quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Coração sem degelo.

O frio do coração é um gelo que não derrete com a chegada da primavera. É uma sensação que se espalha lentamente, como a neve que cobre à terra, implacável e silenciosa. Quando o calor da vida parece distante, o coração sente a falta, não de uma estação, mas de uma chama que um dia existiu e agora se apagou. Em momentos de solidão, esse frio se torna uma companhia constante. Ele se instala sem pedir permissão, envolta em camadas invisíveis de dor e desilusão. Cada batida parece mais distante, como se o próprio ritmo da vida estivesse sendo abafado por uma espessa camada de gelo. O frio do coração é uma sombra que se estende por paisagens interiores, onde a luz parece não alcançar. É uma sensação que não se limita ao corpo, mas se infiltra na alma, tornando cada pensamento um lembrete de que o calor que um dia existiu se dissipou. A dor do vazio é um eco que ressoa nas paredes frias, um lamento que o vento não pode apagar. Às vezes, o frio é uma proteção, uma maneira de evitar o sofrimento ainda maior que vem com a abertura para o mundo exterior. Outras vezes, é um sinal de que algo precioso foi perdido e que a recuperação parece uma jornada interminável. Mesmo no frio mais intenso, há uma faísca, uma esperança de que, um dia, o sol possa brilhar novamente e que a vida possa voltar a aquecer os espaços que agora estão gelados. O frio do coração pode ser profundo e persistente, mas ele também pode ser uma oportunidade para refletir, para buscar o calor em outros lugares e, eventualmente, encontrar uma nova forma de alegria. Pois, mesmo no inverno mais rigoroso, a promessa da primavera sempre existe, esperando para derreter o gelo e trazer de volta o calor da vida, em verões de aquecimentos. Nisso, o coração agradece.

 

 

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