sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Marangá, sonho e a realidade.


Tudo calmo aqui na Marangá, a minha querida Rua da Praça Seca, em Jacarepaguá. Não ouvi tiros, crianças berrando, barulhos de motos, algazarras no morro e pasmem nenhum radio ligado. Estou sentindo-me um estanho na minha residência. Isso é um fato anormal. Essa tranquilidade tem hora para acabar. Ao invés de encomendar uma pizza, eu mesmo resolvi compra-la. Fui e voltei sem ser abordado pelo amigo do alheio. Parei uns dez minutos no portão do conjunto habitacional, e conversei com alguns colegas da época escolar. Eles abismados com seus celulares à mostra faziam gestos de alegria. Um deles, o Tabajara, chegou a dar duas cambalhotas de um lado da rua a outra. Com a alegria estampada em nossos rostos comentamos nossas brincadeiras de criança. Subi rapidamente para comer a minha pizza, já ouvindo a cobrança de minha esposa Tania, reclamando da minha demora. Pedi desculpas pelo atraso, comi rapidamente um pedaço suculento da portuguesa, sem tomar quaisquer líquidos e com a boca suja de gordura peguei um guardanapo saindo serelepe para continuarmos as nossas conversas na entrada da portaria condominial. Nisso, vimos um carro com giroscópio, aproximando-se rapidamente sobre nós. Eram os “homes”. Eles mandaram todos nós levantarmos os braços e encostar as mãos no muro do condomínio. Depois de revistados, seguimos acompanhados pelos agentes da lei até nossos apartamentos, para verificarem com a central de polícia as carteiras de identidades, visto estarmos sem a posse dos documentos de identificação, a fim de verificarem se nós tínhamos algum problema com a justiça. Sentimo-nos feridos em nossos orgulhos. Depois que a viatura foi embora, uma fúria apoderou-se do meu corpo e dei um murro para o ar. Ouvi uma voz feminina gritar: - Ai! Você me machucou! Ali percebi que estava sonhando. Acabei acordando a minha esposa com aquele soco, pedi desculpas pelo ocorrido e percebi que tudo fora um sonho. Na realidade acordei com fome, tiroteios, incursão do BOPE, helicópteros e algazarras de crianças, coisas habituais aqui na comunidade, mas foram minutos de extrema alegria que passei repousando aqui na famosa Marangá.

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