domingo, 4 de agosto de 2024

As migalhas de amor.

Às vezes, no silêncio das horas vazias, eu me pego juntando as migalhas do amor que um dia eu fui capaz de experimentar. São pequenos pedaços, fragmentos de um tempo que parece tão distante agora. Cada pedaço é um lembrete de que um dia eu fui intenso ao meu grande amor e agora se tornou disperso e esparso, como se o amor tivesse se desintegrado em partículas aos ventos. Lembro-me das tardes ensolaradas em que as risadas se misturavam ao aroma de um chá de cidreira, e o mundo parecia girar em torno de um único ponto de luz. Assim, como os fragmentos que caem da mesa e se perdem no chão, essas memórias são agora como vagas do mar, pedaços de um todo que já não existe. Recolho essas migalhas com um cuidado quase reverente, como se cada uma delas contivesse um segredo sobre o que fomos. Há uma melancolia na tarefa, uma sensação de que, embora o nosso amor resoluto, com as pequenas evidências em minha mente, ainda permanentes, em minha vida. São estas migalhas que me lembram do calor das manhãs convividas, do aconchego das mãos entrelaçadas, com juras eternas, sob o céu em puro êxtase, e das promessas sussurradas sob a luz da lua. Por mais que eu tente juntar todas essas partes, elas nunca mais formarão o mesmo amor que conheci. O tempo e a distância pode desfazer o que era completo e sólido, transformando-o em algo desmembrado e incerto. No entanto, há uma beleza triste naquilo que restam nas migalhas que ainda carregam o eco de um sentimento profundo. Talvez, um dia, eu possa aprender a viver com essas migalhas como um lembrete de que o amor, mesmo quando se vai, deixa marca profunda, essas, mesmo que seja apenas um traço, um resíduo do que foi uma vez a alegria do meu interior. Não estou sozinho. Ainda sonho com as migalhas desse amor sob meus lençóis, na esperança de revê-la, com desejos inimagináveis, impulsionados por um coração em agonia que descompassa os meus dias, demonstrando toda a minha ternura e capacidade da reconquista espaços que eu gostaria desesperadamente em preencher essas memórias distantes as nossas promessas e sonhos.

 

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