domingo, 13 de abril de 2025

O tempo, no meu tempo.

Para mim, o tempo é o agora que pulsa. É o instante que vive, antes de virar lembrança. Ele se despede ao cair da ação e, silente, transforma tudo em passado. Acordo com a velha filmadora ocular, gravando minha vida em ‘cinemascope’, só o roteiro único da realidade. Nos primeiros raios de sol, sou saudado por meus telespectadores, radiantes, fiéis, que, por gentileza ou encanto, seguem minhas cenas com olhos de afeto. Eles me lisonjeiam. Fazem-me sorrir. Na retina, uma fita magnética gira, marcando instantes de lazer, momentos simples, mas eternos. Sem dublês, sem cortes, enfrento cada quadro com coragem, com a alma aberta, sem efeitos que escondam meus tropeços, sem máscaras que disfarçam meu ser. Sou protagonista. Sou autor, sou um peregrino da esperança. O tempo, este diretor que não me ordena, que não exige pressa, apenas me guia, com passos mansos, sem cobrar ensaios. Abro a janela da sala, onde flores e essências me cercam. E nelas, encontro paz, que me transborda em pequenas felicidades, em suaves realizações. Não me iludo com o tempo. Contorno seus labirintos com resiliência, porque quero sempre vencer obstáculos. Sou fiel à minha história, e as vozes que me julgam de longe são apenas ecos, que se dissipam no vasto silêncio do meu próprio ser. E assim, quando a noite descerra o pano e a película encerra mais um ciclo, encaro o tempo momentaneamente, mas sempre real, e belo enquanto sou eu quem vive cada cena das realidades da vida sem choro, mas com emoção.


quinta-feira, 10 de abril de 2025

O meu bloco de carnaval.

Hoje é um dia especial. Eu quase não dormi. Acordei bem cedo. É o primeiro dia de carnaval. Espero ansiosamente pelo bloco da esperança com as emoções renovadas, onde a alegria me extasia com a passagem da minha amada ‘colombina’, que sempre desfila com graça e exuberância em meus sonhos de prazer e que por instantes iluminará esse meu grande dia de ansiedade e muita gratidão de novamente revê-la. Estou fantasiado de ‘arlequim’, com cores e brilhos, aquele que procura sua amada em palcos de teatros, mas introspectivo e honesto, como ‘pierrô’, apesar de guardar um sentimento puro e profundo, declarado em cartas que nunca foram entregues por sofrer várias desilusões amorosas. Embora eu esteja convicto dessa atração de paixão ardente, por onde a distância se interpõe, há um silêncio entre mim e ela. Nessa grande festividade, fez-me refletir sobre os blocos de sujo, em que os mascarados escolhem cuidadosamente o que mostrar e o que esconder. Alguns se vestem de sorrisos para ocultar dores, outros usam arrogância para disfarçar inseguranças. Cada um constrói sua própria ilusão, ajustando a máscara conforme a ocasião. O meu disfarce na fantasia, no teatro da vida, meus sentimentos são eternos, embora incompreendidos.