Um leve toque nos espinhos da minha roseira me fez despertar. Olhei para o alto e você, imponente, deixou escapar uma gotícula do sereno galho em meus olhos. O líquido morno escorreu pela minha face, trazendo consigo o perfume da manhã e o sabor leve da terra úmida. Não era apenas água, mas um elixir de umidade e vida, um lembrete sutil de que, mesmo na aparente quietude do jardim, tudo está em movimento e conectado. O leve ferimento do espinho cicatrizou na mesma hora com o bálsamo inesperado, e a partir daí, cada rosa pareceu me olhar com outra luz, com um segredo compartilhado. Fechei as pálpebras por um instante, absorvendo a sensação de prazer. Quando as abri novamente, o sol já se insinuava por entre as folhas, pintando o orvalho restante com cores cintilantes. O jardim inteiro pareceu despertar comigo. O canto dos pássaros, antes distante, tornou-se mais nítido e alegre, e o zumbido das abelhas iniciou sua dança matinal. Aquela gotícula solitária havia sido o gesto esperado que me reunia ao ritmo suave e eterno da natureza. O meu sangue rubro transfundiu-se à seiva e à beleza encantada em flor.
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