Hoje é mais um dia em que eu me encontro sem paradeiro. Perdi
a essência da vida. Olho para o relógio e o ponteiro das horas passa devagar. Divago
com os meus pensamentos, onde tu estarás amor da minha vida? Arrumei as malas
várias vezes, mas não consigo chegar ao portão. A ansiedade inquieta-me. O meu
corpo exaurido de reflexões já não aceita coordenação. Olho para a despensa e
abro o favorito destilado, envelhecido de madeira de carvalho. Tomei alguns
goles, encostado ao sofá reclinado, e ali mesmo, desmaiei de sono. Sonhei com
ela. Nos dias em que a solidão abafa, é no passado que o refúgio está. Lembro-me
de tudo que houvera entre nós. Os nossos momentos foram eternizados. Sinto saudade
de não tê-la por perto. Do teu sorriso. A tua cumplicidade. Da tua paciência.
De tuas carícias. Enfim, de todas as noites inesquecíveis que vivi a teu lado. O
teu perfume permanece em nossos lençóis. Os teus segredos ainda estão na minha
máquina, mas jamais serão revelados. Nem o tempo, o apaziguador de opiniões,
descobrirá esse vazio que nutre o meu coração. Acredito que um dia, essa distância,
nos unirá ainda mais e que tu abrirás aquele pequeno portão azul, com trinco
enferrujado pelo tempo, e gritarás o meu nome com todas as letras. Creio ainda
no seu grande amor interior. Para mim a espera não será infindável. Como ondas
do mar em calmaria, tu molharás mais uma vez o meu lacerado coração, que
agoniza sem os braços teus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário