quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Volta amor


Hoje é mais um dia em que eu me encontro sem paradeiro. Perdi a essência da vida. Olho para o relógio e o ponteiro das horas passa devagar. Divago com os meus pensamentos, onde tu estarás amor da minha vida? Arrumei as malas várias vezes, mas não consigo chegar ao portão. A ansiedade inquieta-me. O meu corpo exaurido de reflexões já não aceita coordenação. Olho para a despensa e abro o favorito destilado, envelhecido de madeira de carvalho. Tomei alguns goles, encostado ao sofá reclinado, e ali mesmo, desmaiei de sono. Sonhei com ela. Nos dias em que a solidão abafa, é no passado que o refúgio está. Lembro-me de tudo que houvera entre nós. Os nossos momentos foram eternizados. Sinto saudade de não tê-la por perto. Do teu sorriso. A tua cumplicidade. Da tua paciência. De tuas carícias. Enfim, de todas as noites inesquecíveis que vivi a teu lado. O teu perfume permanece em nossos lençóis. Os teus segredos ainda estão na minha máquina, mas jamais serão revelados. Nem o tempo, o apaziguador de opiniões, descobrirá esse vazio que nutre o meu coração. Acredito que um dia, essa distância, nos unirá ainda mais e que tu abrirás aquele pequeno portão azul, com trinco enferrujado pelo tempo, e gritarás o meu nome com todas as letras. Creio ainda no seu grande amor interior. Para mim a espera não será infindável. Como ondas do mar em calmaria, tu molharás mais uma vez o meu lacerado coração, que agoniza sem os braços teus.

 

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