mundo. Vieram os filhos. Praticamente dois, quase juntos, e, com eles, a pressa de crescer. Entre fraldas e noites curtas, aprendi a linguagem silenciosa do sacrifício, essa arte de abrir mão de si para ver os outros florescerem. Com o tempo, os laços se transformaram. E quando a poeira da juventude assentou, pude ver melhor a mulher ao meu lado: guerreira, paciente, incansável. Ela lutou sem escudos, mas com o coração aberto, e venceu, juntamente comigo. Quis aliviar-lhe o fardo. Contratei ajudantes, mãos generosas que dividiram as tarefas do lar. Residíamos em uma casa confortável, onde a felicidade parecia morar entre as risadas das crianças e o cheiro do café ao entardecer. Hoje, ao revisitar essas memórias, percebo que nenhum esforço foi em vão. A mulher é o alicerce invisível de uma casa, o sopro que mantém acesa a chama da família. Aprendi que viver em harmonia é aceitar o sol e a sombra, a alegria e o erro. Porque o amor verdadeiro não é feito de perfeição. É tecido de paciência, coragem e perdão. E é nesse tecido que a vida, enfim, se sustenta.
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