quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Ladrão de sonhos

Quando a noite chega, silêncio se faz,
E o mundo real, enfim, tem sua paz.
Eu fecho os olhos, me entrego ao cansaço. Mas sinto que invade um outro espaço. Não sei de quem roubo a tranquila noite. Mas pressinto que em mim a vida do outro flui. O sono que me embala, leve e sereno, é a vigília de alguém, triste e pequeno. Em meus sonhos, visões que não me pertencem. De vidas estranhas que me parecem. Lágrimas que não chorei, sorrisos alheios. Ecos de um desejo que não é dos meus anseios. Será que meu peso é demais para um só? Será que a vida, me cobra um preço maior? Será que a minha paz rouba a serenidade de alguém distante, num ciclo invisível, cruel e constante? E ao acordar, o alívio se mistura à dor e resignação. De saber que vivi a fantasia de outro ser. Que a minha noite foi a insônia de alguém. E a cada amanhecer me pergunto
: de quem? Sabedor que à noite, roubarei outra vez.

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