segunda-feira, 11 de novembro de 2024

O espelho e o meu tempo.

Olho para minha face desgastada pelo tempo, em frente ao velho espelho, uma reflexão profunda, mas não enganosa pelas marcas acentuadas e maltratadas da pele. Vejo que o meu limite passou. Distante, também, os meus cabelos, que se foi para sempre. Enfim, a calvície chegou e devastou a minha cabeça. Meus ombros caídos, uma imagem de cansaço desmedido, pelo peso, como um fardo invisível. Assim, trilho o meu caminho nas escolhas dos momentos vividos. Deste modo, caminho, como uma dança entre a ação e a aceitação que esse prazo traz, apesar das cicatrizes. A moldura mostra-me as formas inesperadas não só em rugas, mas nas memórias que surgem nos sentimentos que me definem. O meu desgaste físico acelera ainda mais, esse momento. Esse confronto permanente, com intervalo de horas da minha vida, mexe sempre, com o meu emocional. Eu aceito o meu corpo envelhecido em transformação. Como um contador, o tempo, o juiz parcial que retrata o meu rosto, em decadência, eu me pergunto! Onde estão a minha juventude e sabedoria? Sei onde estão! Escondidas nos escombros do espelho. São fragmentos que o tempo da minha vida me levou. Vestígios irreparáveis da minha identidade.

 

 

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