Há 55 anos Tania e eu, começamos a
nos relacionar. Morávamos na Rua Cândido Benício, 2080, uma vila festeira e animada,
ela residia na casa dez e eu na casa quatro. Lembro-me daquele dia. Fizemos uma
festa, como de praxe, para comemorarmos o santo que detém as chaves do céu. Acordamos
cedo, tomamos café, e coube aos homens à tarefa de apanhar bambus, ornamentar a
vila com adereços, preparar as bebidas quentes, etc. Todos participaram
ativamente, cooperando para o melhor desempenho da festa. Arrependo-me de não ter
tirado fotos daquele dia. Eu tinha uma máquina fotográfica e na empolgação para
namorá-la, julguei que era irrelevante naquele momento, releguei essa
alternativa em segundo plano. A alguns meses antes, do meu pedido, nos
reuníamos no portão e nós brincávamos e cantávamos como também, conversávamos
sobre vários assuntos da época. A bossa-nova e jovem guarda estava em voga.
Tínhamos também, colegas que residiam na Pedro Teles, e normalmente aos fins de
semana, explorávamos as nossas gargantas, à exaustão. Nessas brincadeiras, os
homens ficavam literalmente nas entre linha, com os olhares mais acentuados, às
adolescentes, e alguns dos nossos encontraram as suas caras metades. A Tania
morava em Campo Grande e foi morar na vila antes de mim. Aos fins de semana o
namorado dela, que também residia lá, ia para a Praça Seca, mas ela não queria
mais nada com ele. Então esse namorado ficava conversando com os pais dela, e
às vinte e duas horas em ponto, retirava-se para o seu lugar de origem. Ao
perceber a persistência do rapaz, fazendo semanalmente longa viagem e sem
sucesso, eu tive que intervir e aconselhei-o a terminar o namoro, visto que a
Tania também ficava comigo o tempo todo no portão, deixando-o a bel-prazer na
sala de sua família. De conversa em conversa, começamos a trocar nossas
impressões, reservadamente, um pouco distante do grupo de portão. Eu trabalhava
em uma empresa de produtos farmacêuticos, o meu primeiro emprego. Às vezes,
antes do pedido íamos de mãos dadas á igreja, onde assistíamos à missa oficiada
pelo padre João, que celebrou nosso casamento. Reportando a vinte e nove de
junho, um dia especial, eu excedi um pouco na bebida, temeroso da resposta
negativa e praticamente, quase no final da festa, declarei-me a ela. Já no
domingo, começamos a namorar no portão, até sermos descoberto pela minha
cunhada Sandra, que de pronto, nos entregou ao meu falecido sogro Gerdal, que
era policial e tinha uma rigidez, quanto ao horário e dia para namorarmos. E
assim formamos nossa família, com filhos e netos maravilhosos. Como muita luta
e força de vontade nessa longa trajetória, seguimos em frente, com o nosso lindo
passado e oportuno presente, agradecidos ao onipotente, para expressar aqui, em
poucas palavras o nosso projeto vitorioso de vida, deixando o futuro nas mãos
de Deus. Obrigado Senhor!
quinta-feira, 29 de junho de 2023
Mais de meio século
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